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Nova febre, desafio do sal pode causar de desidratação até a morte

Nova febre, desafio do sal pode causar de desidratação até a morte

Médicos alertam sobre os perigos da "brincadeira" feita por crianças e adolescentes que consiste em despejar uma quantidade grande de sal diretamente na boca

Publicado em 9 de março de 2020 às 17:22

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Colher de sal: adolescentes ingerem altas quantidades de sal em novo desafio, pondo saúde em risco. (Shutterstock)

Virar quase um pote de sal na boca. Esse é o novo desafio que virou febre na Internet, levando crianças e adolescentes a sérios riscos. Médicos afirmam que a "brincadeira" pode trazer consequências à saúde, de vômito, tontura, desidratação, até reações mais graves, como aumento da pressão arterial, sobrecarga nos rins, coma e até a morte.

De acordo com a médica nefrologista Fernanda Zobole, quando o corpo recebe uma dose exagerada de sal de repente, o organismo aciona um mecanismo de defesa para tentar eliminar esse excesso. "Os sistemas cardiovascular e renal vão tentar eliminar esse sódio. Para isso, ocorra toda uma reestruturação hormonal para buscar o reequilíbrio. Mas nunca se sabe ao certo como vai ser a resposta. Um organismo pode não conseguir compensar todo esse excesso de sal", explica ela.

Criança fazendo desafio do sal: riscos. (Reprodução/Youtube)

O perigo de uma brincadeira como essa, diz a médica, é que mesmo que o sal seja cuspido, é difícil saber exatamente qual a quantidade ingerida. "Quando a boca fica impregnada de sal, o simples contato com a saliva já faz com que boa parte desse sal seja absorvido rapidamente. Não é possível saber quanto foi ingerido, não tem como medir isso".

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Quando a boca fica impregnada de sal, o simples contato com a saliva já faz com que boa parte desse sal seja absorvido rapidamente. Não é possível saber quanto foi ingerido, não tem como medir isso

Fernanda Zobole
Médica nefrologista
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Excesso

Fernanda lembra que o recomendado em uma dieta normal é a ingestão de 5 gramas de sal por dia, o que equivale a uma colher de chá no máximo. "A média do brasileiro já é maior do que isso. Fica em torno de 7 a 8 gramas por dia. Nem todo mundo sabe que praticamente todos os alimentos têm sal, até a água. Acima de 5 gramas já há risco de uma sobrecarga renal e cardíaca".

A ingestão aguda de sal pode provocar um acúmulo de líquido enorme, aumentando subitamente pressão arterial. "Rim e coração até tentam se reorganizar, mas isso tem um limite, que varia de pessoa para pessoa. Umas podem ter vômitos, tontura. Se for feito repetidas vezes, vira algo crônico, levando a outros problemas, como uma hipertensão aguda, uma sobrecarga renal, sonolência, confusão mental. Em alguns casos, a pessoa pode entrar em coma e até vir a morrer", alerta Fernanda.

O risco é maior, segundo a médica, em pessoas que já têm alguma doença, como em quem é hipertenso ou tem uma malformação cardíaca ou uma doença renal, por exemplo. 

"Tudo isso pode fazer com que o organismo não tenha tempo hábil para buscar um reequilíbrio hormonal necessário. Mas é bom frisar, mais uma vez, que nunca se sabe como cada organismo vai reagir. Pode bastar uma única vez dessa brincadeira para causar uma consequência mais séria. Não se pode brincar com sal. Ele não é um elemento tóxico em si, mas na quantidade errada pode causar problemas", destaca.

Para o cardiologista José Aid Sad, há motivo sim para os pais ficarem de olho nesses desafios. "O maior risco da ingestão de sal em excesso e de forma aguda, em relação à parte cardiovascular, seria um aumento da pressão arterial. Normalmente, crianças e adolescentes têm a pressão bem estabilizada. Isso poderia gerar um pico hipertensivo, com risco de ela fazer um AVC, um derrame cerebral, ter quadros convulsivos, palpitação e até arritmia cardíaca. Se tiver uma doença pré-existente, o risco de complicação nessa brincadeira é ainda maior", observa o especialista.

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O maior risco da ingestão de sal em excesso e de forma aguda, em relação à parte cardiovascular, seria um aumento da pressão arterial. Normalmente, crianças e adolescentes têm a pressão bem estabilizada. Isso poderia gerar um pico hipertensivo, com risco de ela fazer um AVC, um derrame cerebral, ter quadros convulsivos, palpitação e até arritmia cardíaca.

José Aid Sad
Cardiologista
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