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É engenheira civil, diretora da CG Engenharia e da Ademi-ES

Como a construção civil pode estar mais alinhada com o nosso tempo

Do ponto de vista ambiental, o cimento e o aço são os principais emissores de carbono em uma obra. Se quisermos ser uma empresa longeva, temos que pensar em reduzir o consumo de água e energia nos canteiros

  • Flávia Gimenes É engenheira civil, diretora da CG Engenharia e da Ademi-ES
Publicado em 06/06/2023 às 12h35
A construção civil: sempre a bola da vez
Construção civil. Crédito: Freepik

Hoje o setor da construção civil está sob constante pressão para tornar os processos construtivos mais sustentáveis e alinhados às boas práticas de governança, sociedade e meio ambiente. A área que sempre esteve focada em reduzir o consumo de recursos naturais, segurança no trabalho e otimização nos processos, principalmente os manuais, agora tem novos desafios.

É preciso adotar novas práticas para elevar a produtividade no setor e implementar cada vez mais sistemas pré-fabricados, promovidos fora do canteiro de obra. Essa busca por otimização deve partir desde o projeto, passando pela elaboração e busca dos materiais, até a construção no canteiro. Queremos uma construção civil mais alinhada ao nosso tempo.

É aí que entra uma gestão voltada para o ESG – que aponto aqui como uma solução para questões ambientais, sociais e de boa governança. O termo vem do inglês “Environmental, Social and Governance” e estava na pauta no 96º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), recentemente em São Paulo.

É uma forma de avaliar uma empresa que inclui fatores de risco e sucesso, para além de fluxo de caixa e lucro. O objetivo de usar os padrões ESG na construção civil é garantir um negócio resiliente com sucesso previsível e de longo prazo. Hoje, o que torna uma construtora “bem-sucedida” é muito mais do que apenas números em uma planilha.

Do ponto de vista ambiental, o cimento e o aço são os principais emissores de carbono em uma obra. Se quisermos ser uma empresa longeva, temos que pensar em reduzir o consumo de água e energia nos canteiros. Com o uso de materiais pré-fabricados, é possível reduzir o desperdício e a emissão de gases poluentes.

Além disso, a construção em linha de produção permite um melhor controle e gerenciamento de resíduos. Com a utilização de técnicas padronizadas, é possível eliminar erros comuns na construção, garantindo um padrão de qualidade elevado e consistente, evitando desperdício e retrabalho.

No quesito social é necessário contribuir para a segurança, saúde e treinamento adequado dos trabalhadores no canteiro de obras. Com processos de construção padronizados e automatizados, é possível reduzir o risco de acidentes de trabalho. A indústria da construção também enfrenta desafios no recrutamento de mão de obra qualificada e na atração de novos talentos. Precisamos treinar novos profissionais tomando como base os três pilares do ESG.

E no que diz respeito à governança é preciso formar líderes competentes e com responsabilidade social. Só assim teremos negócios mais resilientes e à prova de riscos. Negócios bem administrados, e comandados por indivíduos talentosos e conscientes geram melhores resultados, para si e para a sociedade em geral.

No entanto, é importante destacar que a adoção do ESG na construção civil ainda enfrenta alguns desafios. Um dos principais é a resistência cultural, uma vez que muitas empresas e profissionais ainda têm uma visão tradicional do setor. Logo, precisamos mudar esse paradigma.

Temos hoje uma grande oportunidade de liderar a incorporação das políticas de ESG em nossos modelos de negócios e sabemos que as ações a serem feitas são muitas, mas passos precisam ser dados na busca de um setor mais competitivo e relevante para a sociedade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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