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BBB20: 'quarto branco' pode levar participantes à loucura, diz psicóloga

BBB20: "quarto branco" pode levar participantes à loucura, diz psicóloga

Psicólogas avaliam consequências desse desafio, anunciado para esta edição, para a  saúde mental dos competidores, que podem desenvolver de fobias irreversíveis a problemas psíquicos mais graves

Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 19:07

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O quarto branco já foi usado em edições anteriores do Big Brother Brasil, como na edição 9. (Reprodução)

A já anunciada volta do Quarto Branco ao BBB20 já está dando o que falar. O cômodo totalmente sem cor e quase sem móveis deve ser inaugurado na casa mais famosa do Brasil em breve para testar os limites dos participantes. 

Não se trata de uma novidade. Esse ambiente já foi explorado em edições anteriores, como nos BBBs 9 e 10. Na época, causou bastante polêmica e foi até alvo do Ministério Público do Rio de Janeiro, que interveio para apurar denúncias de que os competidores estavam sendo submetidos a uma verdadeira tortura psicológica. A emissora se defendeu alegando que não havia nada de cruel no desafio, uma vez que era tudo consensual, ou seja, todos ali sabiam das regras e ninguém era obrigado a permanecer no local.

Pois o  famoso "quarto branco" será usado mais uma vez para medir a resistência dos brothers, como garantiu o diretor do programa recentemente, "Vamos fazer um Quarto Branco 2.0! E para pressionar, o teto vai apertar! Em breve!", escreveu Boninho em seu Instagram. Alguns internautas, principalmente os que querem ver a casa "pegar fogo", adoraram a ideia! Outros, porém, não acharam a menor graça na brincadeira, pelo fato de ela poder deixar marcos profundas na pessoa, mexendo com aspectos psicológicos dela e levando-a à loucura.

Riscos

Para a psicóloga e psicanalista Cristiane Palma, a preocupação faz sentido. Segundo ela, apesar de o BBB ser considerado por muitos um grande laboratório do comportamento humano, fazer esse tipo de experimento é extremamente arriscado. 

"O programa assina contrato com os participantes, cria jogos de humilhação, em que eles ficam horas molhados, passam noites em claro... Tudo isso dá para acompanhar, reverter um possível dano. Mas o que me preocupa é que colocar a pessoa num quarto branco pode causar problemas na estrutura psíquica dela, como fobias irreversíveis ou psicoses", alerta.

A psicóloga lembra que o "Quarto branco" já foi utilizado como instrumento de tortura psicológica no passado. "Já foi um método usado por nazistas e outras ditaduras, como na Venezuela. É um método estudado e pode atingir a estrutura psíquica da pessoa. Não é algo banal, inofensivo. Esse tipo de experimentação não se faz com um ser humano sabendo dos resultados que temos na história da humanidade. Qualquer ser humano que passe por isso vai ter consequências graves! Se pode alterar a estrutura psíquica, não dá para brincar! Simples assim", afirma ela.

Ao ser isolada em um ambiente totalmente claro, pintado de branco, diz Cristiane, a pessoa perde a noção do tempo. "Ela não sabe o que se passa, tem seu relógio biológico afetado, perde referências. Isso traz consequências. Há pessoas que ficam deprimidas em situações assim. Outras podem ser abaladas de tal forma que ficam com um traço psicótico irreversível", pontua.

Situação degradante

Para a psicóloga Maria Carolina Roseiro, independente do "Quarto branco", a dinâmica do reality show em si já expõe o participante a uma situação extrema que pode interferir em seu estado emocional. "São provas, por exemplo, como a que pessoa tem que ficar sentada dentro de um carro por horas. Isso é degradante, por mais que ela tenha se colocado ali por vontade própria, porque ela tem suas necessidades. Todo o programa gira em torno disso. Das pessoas estarem confinadas, de estarem forçadas a conviverem entre si e cumprirem regras e provas que mexem com o emocional mesmo. Algumas têm carga física, mas a maioria é de resistência psicológica", comenta ela.

"Além de as condições serem degradantes, o que agrava a situação é que o interesse do programa é parecer que sejam ainda piores", diz Maria Carolina.

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A psicóloga destaca que o programa dá uma assistência aos confinados, tem uma equipe de médicos e psicólogos para acompanhar os competidores. "Mas não basta que garantam condições adequadas a eles. Explorar imagens ou cenas que passem a ideia de serem torturantes já é um grande problema. Com o Quarto Branco, podem alegar que há um acompanhamento, o que possibilita que as pessoas não sejam levadas a uma situação mais extrema, a um estresse maior do que elas podem aguentar. Mas ainda que se faça esse acompanhamento, tem a exploração, tem esse espetáculo que se cria com uma situação degradante", opina ela.

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