O Espírito Santo experimentou na década de 1990 uma de suas principais transformações na área da segurança pública: a introdução da polícia interativa.
O ano era 1994, e a filosofia consistiu numa profunda transformação da ideologia policial vigente para um contexto voltado à aproximação com as comunidades. Apenas seis anos depois da Constituição Federal, o então capitão Júlio Cézar Costa promove um verdadeiro divisor de águas com o modelo.
Várias gestões subsequentes da PM adotaram o trabalho, baseando muitas de suas ações, projetos e programas focados nessa filosofia, que mais tarde seria conhecida por polícia comunitária.
A criação dos Conselhos Interativos de Segurança Pública, espaços de debates para a construção de políticas públicas de segurança, foi uma das ações adotadas. Os conselhos foram delineados como organizações de terceiro setor, autônomas ao poder público, mas integrados e interconectados aos setores públicos, privados e não governamentais.
No final da década de 1990 cerca de 114 espaços estavam em atuação. Ao longo da década de 2000 foram reduzindo drasticamente chegando a 22 ambientes em 2015.
Diante desse cenário, a PM do Espírito Santo através da Diretoria de Direitos Humanos e Polícia Comunitária (DDHPC) realizou um diagnóstico que foi publicado em 2017, com fartos apontamentos de necessidades. Em 2018, uma diretriz interna definiu a atuação da PM para incentivar a existência desses espaços.
Em outubro de 2019, a DDHPC promove o I Workshop dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (Consegs), no qual uma comissão mista foi formada para promover um estudo de criação da Feconseg, sendo fundada em junho de 2021. O espaço foi criado visando representar os interesses dos Consegs e adotar uma gestão técnica em nível de Espírito Santo.
Para ilustrar a relevância de sua criação, tratativas já evoluíram para a capacitação estruturada pelo Instituto Jones dos Santos Neves tendo como foco os integrantes dos Consegs. A ideia será dotá-los de conhecimentos transversais nas áreas de terceiro setor e ordem pública e ocorrerá de fevereiro a junho de 2022. Muitas outras construções e tratativas são possíveis e necessárias que ocorram.
Os Consegs são espaços legalmente constituídos que podem estabelecer relações jurídicas intentando a construção de projetos sociais locais, visando a prevenção primária. Essa forma de ação pode preencher lacunas que geram crimes como correções de espaços urbanos, apoios em campanhas educativas e a própria educação da sociedade.
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A Feconseg, apesar de uma organização embrionária, certamente deverá ganhar contornos mais sedimentados por meio de apoios graduais e amadurecimento de gestão com foco em boas entregas para a sociedade capixaba. Sua fundação uniu as pontas da década de 90 aos tempos atuais e deve ocupar nos próximos anos lugar de destaque no cenário da participação popular na construção de soluções locais de segurança pública.
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