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Hortas comunitárias conquistam mais espaço

Hortas comunitárias conquistam mais espaço

Moradores se organizam para plantar e colher os alimentos em hortas coletivas

Publicado em 17 de maio de 2019 às 21:19

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Vanessa Nascimento, Rita Melim e Alda Rocio são guardiãs da horta comunitária localizada em um parque municipal de Vitória: dedicação já rendeu frutos. (Vitor Jubini)

Quando fala da infância, a aposentada Vanessa Gomes Nascimento, 60 anos, logo se lembra da época em que vivia na roça, mexendo na horta da avó. Ainda nova ela se mudou de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado, para morar em um apartamento em Vitória. Só muitos anos depois ela foi reviver esse contato próximo com a terra.

Vanessa é uma das guardiãs da Horta Paraíso, que parece mesmo um pedacinho do paraíso no meio da agitação da cidade grande. “É maravilhoso poder plantar, ver nascer e depois colher o alimento. É outro sabor”, comenta ela.

A Horta Paraíso fica localizada no Parque Municipal Pianista Manolo Cabral, entre os bairros Praia do Canto e Barro Vermelho, e é uma das seis hortas urbanas comunitárias existentes na Capital. É mantida por um grupo de moradores da região, dez guardiões no total, sendo Vanessa um deles.

“Há um revezamento. Todos os dias, duas pessoas ficam encarregadas de regar, tirar as ervas daninhas, de manhã e de tarde. Se alguém falta, a plantinha sente. Todo domingo fazemos um mutirão. Vamos lá podar, adubar, colher, ver o que falta para plantar. E aí, muitos trazem filhos, amigos. Junta muita gente”, explica a aposentada.

A horta é recente, inaugurada há menos de um ano. Mas já rendeu bons frutos, literalmente. “O espaço é pequeno, mas temos uma boa variedade. Em apenas nove meses, já colhemos bastante alface, manjericão, tomate... Já plantamos pimenta dedo de moça, pimenta malagueta, alecrim, peixinho da horta, orégano, sálvia, tomilho. Tudo fresco, orgânico”, cita ela.

Apesar de a horta estar em um espaço público, não é qualquer pessoa que pode colher algo dela, segundo Vanessa. “Só quem é do grupo de guardiões pode. Porque é muito fácil só colher. Mas a gente quer que as pessoas venham e trabalhem na horta. O interesse é que elas venham plantar. Dá trabalho, custa dinheiro. Tem que ter dedicação, responsabilidade.”

Ela lamenta que muita gente não entenda essa proposta. “As pessoas vão lá em tiram o alimento, arrancam o pé do manjericão, a cenoura inteira... Já quebraram um pé de limão. Está tendo muito vandalismo. É ruim isso porque a pessoa de fora não sabe o que pode ser colhido ou não, se está na época. Por isso, tem que estar participando.”

Terapia

Assim, os guardiões foram transformando o terreno, dando vida a ele, e se transformando também. “É algo extremamente terapêutico. E olha que gosto mais da gestão da horta, da organização. Muitos moradores moravam em casa quando crianças e depois foram viver em apartamentos. Agora, vão trabalhar na terra e se sentem renovados”, comenta a aposentada Rita Melim, 58 anos.

Para ela, todos ali colhem muito mais do que legumes, folhas e frutas. “É toda uma consciência ambiental. Aprendemos sobre compostagem. E repassamos adiante. Por exemplo, recebemos visita de alunos de escolas de Vitória”, diz Rita.

Hortas comunitárias são mantidas, como o nome indica, pela própria comunidade. No caso da Horta Paraíso, sementes, adubo, tudo foi adquirido pelos moradores. “Os canteiros foram levantados porque fizemos uma rifa e juntamos dinheiro”, afirma Vanessa.

O poder público tem uma parceria e ajuda em outros aspectos. “Quem cuida da horta é a comunidade. Damos todo um apoio técnico, uma assessoria, fazemos oficinas para produção de hortas e de material para controle de pragas natural, repelente natural, ensinamos a fazer adubo, a produzir mudas, damos dicas de cuidado com a terra, além de receitas caseiras de chá, xarope, salada”, afirma Henriqueta Sacramento, que é médica e referência técnica no projeto Hortas Urbanas Comunitárias, da Prefeitura de Vitória.

Há, atualmente, seis hortas do tipo na cidade. A Paraíso é uma das mais bem sucedidas. Outra que funciona dentro dos moldes fica no Centro de Vitória. A horta Quintal da Cidade fica em um local onde anos antes havia apenas lixo, mato e entulho.

Pedido

Segundo Henriqueta, qualquer cidadão pode solicitar uma horta para sua comunidade. Basta protocolar o pedido na prefeitura e aguarda o contato da equipe do projeto, que vai até o local fazer uma avaliação para ver se é viável.

Os benefícios são diversos: “Além de todo um aspecto ambiental, de sustentabilidade, da alimentação saudável, sabemos que a horta comunitária melhora o humor das pessoas, aproxima, gera convivência, amizade”, destaca a médica.

ENTENDA MAIS

O que são? São hortas criadas em espaços públicos e mantidas por um grupo de pessoas da mesma comunidade.

Como funcionam? Os moradores se tornam guardiões e ficam responsáveis por custos e cuidados. Em Vitória, a prefeitura dá apoio técnico e pode fornecer insumos.

Benefícios

- Estimulam a alimentação saudável, com produtos frescos e livres de agrotóxico;

- Trabalham a consciência ambiental;

- Estimulam o contato com a natureza, melhorando o humor, reduzindo a depressão e a fobia.

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Como solicitar? Envie um e-mail para [email protected] ou protocole o pedido na Prefeitura de Vitória

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