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É gastroenterologista da Unimed Vitória

Hepatite B, uma doença silenciosa que precisa ser combatida

Doença se desenvolve no fígado muitas vezes de forma silenciosa, mas pode ser prevenida com vacina disponível no SUS e novos avanços vêm sendo incorporados ao tratamento

  • Jakeliny Vieira É gastroenterologista da Unimed Vitória
Publicado em 23/05/2023 às 15h37

Em todo o mundo, a Hepatite B acomete entre 250 e 300 milhões de pessoas, provocando a morte de mais de 600 mil todos os anos. No Brasil, de acordo com a última estimativa feita pelo Ministério da Saúde, cerca de 0,52% da população vivia com infecção crônica pelo vírus HBV em 2017, o que corresponde a aproximadamente 1,1 milhão de pessoas.

Entre os infectados, uma média de 5% a 10% dos indivíduos tornam-se doentes crônicos. Dentre esses, cerca de 20% a 25%, que apresentam replicação (multiplicação) do vírus, evoluem para a doença hepática avançada. Todos esses números servem para evidenciar que a Hepatite B é um grave problema de saúde pública, que se torna ainda mais ameaçador em função do baixo percentual de diagnósticos.

Outro fato agravante é que essa doença, cujo vírus é transmitido por meio do contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada (como sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno e transmissão materno-fetal), costuma se desenvolver de forma silenciosa. Explico melhor: em indivíduos adultos expostos exclusivamente ao HBV, a cura espontânea ocorre em cerca de 90% dos casos. Mas, quando isso não ocorre, a doença se instala no fígado sem sintomas aparentes, o que pode levar a um quadro crônico.

Nesse estágio, a infecção permanece ativa e pode favorecer o aparecimento de cirrose (formação de cicatriz mais rígida no fígado) ou outras complicações hepáticas, como o câncer do fígado.

Mas é importante falarmos também que essa doença pode tanto ser prevenida quanto tratada. Em relação à prevenção, a vacina contra o vírus está disponível no Sistema Único de Saúde para todas as pessoas não vacinadas. Em crianças, a recomendação é que se façam três doses com intervalo de 0, 30 e 180 dias.

Já o tratamento é feito em pacientes com replicação do vírus e costuma ser longo, muitas vezes com duração indefinida, sempre dependendo do estágio da doença e das condições de cada um. No entanto a evolução das pesquisas científicas nos leva às notícias animadoras, como a publicação de um novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) e a incorporação pelo SUS do medicamento tenofovir alafenamida, de uso oral, que provoca menos efeitos adversos e favorece os pacientes sob risco ou com doença renal e óssea estabelecida.

A redução dos danos causados pela Hepatite B depende de que todas essas frentes de atuação, desde a prevenção até o tratamento, funcionem. Para isso, o primeiro passo é a informação e a conscientização da sociedade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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