Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 17:33
O presidente Vladimir Putin disse nesta segunda (13) ao primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que a Otan está ameaçando a Rússia ao expandir suas atividades militares na Ucrânia. >
Os dois líderes falaram por telefone. O russo afirmou que as movimentações de tropas de seu lado da fronteira, vistas pelo Ocidente como o prenúncio de uma invasão do vizinho, são uma reação ao que percebe como uma ameaça.>
"Tudo isso está acontecendo ante um quadro de expansão de atividade militar no território da Ucrânia epla Otan, criando uma ameaça direta à segurança da Rússia", afirmou o Kremlin em um comunicado.>
Já o governo britânico informou que Boris reiterou o "comprometimento do Reino Unido com a soberania e integridade territorial da Ucrânia, e que qualquer ação desestabilizadora terá graves consequências". Uma invasão, disse o líder, seria um erro.>
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O premiê se mostrou "profundamente preocupado" com a concentração de cerca de 100 mil soldados de batalhões de ação rápida em regiões próximas do leste ucraniano, região que desde 2014 é dominada por separatistas pró-Rússia.>
A movimentação de tropas, a segunda do tipo do ano, gerou a acusação pelos Estados Unidos e por seus parceiros na aliança militar ocidental de que Putin pretende estar pronto para invadir a Ucrânia, supostamente em apoio aos rebeldes.>
O Kremlin nega o intento e aponta para o fornecimento de armamento ocidental para os ucranianos, além dos constantes exercícios militares da Otan com forças de Kiev. O temor americano e europeu tem precedentes.>
Há quase oito anos, Putin anexou a Crimeia quando um golpe derrubou o governo pró-Rússia em Kiev. Na sequência, apoiou os separatistas, gerando uma guerra civil ora congelada, mas que já matou mais de 14 mil pessoas.>
Agora, tudo indica que Putin quer dar uma solução ao caso, trazendo o governo de Joe Biden para uma crise que até aqui era centrada na Europa. Os dois presidentes conversaram sobre o tema na semana passada, e o russo irá apresentar um plano de garantias mútuas.>
Putin quer que a Otan se comprometa a não absorver a Ucrânia e outros países que faziam o papel de tampão entre o Ocidente e o território russo nos tempos soviéticos, como a Geórgia. Não por acaso, a Rússia lutou uma breve guerra contra o pequeno país do Cáucaso em 2008.>
O pensamento geopolítico russo tem como premissa a chamada profundidade estratégica, não aceitando forças opositoras tão próximas de suas terras. Além disso, como no caso da aliada Belarus, a Ucrânia é um país com forte ligação cultural e histórica com a Rússia.>
Do lado do Ocidente, a pressão continua. Em reunião de chanceleres europeus em Bruxelas, também nesta segunda, o tom foi de união contra o que chamam de agressão russa contra a Ucrânia.>
Repetindo o que EUA, Otan e o G7 haviam declarado antes, o bloco afirmou que a eventual invasão do país por Putin seria respondida com "consequências políticas e alto custo econômico" para Moscou.>
Também nesta segunda, o grupo militar privado russo Wagner sofreu um pacote de sanções por parte da UE (União Europeia), que foram estendidas também a oito pessoas ligadas a ele.>
O grupo é notório por suas ações na Ucrânia, na Síria e em países africanos. Os mercenários costumam ser usados por Moscou de forma a escamotear a ação do Kremlin e a minimizar o impacto de mortes de soldados regulares.>
Segundo a UE, o Wagner é responsável por abusos de direitos humanos. As medidas são mais simbólicas, pois incluem restrições de viagens e congelamento de bens de pessoas de importância secundária.>
Já há sanções similares contra o homem considerado o chefe oculto do grupo, Ievguêni Prigojin, o "chef de Putin" por ter sido responsável pelos serviços de alimentação do Kremlin. Ele, que é próximo do presidente, nega a ligação.>
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