Uma das brincadeiras preferidas de Adriana Perin era sentar em frente ao espelho e começar a contar caso, inventar história. Nem tinha consciência disso, mas estava criando vários personagens ali. Até beijo no espelho eu dava, de batom vermelho, conta. Alguns bons anos depois, uma faculdade de jornalismo e cursos de teatro, a atriz capixaba, que mora no Rio de Janeiro, é um dos nomes mais expoentes dos nossos palcos. Agora ela está com o espetáculo Auto Eus A Ditadura da Aprovação Social, que será apresentado em Vitória nos dias 3 e quatro de agosto, na qual investiga as pluralidades do ser humano e se desconstrói como mulher. A peça é sobre desconstrução. De prisões imaginárias, de amarras. Sabe tudo o que te disseram que te diminuiu, te limitou, que te fez se amar menos? É sobre isso aí. Muitas dessas coisas são ditas por nós mesmos, aliás, acho que a maioria. Auto Eus também fala sobre essa nossa busca insana por ser aprovado, em todos os setores da vida família, trabalho, vida afetiva, sociedade. O que a gente esquece é que tá todo mundo tentando ser aprovado. Ou seja, tá todo mundo no mesmo barco, conta ela, dizendo que a peça nasceu no meio de um processo de separação. Sucesso no Rio, ela agora traz a peça para os palcos de sua terra. Sinto que é quase como um fechamento de ciclo. A ideia era levar um tempo maior, mas esse movimento acabou sendo natural. O que é pra ser tem força. Considero que este espetáculo é um desnudamento, é dizer com muita honestidade quem eu sou como artista e como humana. Arrisco dizer que vai ser uma das experiências mais emocionantes nessa caminhada, diz a capixaba que ainda quer fazer muito cinema, teatro, série e muita criação autoral.
Não dou, não vendo e não troco
O anel de prata. Assim que me mudei para o Rio, 12 anos atrás, fui a uma feira com meus pais e eles me deram este anel de presente, como um marco, um desejo de boa sorte. Parece-me ter algo de mágico nele; eu já o perdi uma dezena de vezes, mas ele sempre dá um jeito de retornar para mim.
Presente inesquecível
A obra O Coração Puro, feita pela artista capixaba Adrianna Eu. Ela diz que ele não pode ser vendido, somente doado por afeto, quando alguém desperta nela esse desejo. Adrianna assistiu a Auto Eus uma primeira vez. Na segunda, quando retornou com a filha, trouxe de presente. Agora ele está sempre comigo no altar que monto no camarim.
Herança
O violão da minha irmã Carol quando ela começou a tocar, aos 10 anos. Sempre quis aprender, mas só manifestei essa vontade depois de adulta. Guardei por quase dez anos. Só agora, em 2019, que comecei a aprender a tocar.
De cabeceira
O Quarto Caminho é um livro bem raro, e a maneira como chegou até mim foi um tanto curiosa. Antes de começar a criação da peça, meu astrólogo, Emygdio, me recomendou muito este livro. Alguns meses depois, ele faleceu, e só no dia seguinte à sua morte consegui comprar. O livro falava sobre os Eus que nos compõem. Comprei sem saber de nada.
Não sai da minha casa
Esta mandala em forma de quadro foi pintada por uma amiga, a Uva Isabel. Ele já estava praticamente vendido quando cheguei à casa dela e o vi; de cara senti uma conexão profunda com ele. Aí minha amiga entendeu o motivo: disse que sentiu minha energia o tempo inteiro enquanto o pintava.
Lembrança do sertão
Há sete anos faço parte de um projeto chamado Cinema no Interior, em que percorremos cidades do sertão nordestino. Sou apaixonada pelo sertão, sinto como se tivesse raízes ancestrais lá. A escultura de madeira é do poeta Patativa do Assaré. Trouxe-a do Centro de Cultura Mestre Noza, em Juazeiro do Norte.
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