Publicado em 3 de outubro de 2024 às 05:31
Com ventos de até 240 km/h, o furacão Ian provocou inundações e cortes de energia elétrica a 2,5 milhões de habitantes na Flórida, onde chegou ontem após passar por Cuba. >
O fenômeno alcançou o território dos Estados Unidos na categoria 4, preocupando as autoridades locais. >
Segundo o governo americano, até a tarde de hoje, uma morte foi registrada, mas estima-se que novos óbitos poderão ser confirmados. >
Morando em Winter Garden há seis meses, o empresário brasileiro José Luiz Mello, 45, e a família enfrentaram a chegada de um furacão pela primeira vez. >
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A preparação para lidar com os possíveis estragos começou na segunda-feira (26/09), quando os primeiros alertas começaram a ser emitidos pelo governo local.>
"Começamos a nos assustar com as notícias que chegavam e fomos ao supermercado fazer compra de alimentos não perecíveis, enlatados de fácil preparo, água, lanternas e pilhas, antes que tudo esgotasse. Também abastecemos o carro para caso fosse preciso evacuar a cidade", conta.>
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Além dos suprimentos, o empresário conta que fez diversas modificações no imóvel na tentativa de evitar estragos e manter a família em segurança. >
A televisão foi retirada do painel e deixada no chão para não cair com os ventos, os móveis foram arrastados para longe das janelas e a família passou a dormir em colchões colocados no closet e no banheiro - locais onde não há janelas de vidro que pudessem se estilhaçar com a força do vento. >
Uma mala de mão com roupas e documentos também foi preparada para caso ele, a esposa Lidiane Mello, 41, e os dois filhos Isabella e Daniel, tivessem que sair de casa às pressas para um abrigo.>
"É uma situação bastante assustadora. Ainda bem que o furacão perdeu força e chegou aqui como tempestade. Mas mesmo assim, essa tempestade em nada se assemelha às que temos no Brasil. Foi muita chuva e ventos fortíssimos, nossa casa não chegou a ter danos, mas nossos vizinhos relataram que sentiram as janelas e o chão tremerem e algumas alagaram. Ficamos bem assustados", acrescenta José Luiz.>
Desespero também sentido pela dona de casa Thais Martins, 35, que mora na região leste de Orlando. Durante a madrugada, ela e o marido viram a rua alagar, atingindo da casa em que eles moram com os dois filhos. >
Um carro que estava na garagem e outro estacionado na rua ficaram cheios de água. Eles tentaram deixar o imóvel e ir para um abrigo, mas não deu tempo.>
"Ficamos acordados a madrugada toda acompanhando a chegada do furacão. Por volta das 3 horas a chuva começou a ficar intensa e alagar a rua, acordamos as crianças e íamos para um abrigo, mas a água subiu tão rápido que não deu tempo de sair de casa", recorda.>
Com medo, Thais e o marido retiraram os móveis dos cômodos atingidos pela água e passaram a colocá-los no alto para não estragarem. A dona de casa relata que a chuva intensa durou até às 5 horas da manhã.>
"A rua virou uma piscina e não tínhamos o que fazer. Apenas aguardamos o volume de água abaixar para começar a arrumar tudo", diz.>
Já acostumada com os alertas de furacão se aproximando da costa dos Estados Unidos, a jornalista Stephanie Haidar, 27, não correu aos supermercados logo que recebeu o aviso da aproximação do furacão Ian. >
Porém, quando viu que realmente a cidade seria atingida, os estoques de alimentos, papel higiênico e água, por exemplo, estavam vazios.>
"A geladeira que tenho em casa é daquela que sai água na porta, a alternativa foi encher as garrafinhas que tenho aqui com essa água e guardar, porque em caso de falta de energia a geladeira não funciona e eu ficaria sem água", conta.>
Por precaução, a jornalista também deixou a banheira cheia de água e os equipamentos eletrônicos todos carregados para caso o abastecimento de água e energia fossem interrompidos na cidade. >
"Assim como lavar os utensílios da cozinha e eu continuar trabalhando, mesmo offline", acrescenta.>
Ao contrário de Stephanie, a corrida ao supermercado para estocar comida foi a primeira medida que a Taciele Alcolea Martins da Silva, 31, tomou ao saber que o furacão Ian se aproximava da Flórida. Ela e a família estão em viagem de férias em Orlando desde o dia 15 e pretendiam permanecer na cidade até amanhã (30).>
Porém, devido à emergência, os aeroportos foram fechados e o voo dela de retorno ao Brasil foi cancelado. Ela conseguirá deixar os Estados Unidos apenas na próxima semana.>
"Os telefones não funcionavam, não conseguíamos contato com a empresa área e nem remarcar a nossa passagem. Foi bem tumultuado e só conseguimos agendar um novo voo porque a agência que compramos a viagem nos ajudou, se fossemos continuar tentando sozinhos, não tínhamos conseguido e não sei o que iríamos fazer", conta.>
Apesar de continuar na cidade por mais alguns dias, as malas da família já estão prontas. Elas foram arrumadas há dois dias, quando os alertas de emergência começaram a ser emitidos pelo governo e havia a possibilidade de todos precisarem sair do imóvel e deixarem a cidade com urgência. >
"Quando fomos ao supermercado, antes de a tempestade chegar, já não encontramos quase nada. As prateleiras onde ficam salgadinho, pão e esses alimentos que não precisam cozinhar, estavam vazias. Água conseguimos um fardo, porque também já estava acabando e o combustível precisamos andar por alguns postos procurando, porque não tinha mais também", lembra.>
Taciele está hospedada com mais seis familiares, sendo três crianças, em uma casa e não podem sair às ruas por recomendação das autoridades locais. O máximo que conseguem, devido aos fortes ventos, é olhar pela janela e ver a tempestade do lado de fora.>
"Estamos tentando entreter as crianças aqui dentro com jogos e brincadeiras. Mas não é fácil ficar nessa situação de apreensão", diz.>
O furacão Ian perdeu força, sendo rebaixado para tempestade tropical. No entanto, o governo americano não descarta a possibilidade de que ele se intensifique ao se aproximar do Oceano Atlântico. Ele deve afetar os estados da Geórgia e da Carolina do Sul, amanhã (30), segundo as autoridades.>
- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63084136>
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