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É médica psiquiatra

Cultura e lazer aumentam bem-estar e melhoram a saúde mental

Sabemos que o acesso à cultura no Brasil está longe de ser satisfatório. Os grandes centros urbanos concentram a maioria dos cinemas, museus, galerias, teatros, entre outros redutos culturais

  • Maria Benedita Reis É médica psiquiatra
Publicado em 26/01/2024 às 14h35

À medida que iniciamos um novo ano, somos envolvidos por um sentimento renovado de esperança e possibilidades. Este é o momento em que refletimos sobre as experiências passadas e delineamos aspirações futuras.

Entre as metas e planos, é crucial reservar espaço para os cuidados essenciais, principalmente aqueles destinados à saúde mental e ao bem-estar. Em um mundo dinâmico e desafiador, as preocupações com o bem-estar psicológico tornam-se cada vez mais relevantes.

Várias são as discussões sobre o tema e, recentemente, uma pesquisa realizada pela Fundação Itaú em parceria com o Datafolha demonstrou que o acesso à cultura pode ter importância significativa no bem-estar para os brasileiros.

A pesquisa revelou que 54% dos entrevistados veem nas atividades culturais, como cinema, música e museus, uma poderosa ferramenta para a redução do estresse. Além disso, outras formas de lazer, como parques, praia e igreja, são mencionadas por 19% como contribuintes para o alívio do estresse.

A importância das atividades físicas também é destacada, com 17% dos participantes reconhecendo seu papel na promoção do equilíbrio emocional. Entre as atividades culturais, o cinema desponta como o principal programa escolhido por 18%, seguido por shows (15%) e teatro (12%).

Para os idosos, o envolvimento em atividades culturais não é apenas uma questão de lazer, mas uma estratégia valiosa para manter a vitalidade mental e emocional. O acesso à cultura promove a integração social. A socialização é essencial para o bem-estar emocional, pois ajuda a combater a solidão e a depressão. Participar de eventos culturais oferece um espaço para criar novas amizades, compartilhar experiências e fortalecer os laços com a comunidade.

Para muitos idosos, a participação em atividades culturais está ligada à preservação de sua identidade cultural e pessoal. Muitas vezes o processo de envelhecimento contribui negativamente na percepção de si, como se a pessoa que envelhece perdesse seu autoconhecimento.

O envolvimento em eventos, tradições e práticas culturais contribui para uma sensação de pertencimento, conectando-os às suas raízes e promovendo um senso de continuidade ao longo da vida.

Sala de cinema
Sala de cinema. Crédito: Shutterstock

Além disso, o engajamento em atividades culturais desafia a mente dos idosos, estimulando a memória, promovendo a criatividade e mantendo as habilidades cognitivas afiadas. A exposição a diferentes formas de expressão artística pode despertar emoções positivas, contribuindo para o bem-estar emocional.

Sabemos que o acesso à cultura no Brasil está longe de ser satisfatório. Os grandes centros urbanos concentram a maioria dos cinemas, museus, galerias, teatros, entre outros redutos culturais. Políticas públicas e iniciativas privadas que ampliem o acesso à cultura, especialmente nas camadas mais vulneráveis da sociedade, podem representar um passo significativo na construção de uma sociedade mais saudável e equilibrada emocionalmente.

Os centros recreativos, grupos de leitura, bibliotecas locais, eventos comunitários como feiras, festivais, grupos de teatro e dança, oficinas de pintura, cerâmica, cinema ao ar livre e uma gama de atividades podem ser um caminho para promover a cultura que, com sua capacidade única de inspirar, entreter e educar, não apenas enriquece nossas vidas, mas também se revela como um antídoto valioso diante dos desafios contemporâneos de saúde mental.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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