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Variante britânica do coronavírus é 64% mais letal, indica estudo

Variante britânica do coronavírus é 64% mais letal, indica estudo

O trabalho, revisado por cientistas independentes, comparou grupos equivalentes infectados pela B.117 e por versões anteriores do patógeno

Publicado em 10 de março de 2021 às 14:59- Atualizado há 3 anos

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Funcionários do HPS João Lúcio, retiram corpo de morto por coronavírus de contêiner frigorífico, em Manaus (AM)
Funcionários do HPS João Lúcio, retiram corpo de morto por coronavírus de contêiner frigorífico, em Manaus (AM). (Sandro Pereira/Folhapress)

variante do coronavírus detectada no Reino Unido, B.117, causa doenças mais graves que a versão original e provoca mais mortes, de acordo com estudo publicado nesta quarta (10) no periódico British Medical Journal (BMJ).

O trabalho, que foi revisado por cientistas independentes, foi feito por epidemiologistas das universidades de Exeter e Bristol. Os autores compararam duas amostras equivalentes em idade, sexo, etnia e status socioeconômico, cada uma com 54.906 pacientes.

No grupo infectado com a variante B.117 houve 227 mortes, contra 141 no contaminado pelas versões anteriores do vírus. Os pesquisadores estimaram que a variante é 64% mais letal (com 95% de confiança de que o aumento esteja entre 32% e 104%). O risco de morte passou de 0,25% dos infectados para 0,41%.

O aumento da letalidade foi maior em homens e aumentou com a idade. "Mais dados são necessários para tirar quaisquer conclusões significativas sobre etnia ou status socioeconômico", disse o professor de microbiologia celular da Universidade de Reading, Simon Clarke.

Estudos preliminares feitos pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e pelo Imperial College também haviam indicado um número maior de mortes em infectados pela B.117.

O virologista clínico Julian Tang, da Universidade de Leicester, acha porém que será preciso confirmar os resultados com novas análises no segundo trimestre deste ano, porque, durante o inverno, temperaturas mais frias podem exacerbar comorbidades que predispõem a mortes por Covid-19, como doenças cardíacas, diabetes, doenças pulmonares, renais e neurológicas crônicas.

A pré-existência dessas doenças não foi avaliada no trabalho publicado nesta quarta.

Detectada em setembro do ano passado, a variante britânica já chegou a 94 países --incluindo o Brasil-- e é responsável por 98% dos casos registrados no Reino Unido neste mês, segundo o Cog-UK (consórcio de genômica do país). O estudo publicado nesta quarta avaliou casos que ocorreram entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, quando a B.117 ainda não era predominante.

Os mecanismos que tornam o mutante britânico mais letal ainda são incertos, afirmou o professor Lawrence Young, virologista da Universidade de Warwick, mas podem estar ligados a uma replicação maior do vírus nas células humanas.

O mutante é também mais contagioso --estudos de transmissão sugerem que ele seja cerca de 50% mais infeccioso que variantes anteriores--, mas, até o momento, não há evidências de que eles escapem da proteção estimulada pelas vacinas contra Covid-19.

Uma preocupação, porém, foi a identificação de uma nova linhagem de B.117 com uma mutação adicional, também encontrada nas variantes identificadas na África do Sul (B.1.351) e no Brasil (P.1), que podem ser menos suscetíveis aos imunizantes.

Os novos resultados mostram "a importância de manter o número de casos suprimido", afirmou o pesquisador sênior em saúde global da Universidade de Southampton, Michael Head.

"Quanto mais transmissão, maior a chance de uma nova variante de preocupação emergir, inclusive mutantes que podem ter impacto no sucesso da vacinação."

De acordo com ele, reduzir rapidamente as restrições à circulação "seria uma aposta imprudente": "É preciso seguir com cautela no curto prazo para atingir as melhores perspectivas no longo prazo".

Em confinamento rigoroso desde o começo deste ano, o Reino Unido é também o país europeu mais avançado na vacinação. Quase 23 milhões de residentes já receberam a primeira dose de imunizante e 1,25 milhão já tomou as duas doses.

Número de hospitalizações, internações em UTI e mortes por Covid-19 têm caído desde meados de janeiro, e o governo começou a retomar as atividades com a reabertura das escolas, nesta segunda (8).

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