Publicado em 1 de abril de 2024 às 17:52
O Brasil atingiu a marca de mais de dois milhões casos prováveis de dengue registrados neste ano, com 682 mortes em decorrência da doença. Número superior ao registrado em todo o ano passado, quando 1,6 milhão de casos prováveis da doença foram contabilizados.>
À medida que os casos de dengue aumentam, as notificações de infecção de chikungunya e zika também registram crescimento no país. As duas doenças têm como transmissor o mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue.>
Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2024 o país já contabilizou 1.318 casos de zika vírus, 16% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 1.134 casos no mesmo período.>
Nenhuma pessoa morreu neste ano no país devido à doença. Em 2023, foram duas mortes contabilizadas durante todo o ano.>
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O aumento nos casos de zika acende um alerta, já que a doença é a responsável por causar microcefalia em bebês — ocasionando má formação congênita, fazendo com que o cérebro não se desenvolva de maneira adequada.>
De maneira geral, essas crianças apresentaram paralisia cerebral em grau 5, o mais elevado segundo o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa, atraso de cognição, motor e neurológico.>
Entre os anos de 2015 e 2016, o país enfrentou um surto de infecção pelo zika vírus com 265.156 casos registrados, tendo maior concentração de ocorrência na região nordeste.>
O nascimento de 12.716 bebês com suspeita de microcefalia decorrente da infecção pelo vírus fez o país declarar estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN).>
Especialistas ouvidos são unânimes em afirmar que o país está suscetível a um novo surto da doença, caso não se faça o controle do vetor, ou seja, do mosquito Aedes aegypti.>
"O país tem potencial para enfrentar novos surtos, uma vez que existem regiões que têm potencial para uma epidemia porque as pessoas não contraíram a doença no passado, não criando anticorpos, e há muita circulação do mosquito transmissor", diz Edimilson Migowski, infectologista e pediatra diretor do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).>
Ao contrário do que aconteceu no passado, neste ano a maioria dos casos da doença estão concentrados na região sudeste do país, sendo o Espírito Santo o Estado com maior número de registros, com pouco mais de 1,3 mil casos.>
A infecção concentrada no Estado tem duas explicações: a maior circulação do vírus na área devido à falta de anticorpos da população e a intensa circulação de mosquitos transmissores da doença. >
O Estado é o terceiro em número de casos de dengue, o que mostra que há grande circulação do mosquito na área.>
"Se uma pessoa foi infectada em outra região e está em uma área onde há grande quantidade de mosquito, é bem provável que o local enfrentará um surto da doença. Porque quando um mosquito 'saudável' pica esse paciente, ele passa a transmitir o vírus para outras pessoas e vira um efeito cascata", explica Dorival Duarte, infectologista e vice-diretor clínico do Hospital Adventista de São Paulo.>
Ao contrário da dengue, que possui quatro sorotipos diferentes (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) o que possibilita que uma pessoa seja infectada mais de uma vez, a zika possui apenas um sorotipo, o que faz com que uma pessoa que já teve a doença não se infecte novamente.>
Para que haja uma reinfecção por zika é necessário que o vírus passe por uma mutação, o que ainda não foi registrado no país.>
A maior preocupação é com a infecção de gestantes, já que elas podem transmitir o vírus para os fetos durante a gestação, causando diversas anomalias congênitas ao bebê como a microcefalia, alterações do sistema nervoso central e outras complicações neurológicas que, em conjunto, constituem a Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCZ).>
As crianças com SCZ podem ter diversas deficiências intelectuais, físicas e sensoriais irreversíveis.>
"As mulheres grávidas precisam ter um cuidado a mais como usar repelentes que sejam apropriados e autorizados pela Anvisa, usar roupas compridas cobrindo a maior parte do corpo e também colocar telas nas janelas da casa", detalha Álvaro Furtado da Costa, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).>
Com transmissão também pelo mosquito Aedes aegypti, a chikungunya segue a mesma tendência de aumento.>
Neste ano, já foram registrados 97.508 casos, aumento de pouco mais de 65% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 58.586 casos foram registrados no mesmo período.>
Até o momento, no país, 36 pessoas morreram por causa da chikungunya contra 106 em todo o ano de 2023. Minas Gerais tem o maior número de registros, com 62 mil casos.>
A infecção concentrada nessa área também está relacionada à maior circulação do vírus na localidade devido à falta de anticorpos da população local aliado ao alto número de mosquitos circulantes.>
Assim como acontece com a infecção por zika, a pessoa que contrai chikungunya tende a produzir anticorpos contra o vírus, tendo os sintomas de infecção apenas uma vez.>
Apesar de os sintomas da chikungunya serem mais leves quando comparados aos da dengue e a doença causar menos mortes, os especialistas afirmam que algumas sequelas podem se estender por meses.>
"A doença causa dores nas articulações muito intensas e quase incapacitantes ao paciente. Essas dores podem demorar quatro, cinco ou até seis meses para melhorar. Há estudos que comprovam que elas podem se estender até por anos", acrescenta Costa.>
Não há medicamento específico para o tratamento da chikungunya, o que se faz é o tratamento dos sintomas da doença com analgésicos. É necessário que o paciente intensifique a hidratação e o medicamento seja indicado por um profissional.>
Dengue:>
Chikungunya:>
Zika vírus:>
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