A megaoperação policial realizada no dia 28 de outubro nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, provocou um dos maiores abalos políticos e comunicacionais de 2025. Com 121 mortos, incluindo quatro policiais, a ação colocou o governador Cláudio Castro no centro do debate sobre segurança pública, polarização e autoridade do Estado. Mais do que um evento policial, a operação transformou-se em um fenômeno de opinião pública e de marketing político.
Segundo recente pesquisa da Quaest, 85% dos fluminenses apoiam o aumento da pena para homicídios cometidos a mando de organizações criminosas e 72% defendem que essas facções sejam enquadradas como terroristas. O levantamento mostra ainda que 64% aprovam a megaoperação, 58% a consideram um sucesso e 73% acreditam que ações semelhantes devem continuar. Esses números revelam o fortalecimento de uma agenda punitiva e o desejo de respostas rápidas diante da violência — uma combinação que, politicamente, favorece líderes que incorporam o discurso da ação e da ordem.
O impacto digital foi imediato. Em apenas 48 horas após a operação, o perfil de Cláudio Castro no Instagram saltou de cerca de 460 mil para mais de 1,1 milhão de seguidores, superando hoje a marca de 1,9 milhão. Foram mais de 2,5 milhões de interações em dois dias, com vídeos de blindados, helicópteros e declarações firmes viralizando em escala nacional. A ascensão digital transformou o governador em um dos políticos mais comentados do país, com alcance superior ao de muitos presidenciáveis.
Esse fenômeno combina três vetores decisivos para 2026: ação visível, aprovação popular e capital digital. A operação reforçou a imagem de um governador de “pulso firme”, enquanto a pesquisa Quaest forneceu base estatística para sustentar esse posicionamento. Já as redes sociais ampliaram a narrativa, convertendo indignação social em apoio político.
A história recente mostra que picos de engajamento podem se transformar em plataformas eleitorais. O desafio, contudo, está na sustentabilidade dessa onda: a opinião pública é volátil e o mesmo eleitor que hoje aplaude pode amanhã cobrar resultados concretos na redução da violência. Ainda assim, a megaoperação colocou a segurança pública no centro do debate e deu a Cláudio Castro uma vitrine inédita.
Com eleições estaduais e federais previstas para 2026, a pauta da segurança tende a ser determinante. Políticos que compreenderem o novo humor social que exige ação, autoridade e resultados terão vantagem. O Rio de Janeiro, mais uma vez, antecipa o roteiro nacional: o voto da próxima eleição pode nascer das ruas, mas será consolidado nas telas.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.