Barra de São Francisco tem potencial para se tornar polo da Região Noroeste do Estado
Barra de São Francisco tem potencial para se tornar polo da Região Noroeste do Estado. Crédito: Hugo Binda/ PMBSF

Agronegócio e rochas ornamentais se destacam no Noroeste do ES

Apesar de o agro ser ponto forte, microrregião Noroeste do Estado tem nas rochas ornamentais grande força na geração de riquezas

Publicado em 24/11/2021 às 02h04

A beleza e a exuberância do mármore e do granito capixabas são conhecidas em todo o mundo. O Espírito Santo é o maior exportador de rochas ornamentais do país e comercializa anualmente quase US$ 1 bilhão. A maior parte desse mineral é extraída da microrregião Noroeste, localidade que também se destaca pelo crescimento do comércio, serviços de educação e saúde e estabelecimentos industriais ligados ao granito.

Composta pelos municípios de Água Doce do NorteÁguia BrancaBarra de São FranciscoEcoporangaMantenópolisNova Venécia e Vila Pavão, a região ocupa 22,61% do território estadual e é lar para 162,2 mil pessoas.

A diretora de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Latussa Laranja, comenta que os municípios da região se caracterizam por serem menos populosos, com uma densidade de 16 habitantes por quilômetro quadrado e com base produtiva na agricultura ou produção extrativa.

“Além disso, são municípios jovens. Quando falamos de indicadores da saúde, temos apenas duas cidades abaixo da média estadual. Mas tanto em saúde quanto em educação, o quadro é favorável”, diz Latussa.

A região também abriga quase 12 mil empresas de todos os portes, de acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES). Se analisados apenas postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados do Novo Caged, do Ministério da Economia, o Noroeste capixaba gera mais de 17,6 mil empregos formais.

O economista e coordenador-geral da Faculdade Pio XII, Marcelo Loyola, destaca que a base econômica dos municípios está concentrada na produção de café conilon, pecuária mista, granito e fruticultura. “Pode-se mencionar, também, a silvicultura, embora ainda incipiente, como fator de potencialidade, assim como há grande perspectivas para o setor de granito, para ampliação das atividades de extração e de processamento”, comenta.

O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), Heldo Siqueira, reforça que, além da vocação para a indústria extrativa e para o agronegócio, a microrregião tem outras potencialidades a serem exploradas.

“Ela é a que tem maior proximidade com o oeste de Minas Gerais e pode se aproveitar disso para polarizar [fazer negócios] algumas de suas cidades próximas”, aponta.

Latussa complementa que o Noroeste se parece muito com o Nordeste, seu vizinho no mapa do Espírito Santo. “Também temos na região a exploração de petróleo em terra (onshore), mas precisamos que essa base econômica seja mais diversificada, incluindo investimentos em setores como o turismo, de baixo impacto ambiental”, comenta.

Além da diversificação de negócios, a diretora do IJSN pontua que a microrregião carece de obras de saneamento para melhorar seus indicadores de coleta de esgoto.

“Não tem nenhum município com mais de 60% do esgoto coletado. O abastecimento de água em via pública também precisa melhorar”, explica. Ela aponta que o uso de tecnologias na agropecuária pode deslanchar no Noroeste. “A região tem espaços planos e com potencial de uso tecnológico, mas necessita de atividades que não agridam o solo, mantendo, assim, a sua qualidade”, pondera.

Na avaliação dos especialistas, o Noroeste precisa encontrar soluções para problemas ambientais. Só com o crescimento sustentável, será possível continuar, gerando emprego e renda para a população.

Marcelo Loyola destaca que há uma necessidade urgente de preservação dos recursos hídricos da localidade, para reduzir os impactos dos períodos de alternância entre muita chuva e seca prolongada.

“Os desafios da microrregião passam por criar alternativas não só econômicas, mas também ambientais, como o reflorestamento. O crescimento da silvicultura pode contribuir significativamente nesse processo. Outros caminhos são diversificar a produção rural com investimentos em novas culturas, fortalecer a capacitação e o desenvolvimento humano em instituições de ensino técnico e superior, incentivando, assim, a inovação nas atividades econômicas locais. Além disso, a região precisa apostar na integração de ações com outros municípios de Minas Gerais”, elenca Loyola.

Diante do problema hídrico, Águia Branca tem se inspirado em outras cidades para garantir água para a população e para o agronegócio, atividade forte no município. O prefeito, Jailson José Quiuqui, assinou acordo com o governo do Estado para construir barraginhas, pequenas bacias escavadas no solo, com função de captar água das enxurradas, controlar erosões e recarregar lençóis freáticos. O benefício é a criação de uma reserva de água.

Águia Branca vai investir na construção de barraginhas
Águia Branca vai investir na construção de barraginhas. Crédito: Prefeitura de Águia Branca /Facebook/Divulgação

Quiuqui visitou cidades do Espírito Santo e de fora do Estado para conhecer a técnica. Um case de sucesso é o de Água Doce do Norte. “Ficamos felizes que deu certo (na cidade) e vamos implantar em Águia Branca”, explica o gestor municipal.

O economista Heldo Siqueira complementa que outro desafio da região é desenvolver um centro econômico que atraia, de alguma maneira, investimentos, permitindo que os recursos econômicos permaneçam ali. “Nesse sentido, a polarização de algumas cidades da região que já têm potencial para atração de investimentos, como Nova Venécia, Barra de São Francisco ou Ecoporanga, é interessante”, aponta.

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