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É associado II do Instituto Líderes do Amanhã

Como combater o racismo no futebol com práticas éticas

Insultos verbais e gestos discriminatórios ilustram como nem as maiores estrelas, como Vini Jr.,  estão imunes ao racismo no futebol

  • André Paris É associado II do Instituto Líderes do Amanhã
Publicado em 28/08/2023 às 14h17
Vini Jr marcou dois gols na drande final do Mundial e foi fundamental para o título do Real Madrid
Vini Jr . Crédito: Fifa/Divulgação

O futebol, como um dos esportes mais populares e apaixonantes do mundo, tem o poder de unir pessoas de diferentes origens e culturas. Contudo, e infelizmente, também vem sendo palco para a manifestação de comportamentos racistas e discriminatórios.

Especificamente sobre o racismo, Ayn Rand escreveu: “Como toda forma de determinismo, o racismo invalida o atributo específico que distingue o homem de todas as outras espécies vivas: sua faculdade racional. O racismo nega dois aspectos da vida do homem: razão e escolha, ou inteligência e moralidade, substituindo-os por predestinação química”.

Vinicius Júnior, o melhor jogador brasileiro da atualidade (e talvez um dos melhores do mundo), é alvo de ataques racistas durante toda sua carreira. Esses incidentes, como insultos verbais e gestos discriminatórios, ilustram como nem as maiores estrelas estão imunes ao racismo no futebol. Diante desse cenário, é essencial analisar como práticas éticas podem auxiliar os clubes a enfrentar e erradicar tais comportamentos.

Educação e conscientização: é necessário implementar programas educacionais que abordem o tema do racismo no futebol desde as categorias de base, capacitando jovens jogadores, treinadores e membros da comissão técnica. Essa conscientização pode ajudar a combater preconceitos e estereótipos arraigados, promovendo uma cultura de respeito e igualdade no esporte.

Tolerância zero: as instituições esportivas devem adotar uma política de "tolerância zero" em relação ao racismo. Isso significa que qualquer manifestação discriminatória deve ser prontamente identificada, investigada e punida de maneira adequada.

É necessário que as entidades esportivas assumam a responsabilidade de aplicar sanções rígidas, como multas e suspensões, para mostrar que atos racistas não serão tolerados e que as vítimas serão protegidas. Do mesmo modo, importante que a responsabilização venha de forma célere. Justiça tardia não é justiça.

Apoio institucional: é crucial que as instituições esportivas, como federações, clubes e ligas, ofereçam suporte e proteção aos jogadores que são alvo de racismo. Isso envolve o estabelecimento de canais de denúncia confiáveis e confidenciais. É fundamental que os jogadores se sintam amparados e seguros para denunciar qualquer forma de discriminação racial.

Igualmente, o “tom” dado pelos clubes reflete no comportamento de seus torcedores. Assim, um discurso e ações claras contra a discriminação no futebol tendem a reduzir manifestações extremamente reprováveis como as das quais foi vítima o jogador brasileiro (e tantos outros atletas).

Engajamento da mídia: a mídia desempenha um papel importante na conscientização e na promoção de práticas éticas no futebol. É necessário que os veículos de comunicação informem e sensibilizem o público sobre os casos de racismo, destacando sua gravidade e suas consequências. Além disso, a mídia pode dar voz aos jogadores afetados, permitindo que expressem suas experiências e perspectivas, gerando empatia e solidariedade na sociedade.

Participação dos fãs: os torcedores têm um papel significativo na luta contra o racismo no futebol, e sua participação é crucial para promover práticas éticas. As torcidas organizadas e os fãs individuais têm o poder de influenciar a atmosfera dos jogos e a cultura do futebol. Ainda, é fundamental que os clubes, as próprias torcidas organizadas, incentivem a inclusão e a diversidade, promovendo campanhas educacionais e conscientizando seus torcedores sobre a importância do respeito mútuo.

Liderança dos jogadores: os jogadores de futebol têm uma plataforma poderosa para promover mudanças positivas. Eles podem usar sua influência e visibilidade para se posicionar contra o racismo, tanto dentro como fora dos campos (como Vini Jr. vem fazendo). Os jogadores que são vítimas de racismo podem se tornar exemplos inspiradores ao denunciar os incidentes e lutar por mudanças reais no esporte.

Os casos de racismo enfrentados por jogadores expõem a triste realidade do preconceito racial no futebol. No entanto, é possível promover práticas éticas e combater esses comportamentos discriminatórios. 

O futebol tem o potencial de ser um veículo para a inclusão, a diversidade e a igualdade. Ao adotar práticas éticas e combater o racismo de forma enérgica, o esporte pode se tornar um exemplo positivo para a sociedade como um todo.

Cabe a todas as partes envolvidas - jogadores, clubes, federações, torcedores e mídia - trabalhar em conjunto para criar um ambiente em que o racismo não tenha vez, e onde todos possam desfrutar do futebol e todas as alegrias que ele tem a nos ofertar.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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