Publicado em 3 de setembro de 2020 às 18:03
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, defendeu nesta quinta "o direito do povo da Belarus de escolher seus próprios líderes por meio de uma eleição verdadeiramente livre e justa, sob observação internacional". >
Na quarta, o vice-secretário de Estado, Stephen Biegun, já havia dito que os EUA estavam estudando em conjunto com a União Europeia sanções direcionadas a qualquer pessoa envolvida em abusos de direitos humanos na Belarus.>
Nesta quinta, o Departamento de Estado elevou o tom em mensagem publicada em conta de rede social. "Exigimos o fim imediato da violência e a libertação de todos os que foram injustamente detidos, incluindo o cidadão americano Vitali Shkiliarov", diz Pompeu em vídeo, gravado na véspera.>
Shkiliarov é um jornalista nascido na Belarus e casado com uma americana, que foi preso em 29 de julho pela ditadura de Aleksandr Lukachenko, acusado de "organização de ações que violam a ordem pública".>
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Colunista do jornal Novaya Gazeta e analista político, ele era visto como colaborador do blogueiro Siarhei Tikhanovski, ex-candidato também preso por Lukachenko e substituído na campanha eleitoral por sua mulher, Svetlana Tikhanovskaia, que se tornou a principal candidata de uma frente de oposição na eleição presidencial.>
Já antes da eleição, a Associação de Jornalistas da Belarus registrava pelo menos 15 casos de detenção de repórteres que cobriam campanhas eleitorais.>
A repressão contra jornalistas aumentou depois da eleição de 9 de agosto, considerada fraudada por opositores e por governos internacionais. Mais de 50 repórteres foram presos e torturados durante a repressão inicial da ditadura aos protestos pela renúncia de Lukachenko.>
Vídeos registraram momentos em que equipes de TV, identificadas e credenciadas, eram espancadas por tropas de choque enquanto trabalhavam>
Em agosto, segundo a AJB, houve mais de 150 prisões de jornalistas e dezenas perderam o credenciamento. Uma fotojornalista, Natalia Lubnieuskaia, precisou passar por cirurgia.>
Detenções de repórteres durante a cobertura e bloqueios de sites informativos voltaram a acontecer a partir de 24 de agosto. Jornalistas estrangeiros foram expulsos do país e banidos por cinco anos, e bielorrussos tiveram suas credenciais canceladas.>
Apresentadores de TV que apoiaram as manifestações contra a violência, como Dzmitry Kakhno e Dzianis Dudzinski, também foram presos pela ditadura e condenados a dez dias de detenção por participar de "reuniões não autorizadas".>
Segundo a família e a defesa dos apresentadores, eles foram julgados sem que advogados pudessem estar presentes.>
Sete jornalistas que cobriam manifestações na terça ficaram detidos, apesar de estarem também identificados e credenciados. Um deles foi processado por ter "incentivado os manifestantes e coordenado protestos", e ao menos dois estão detidos há dois dias.>
Na noite desta quinta, manifestantes pediam liberdade para os jornalistas na praça da Independência, no centro de Minsk. Protestos eram realizados também em outros bairros da cidade e em cidades do interior.>
Na Bulgária, a Associação de Jornalistas Europeus também protestou contra a repressão policial que atingiu repórteres na quarta, durante a cobertura de protestos em Sófia, capital do país.>
O ato, o maior desde que começaram as manifestações, há 57 dias, deixou cerca de 80 feridos e 126 presos, segundo o governo.>
Jornalistas fazem parte dos dois grupos, embora, segundo a associação, estivessem a trabalho, identificados e credenciados.>
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