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Economista, presidente-executivo da Ibá, membro do Conselho do Todos Pela Educação, ex-governador do Estado do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)

Novos passos do roteiro jesuítico capixaba

No dia 18 de novembro será inaugurado o Centro de Interpretação São José de Anchieta, construído junto ao Santuário Nacional do "Apóstolo e Padroeiro do Brasil", que também estará todo restaurado

  • Paulo Hartung Economista, presidente-executivo da Ibá, membro do Conselho do Todos Pela Educação, ex-governador do Estado do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)
Publicado em 19/10/2021 às 02h00
 Santuário de São José de Anchieta
Santuário de São José de Anchieta fica localizado em Anchieta, no Sul do Espírito Santo. Crédito: Divulgação

A primeira restauração do Palácio Anchieta, originalmente igreja, residência e colégio jesuíta, realizada entre 2004 e 2009, abriu o caminho para que o Espírito Santo desse os primeiros passos na constituição de um roteiro jesuítico em terras capixabas, revitalizando lugares de memória decisivos para a formação do Estado nos séculos iniciais da conquista portuguesa.

No próximo dia 18 de novembro, um outro significativo movimento será concluído. Após mais de três anos de obras, será inaugurado o Centro de Interpretação São José de Anchieta, construído junto ao Santuário Nacional do "Apóstolo e Padroeiro do Brasil", que também estará todo restaurado.

As obras foram idealizadas e realizadas pelo Instituto Modus Vivendi, com supervisão do Iphan e acompanhamento da Companhia de Jesus. Foram investidos R$ 10,5 milhões, como patrocínio através de lei de incentivo à cultura pela Vale e BNDES.

Além de ganhar a restauração cuidadosa do conjunto arquitetônico de extraordinária relevância histórica, onde viveu e faleceu, em 1597, São José Anchieta, e de conquistar o primeiro centro de interpretação do país - um espaço que lembra um museu, mas que complementa o acervo remanescente com recursos multimídia e textos explicativos etc. -, o Espírito Santo avança definitivamente no processo de revigorar patrimônios que contam parte fundamental de sua trajetória.

Os missionários da Companhia de Jesus foram agentes determinantes e vanguardistas na ocupação colonial, até a sua expulsão dos domínios portugueses, em 1759. Participaram da fundação de cidades como Vitória, São Paulo e Rio de Janeiro. Além da catequização, Anchieta e seus companheiros de Ordem abriram fronteiras da educação, do teatro, da literatura, entre outros.

No Espírito Santo, cuja ocupação foi obstaculizada em função da constituição de uma muralha verde para proteger as minas gerais - até 1797, havia determinação da Coroa que impedia a interiorização da colonização da capitania -, os jesuítas foram o dínamo socioeconômico e cultural nos primeiros séculos da história pós-1535.

As missões e aldeamentos jesuíticos podem ter chegado a 10, ao longo do litoral ao Norte da Grande Vitória até o Sul capixaba. Resistiram ao tempo partes das povoações de São João (Carapina), Reis Magos (Nova Almeida), Nossa Senhora da Conceição (Guarapari) e Nossa Senhora da Assunção (Anchieta).

Além disso, como empreendedores e visionários, os jesuítas comandavam uma máquina produtiva com três grandes fazendas. Em Araçatiba (Viana), Muribeca (Presidente Kennedy) e Itapoca (Serra), produziam desde víveres para consumo cotidiano dos religiosos até artigos e matérias-primas para comércio nacional e exportação.

O próximo passo na constituição do roteiro jesuítico é o restauro e a revitalização do conjunto de Reis Magos, em Nova Almeida, na Serra, já em andamento. Conforme a historiografia, os Jesuítas foram os únicos colonizadores que “vieram para ficar”. Tinham como norte edificar uma obra “que durasse enquanto o mundo durasse”. Quase meio milênio depois, seu legado persiste e se revitaliza em prol da memória capixaba e brasileira. Em prol de um presente mais consciente e de um futuro mais potente e promissor.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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