Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 22:43
O presidente americano Donald Trump afirmou neste domingo (9/2) que anunciará tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para o país. As novas taxas devem ser anunciadas na segunda-feira. >
"Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%", afirmou Trump a repórteres no avião presidencial Air Force One.>
Trump não mencionou nenhum país em sua declaração, mas, se de fato ele anunciar oficialmente essa tarifa, o Brasil poderá ser um dos afetados.>
Depois do petróleo, o ferro e o aço são os principais produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos, representando 14% das exportações brasileiras para os EUA em 2024. O país comandado hoje por Trump é o segundo maior parceiro comercial com o Brasil, atrás somente da China.>
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Outro importante produto brasileiro para os EUA são as aeronaves, que representaram 6,7% das exportações do Brasil para território americano em 2024, com destaque para a Embraer.>
O governo brasileiro ainda não se manifestou, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já disse que manterá uma relação de "reciprocidade" e taxará as importações americanas, caso Trump decida por taxar os produtos brasileiros no país.>
"É muito simples, se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos. Simples", disse Lula no início de fevereiro.>
O aço e o alumínio já estiveram no alvo de Trump em seu primeiro mandato, quando ele impôs tarifas de 25% sobre o primeiro, e 10% sobre o segundo produto. No entanto, acabou concedendo cotas isentas de impostos a vários parceiros comerciais, o Brasil entre eles, além de Canadá e México. >
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A bordo do avião presidencial, Trump também afirmou que vai igualar as tarifas cobradas por outros países aos Estados Unidos, mas não mencionou quais. >
"É muito simples, se eles cobram de nós, nós também cobramos deles", afirmou, em mais uma escalada na guerra comercial estabelecida por ele desde que tomou posse no mês passado. >
Sua intenção de implementar tarifas recíprocas cumpriria uma promessa de campanha eleitoral de cobrar tarifas nas mesmas taxas impostas aos produtos dos EUA.>
Ele também disse que os impostos de importação para veículos permaneceram na mesa após relatos de que ele estava considerando isenções para tarifas universais.>
Trump reclamou repetidamente que as tarifas da União Europeia (UE) sobre importações de carros americanos são muito mais altas do que as taxas dos EUA.>
Na semana passada, Trump disse à BBC que as tarifas sobre produtos da UE poderiam acontecer "muito em breve" - mas sugeriu que um acordo poderia ser "feito" com o Reino Unido.>
O anúncio de Trump ocorre dias depois de ele fechar acordos com o Canadá e o México. Os pactos com os dois países ocorreram para evitar tarifas de 25% que ele havia ameaçado sobre todos os produtos mexicanos e canadenses.>
Em sua rede Truth Social, Trump afirmou que aceitou o adiamento depois que o Canadá se comprometeu a intensificar o combate à entrada de drogas ilegais nos EUA — um dos principais argumentos do americano para impor as tarifas.>
Como contra-partida, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, prometeu gastar 1,3 bilhão de dólares canadenses (cerca de R$ 5,2 bilhões) em segurança na fronteira, nomear um "czar" para supervisionar os esforços para impedir o tráfico de fentanil e "classificar cartéis como grupos terroristas".>
Já em relação ao México, o presidente americano afirmou que teve uma"conversa muito amigável" com a presidente do país, Claudia Sheinbaum, na semana passada. >
A presidente mexicana anunciou o compromisso de reforçar a fronteira com 10 mil soldados da Guarda Nacional mexicana, os quais terão como missão principal de conter o tráfico de drogas, incluindo novamente o fentanil.>
"Tivemos uma boa conversa com o presidente Trump, com muito respeito pela nossa relação e soberania", escreveu Sheinbaum na rede X.>
Já com a China não houve negociação. Depois de passar dias alertando sobre medidas retaliatórias e conclamando Washington a iniciar negociações para "chegar a um meio-termo com a China", o governo chinês anunciou sua contra-ofensiva.>
Os impostos retaliatórios sobre alguns produtos americanos devem entrar em vigor já nesta segunda-feira (10/2), depois que Pequim anunciou o plano, em 4 de fevereiro, minutos após novas taxas dos EUA de 10% sobre todos os produtos chineses entrarem em vigor.>
A partir de 10 de fevereiro, a China cobrará um imposto de fronteira de 15% sobre importações de carvão dos EUA e produtos de gás natural liquefeito. Há também uma tarifa de 10% sobre petróleo bruto americano, máquinas agrícolas e carros de motor grande.>
Na semana passada, as autoridades chinesas lançaram uma investigação anti monopólio sobre o gigante da tecnologia Google, enquanto a PVH, proprietária americana das marcas de grife Calvin Klein e Tommy Hilfiger, foi adicionada à chamada lista de "entidades não confiáveis" de Pequim.>
A China também impôs controles de exportação sobre 25 metais raros, alguns dos quais são componentes-chave para muitos produtos elétricos e equipamentos militares.>
No dia seguinte à entrada em vigor das últimas tarifas dos EUA, Pequim acusou Washington de fazer "alegações falsas e infundadas" sobre seu papel no comércio do opioide sintético fentanil para justificar a medida.>
Em uma queixa apresentada à Organização Mundial do Comércio (OMC), a China disse que os impostos de importação dos EUA eram "discriminatórios e protecionistas" e violavam as regras comerciais.>
Mas especialistas alertaram que é improvável que a China garanta uma decisão a seu favor, já que o painel da OMC que resolve disputas continua incapaz de funcionar.>
Esperava-se que Trump falasse com seu colega chinês Xi Jinping nos últimos dias, mas o presidente dos EUA disse que não tinha pressa em manter conversas.>
Algumas das muitas medidas trazidas por Trump desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro estão sujeitas a alterações.>
Na sexta-feira, ele suspendeu as tarifas sobre pequenos pacotes da China, que, junto com as tarifas adicionais de 10%, entraram em vigor em 4 de fevereiro.>
A suspensão permanecerá em vigor até que "sistemas adequados estejam em vigor para processar e coletar receitas tarifárias de forma completa e rápida".>
*Com reportagem de Peter Hoskins. >
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