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Iniciativas do ES levam olhar de inovação para o audiovisual

Iniciativas do ES levam olhar de inovação para o audiovisual

Imersão, oficinas e formação em roteiro e direção buscam engajar jovens de periferia e renovar formatos e linguagens

Publicado em 9 de outubro de 2023 às 17:11

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Festival Movimento Cidade
Festival Movimento Cidade. (Reprodução/Instagram)
Isabelle Oliveira
[email protected]
Laísa Menezes
[email protected]

O futuro é movido por pessoas que se dispõem a inovar no agora. E quando falamos do audiovisual, ter criatividade é uma habilidade essencial. Por isso, empreendedores do audiovisual capixaba têm investido cada vez mais no potencial das comunidades com um viés de inovação, em busca da associação entre arte e desenvolvimento social.

No Estado não faltam exemplos. Um deles vem do Movimento Cidade – que um dia já se chamou MovCidade. Criada em 2018, a iniciativa realiza produções e exibições de cinema por meio de manifestações artísticas locais. Em sua última edição em formato de festival, em agosto, o Movimento Cidade reuniu cerca de 5 mil pessoas por dia no Teatro Carmélia, em Vitória, misturando uma programação de shows locais, nacionais e mostras de audiovisual genuinamente capixabas.

“Eu vejo o cenário audiovisual do Espírito Santo em crescimento, mas com muita necessidade de espaços de difusão dos conteúdos que a gente produz. A importância de se inovar é realmente poder realizar algo que seja uma lacuna no mercado”, pontua o idealizador e diretor do festival, Léo Alves. Ele acrescenta que a equipe busca integrar apresentações de dança, exposições e batalhas de rima para promover a cena cultural local.

Atual diretor do Movimento Cidade, Léo Alves
Atual diretor do Movimento Cidade, Léo Alves. (Arquivo pessoal)

Inovação e olhar feminino

No contexto de valorização do protagonismo local, outra realização que vem ganhando espaço é o CineMarias. Criado há apenas dois anos, o projeto oferece uma formação em audiovisual para mulheres que vivem em áreas de vulnerabilidade social no Estado.

Produção de conteúdo audiovisual no CineMarias
Produção de conteúdo audiovisual no CineMarias. (CineMarias)

Através da iniciativa, identidades femininas têm a oportunidade de estudar cinema, e ao mesmo tempo, falarem de seus corpos como territórios. A inovação vem no sentido de buscar, em cada oficina realizada com as participantes, novas formas de aplicar a técnica a olhares e formatos que de fato dialoguem com o público, conforme explica a cineasta e jornalista Luana Laux, à frente do CineMarias.

“A inspiração é trazer narrativas que não são vistas nas telas, e o Espírito Santo está cheio de narrativas que precisam ser compartilhadas. A gente sofre um processo de invisibilização muito forte”, ressalta Luana.

Idealizadora do CineMarias, também cineasta e jornalista, Luana Laux
Idealizadora do CineMarias, também cineasta e jornalista, Luana Laux. (Arquivo pessoal)

Em 2022 e 2023 os laboratórios de audiovisual aconteceram no Fonte Hub, da Rede Gazeta. Foram 108 horas de aulas práticas, que resultaram na criação de 4 curtas-metragens totalmente realizados por mulheres. Uma delas é Maytê Hensso, que fez parte da segunda edição do projeto, em 2022. Ela é a primeira mulher trans a dirigir e coreografar uma companhia de dança no Estado.

“Quando falam pra gente ‘você vai criar o seu roteiro’, isso é uma forma de inovação, porque não é um cara branco que já está no cenário mundial de construção que vai falar sobre a gente, nós que vamos. É incentivar as pessoas a contarem histórias de seus jeitos”, relata Maytê.

Maytê Hensso participou da segunda edição do CineMarias, em 2022
Maytê Hensso participou da segunda edição do CineMarias, em 2022. (Zanete Dadalto)

“O cinema capixaba já é por si um modelo de produção independente, e através da inovação estamos encontrando outras possibilidades, que é você distribuir o seu produto pela internet, ou pelas webséries”, enfatiza Luana Laux.

Cria das comunidades

Na mesma linha do Movimento Cidade e do CineMarias está o Crias.Lab. O projeto busca promover um novo olhar dos jovens moradores de comunidades periféricas e transformar a visão deles em produto audiovisual, sempre com um olhar de inovação – seja no formato, seja na linguagem.

Exibição de produção audiovisual em evento do Crias Lab
Exibição de produção audiovisual em evento do Crias Lab. (Reprodução/Instagram)

A jornada dos participantes começa com a oferta de cursos especializados em roteiro e criação de projetos, que logo depois são produzidos. O diretor do projeto, Sullivan Silva, explica que para descentralizar a comunicação, as comunidades periféricas participam ativamente do processo de criação.

“O nosso propósito é formar redes de comunicação reunindo a galera que trabalha com comunicação audiovisual, seja na produção de podcast; seja em produção de iniciativa de comunicação; de grupos de coletivos culturais; da economia criativa, para que a gente consiga formar no futuro uma rede colaborativa de comunicação digital”, destaca Sullivan.

Atual diretor do Crias Lab, Sullivan Silva
Atual diretor do Crias Lab, Sullivan Silva. (Arquivo pessoal)

Em outubro, o Crias.Lab inicia mais uma edição dos laboratórios de audiovisual para participantes de 18 a 35 anos. Durante 3 semanas, as turmas terão aulas de roteiro, produção e direção, e a entrega final será uma série focada em personagens e comunidades da Grande Vitória, como parte do movimento “Somos Capixabas”.

ISABELLE OLIVEIRA E LAÍSA MENEZES são alunas do 26º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação e edição do coordenador do programa, Eduardo Fachetti.

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