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É médico, mestre em Saúde Populacional. Atuou como consultor da Opas. Tem experiência em Gestão e Planejamento em Saúde, com foco na área de inovação em saúde e na implantação de serviços e projetos de atenção primária, medicina preventiva e telemedicina

Cuidado integral e futuro do ES: foco em saúde, mente e longevidade

A missão do Plano ES 500 anos dedicada ao cuidado integral não é apenas um conjunto de metas: é a reafirmação de que viver mais deve vir acompanhado do conceito de viver melhor

  • Paulo Magno do Bem Filho É médico, mestre em Saúde Populacional. Atuou como consultor da Opas. Tem experiência em Gestão e Planejamento em Saúde, com foco na área de inovação em saúde e na implantação de serviços e projetos de atenção primária, medicina preventiva e telemedicina
Publicado em 22/05/2025 às 10h30

Em 2035, o Espírito Santo completa 500 anos. O Plano ES 500 Anos propõe um pacto de futuro para o desenvolvimento sustentável do Estado. E, dentro desse plano, há uma missão dedicada ao cuidado integral, que melhor traz a aspiração por uma vida mais longa, saudável e digna para todos os capixabas.

O conceito de cuidado integral vai além da oferta de serviços. Trata-se de garantir saúde com acesso adequado, cuidado coordenado, prevenção de doenças e promoção da saúde, além de equidade, em todas as fases da vida. Essa missão articula frentes complementares que devem ser vistas como prioritárias e indissociáveis: Atenção Primária à Saúde (APS), Saúde Mental, Envelhecimento Saudável e Saneamento Básico.

Dentre essas frentes, o fortalecimento da APS é o ponto crucial. A meta de reduzir as internações por condições evitáveis para menos de 20% até 2035 exige um sistema acessível, resolutivo e conectado às reais necessidades das pessoas. Isso significa fortalecer a Estratégia Saúde da Família, expandir o cuidado domiciliar, investir em tecnologias digitais e implantar sistemas integrados que articulem a jornada física e digital do cuidado.

A coordenação ativa e o planejamento individualizado são fundamentais para lidar com doenças crônicas, multimorbidades e riscos sociais. Isso permitirá a médio prazo reduzir mortes evitáveis por condições crônicas mal cuidadas, bem como aumentar a expectativa de vida ajustada a qualidade de vida em nossa da população.

A sociedade já está vivenciando no presente e viverá cada vez mais no futuro, dois grandes desafios: o envelhecimento populacional e o aumento de prevalência de transtornos mentais. Os transtornos mentais, cuja prevalência já ultrapassa 12% da população adulta capixaba, não podem mais ser negligenciados. A pandemia apenas acelerou um fenômeno silencioso: ansiedade, depressão e sofrimento psíquico afetam famílias, produtividade e relações sociais.

O plano propõe ações concretas, por exemplo a expansão da rede de atenção psicossocial, telepsicologia para municípios com baixa cobertura e projetos inovadores em práticas integrativas. A saúde mental precisa sair do invisível e se tornar parte estruturante da atenção integral.

Além disso, o Espírito Santo vive uma transição demográfica acelerada. Temos uma das maiores expectativas de vida após os 60 anos do país. Isso é uma conquista — mas também um grande desafio. O envelhecimento populacional exige políticas públicas orientadas para a funcionalidade, autonomia e qualidade de vida.

O plano propõe iniciativas como a avalição do Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional, a criação de centros de convivência para idosos e a capacitação das equipes da APS em atenção geriátrica, antecipando um cenário que será dominante nas próximas décadas.

Casal de idosos: os desafios da longevidade
Casal de idosos: os desafios da longevidade. Crédito: Unsplash

Por fim, a universalização do acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário segue como um dos pilares da missão com foco em cuidado integral. Não há cuidado integral onde há diarreia, dengue ou hepatite A. Investir em saneamento é investir em equidade e prevenção, além de ser extremante custo efetivo para toda a sociedade.

A missão do Plano ES 500 anos dedicada ao cuidado integral não é apenas um conjunto de metas: é a reafirmação de que viver mais deve vir acompanhado do conceito de viver melhor, em todas as fases da vida e em todas as regiões do Estado. Essa não é uma tarefa apenas de governo, mas um compromisso coletivo de uma sociedade com o seu futuro.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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