Publicado em 15 de novembro de 2024 às 19:44
As Luas cheias ocorrem aproximadamente a cada 29 dias, quando o Sol brilha sobre a Lua diretamente de trás da Terra, iluminando toda a sua face.>
A Lua cheia desta sexta-feira (15/11) será a última de uma série de quatro "superluas", quando o satélite natural parece ser até 14% maior e 30% mais brilhante do que o normal.>
As chamadas superluas ocorrem apenas três ou quatro vezes por ano e sempre aparecem de forma consecutiva.>
Elas acontecem quando a Lua cheia coincide com o momento em que a Lua está no ponto mais próximo da Terra em sua órbita - o perigeu.>
>
A Lua não gira numa órbita perfeitamente circular. Ela se afasta e se aproxima um pouco da Terra.>
Quando está mais próxima, pode parecer um pouco mais brilhante e maior no céu noturno.>
Mas sendo uma "super" ou não, a Lua cheia desempenhou um papel importante na formação de culturas e tradições ao redor do mundo. >
Vamos explorar alguns dos mitos, das atividades e dos significados associados a esse fenômeno celeste.>
Os ritmos da Lua – com suas fases regulares de crescimento e diminuição, uma vez por mês – foram usados desde os tempos primitivos para medir o tempo.>
Um exemplo disso é o osso de Ishango, encontrado em 1957 no que hoje é a República Democrática do Congo.>
O osso, provavelmente retirado da tíbia de um babuíno e com mais de 20 mil anos, é considerado uma forma primitiva de calendário.>
Descoberto por um geólogo belga, ele possui marcas distintas – algumas em forma de círculos ou semicírculos. >
O arqueólogo Alexander Marshack, da Universidade de Harvard, sugeriu que essas marcas podem representar as diferentes fases da Lua, indicando que o osso pode ter sido usado como um calendário lunar de seis meses.>
A Lua da Colheita é o nome dado à lua cheia mais próxima do equinócio de outono (no fim de setembro ou início de outubro, no hemisfério norte).>
Nesta época do ano, a Lua nasce logo após o pôr do Sol, permitindo que agricultores colhessem suas plantações até tarde da noite sob a luz da Lua. Hoje em dia, claro, a maioria usa lâmpadas.>
Na China, o Festival do Meio Outono, Zhongqiu Jie (também chamado de Festival da Lua), acontece no dia da Lua da Colheita e é feriado nacional. O festival remonta a 3 mil anos e era celebrado em antecipação a uma colheita abundante.>
De forma semelhante, na Coreia, o festival de Chuseok é um evento de três dias realizado durante a Lua da Colheita. Famílias se reúnem para celebrar a colheita e agradecer aos ancestrais.>
Na cultura hindu, os dias de Lua cheia, chamados Purnima, são marcados por jejuns e orações. >
Kartik Purnima, realizado em novembro – o mês mais sagrado no calendário hindu – celebra a vitória do Senhor Shiva (um dos deuses supremos da religião) sobre o demônio Tripurasura e a primeira encarnação do Senhor Vishnu (deus responsável pela sustentação do universo) como Matsya. >
Os rituais incluem banhos em rios e o acendimento de lâmpadas de barro.>
Budistasacreditam que Buda nasceu sob uma Lua cheia há 2,5 mil anos. Eles também acreditam que ele alcançou a iluminação e faleceu sob a Lua cheia. Esses eventos são marcados pelo Buddha Purnima, que geralmente ocorre em um dia de Lua cheia em abril ou maio.>
No Sri Lanka, a Lua cheia de cada mês é um feriado nacional, chamado Poya, quando a venda de álcool e carne é proibida.>
Em Bali, a Lua cheia é marcada pelo Purnama, quando se acredita que deuses e deusas descem à Terra para abençoar. É uma época de orações, ofertas divinas e plantio de árvores frutíferas.>
Muçulmanossão encorajados a jejuar por três dias em torno da Lua cheia, conhecidos como Dias Brancos ou Al-Ayyam al-Bid. Diz-se que o profeta Maomé jejuava nesses dias para agradecer a Alá (Deus) por iluminar as noites escuras.>
No Cristianismo, a Páscoa é celebrada no primeiro domingo após a primeira Lua cheia que segue o equinócio da primavera (no hemisfério norte).>
No Méxicoe em alguns países da América Latina, há um renascimento da "dança da Lua" indígena, na qual mulheres se reúnem na Lua cheia para dançar e adorar em um festival que dura três dias.>
Desde os tempos antigos na Europa, acreditava-se que a Lua cheia induzia loucura em algumas pessoas. A palavra "lunático" deriva de luna, a palavra latina para Lua.>
A ideia de que a lua cheia desencadeia comportamentos incontroláveis deu origem ao mito dos lobisomens – humanos que se transformam involuntariamente em lobos e aterrorizam comunidades em noites de Lua cheia.>
No século 4 a.C., o historiador grego Heródoto escreveu sobre uma tribo da Cítia (na atual Rússia) chamada Neuri, afirmando que seus membros se transformavam em lobos por vários dias todos os anos.>
Na Europa, várias pessoas foram julgadas por serem lobisomens entre os séculos 15 e 17.>
Um dos casos mais infames foi o de Peter Stubbe, um proprietário de terras na Alemanha em 1589. Caçadores locais alegaram tê-lo visto se transformar de lobo em humano. >
Sob tortura, Peter confessou possuir um cinto mágico que usava para se transformar em lobisomem, permitindo que ele caçasse e comesse pessoas.>
Estudos sugerem que, durante ou perto da Lua cheia, as pessoas demoram mais para adormecer, passam menos tempo em sono profundo, dormem por menos tempo e têm níveis mais baixos de melatonina – hormônio que ajuda no sono.>
Participantes desses estudos relataram noites menos satisfatórias de sono, mesmo quando dormiam em quartos completamente vedados, sem serem incomodados pela luz da Lua cheia.>
Muitos jardineiros plantam sementes e mudas na Lua cheia (como os balineses fazem durante o Purnama), acreditando que isso melhora o solo.>
Quando há Lua cheia, a força gravitacional da Lua puxa de um lado da Terra enquanto a força gravitacional do Sol puxa do outro. Além de causar marés maiores, acredita-se que isso também traz mais umidade à superfície da Terra.>
Animais são mais propensos a morder durante a Lua cheia, segundo um estudo realizado em Bradford, no Reino Unido, em 2000.>
A pesquisa observou que, entre 1997 e 1999, o número de pacientes chegando ao hospital com ferimentos por mordidas de animais aumentou significativamente nos dias ao redor da Lua cheia.>
Nenhuma mordida de lobisomem, entretanto, foi registrada.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta