No Espírito Santo, as mulheres rurais respondem por cerca de 14% das propriedades agrícolas, segundo o Censo Agropecuário IBGE/2017, embora representem a metade da população do campo. Já foram mulheres anônimas, invisíveis e tidas como complemento de seus maridos. No entanto, isso começou a mudar lá atrás, em 1956, com a criação da Associação de Crédito e Assistência Rural do Espírito Santo (Acares), inspirada na pioneira Acar/MG, que é de 1948.
Naquela época, cada escritório local dispunha de um Jeep, um profissional e uma Economista Doméstica (ED), sem internet, telefone, computador e estradas asfaltadas. Nas visitas às propriedades, enquanto o técnico dava assistência ao agricultor nas lavouras e criações, a ED orientava as mulheres nos assuntos ligados ao bem-estar da família. Trabalhava-se também no desenvolvimento humano, cultural e profissional dos jovens rurais, nos Clubes-4S, preparando novas lideranças, mais qualificadas.
Portanto, a Extensão Rural no Espírito Santo, nesses quase 65 anos, ajudou a emancipar essas mulheres, culminando com a enorme contribuição delas no enfrentamento da atual pandemia, ajudando a colocar o alimento na mesa dos capixabas, sobretudo nos canais de venda por aplicativos.
O atual governador do Estado, Renato Casagrande, deu novo impulso à essa evolução da mulher ao indicar, pela 1ª vez na história do Espírito Santo, uma mulher como vice, além de prestigiá-la com a designação de coordenadora da Agenda Mulher, englobando todas as políticas públicas para as mulheres capixabas. Essa agenda contempla a integração das ações dos setores públicos e privados; o empreendedorismo feminino nas atividades agrícolas e o apoio político à participação da mulher na organização rural e na militância política partidária, dado que, embora maioria, representam menos de 15 % dos cargos eletivos no Estado.
Soma-se à essa agenda, no âmbito da Secretaria de Agricultura (Seag), o programa Elas no Campo e na Pesca, que busca promover ações mais articuladas, evitar paralelismo e garantir a conquista da autonomia financeira dessas mulheres.
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Vive-se, portanto, um bom momento de valorização do papel do trabalho feminino no Espírito Santo. Deus queira que esse apoio político perdure e que o trabalho sério dessas guerreiras não só consolide, mas amplie esses avanços no curtíssimo prazo.
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