Publicado em 4 de setembro de 2024 às 06:08
Até onde você iria para perder peso? Reduziria talvez o consumo de açúcar? Ou aceitaria o desafio do aplicativo Couch to 5K? >
Alguns usuários do TikTok estão tão ansiosos para perder peso que adotaram uma medida que pode soar extrema: tomar "água de girino".>
Calma, não é tão ruim quanto parece. A nova moda não envolve, de fato, tomar um copo de larvas de sapo. >
Em vez disso, alguns usuários da rede social estão bebendo uma mistura viscosa de água, suco de limão e sementes de chia. A aparência e a consistência do preparo apenas lembram a prole dos sapos.>
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Os fãs da "água de girino" dizem que ela os ajuda a se sentirem mais saciados, e a perder peso, mas há quem diga que a textura gosmenta dá ânsia de vômito.>
Será, então, que vale a pena tomar esta bebida da moda? Qual é a ciência por trás das alegações na rede social?>
As alegações de que esta água de semente de chia com limão ajuda a dar suporte à perda de peso podem não ser tão absurdas.>
As sementes de chia são ricas em fibras, o que auxilia na digestão, promove uma sensação de saciedade e regula o açúcar no sangue. >
A fibra presente nas sementes de chia é, em grande parte, solúvel, o que forma uma substância gelatinosa no estômago, retardando a digestão e fornecendo um fluxo constante de energia. >
Então, a "água de girino" pode ajudar você a se sentir saciado por mais tempo, o que pode ajudar a reduzir o apetite e a ingestão de calorias de uma forma geral.>
E não para por aí. As sementes de chia também podem ser uma adição benéfica a uma dieta saudável para o coração. Elas são uma das fontes vegetais mais ricas em ácidos graxos ômega-3, que oferecem benefícios para a saúde cardíaca.>
Os ácidos graxos ômega-3 podem ajudar a reduzir os triglicerídeos — um tipo de gordura no sangue que é nossa principal fonte de energia, e é essencial para uma boa saúde, mas pode aumentar o risco de doenças cardíacas em níveis elevados.>
Também há evidências que sugerem que as sementes de chia podem ajudar a baixar a pressão arterial, assim como a reduzir o açúcar no sangue, a inflamação e melhorar os níveis de colesterol.>
Elas também contêm uma quantidade significativa de proteína — o que faz delas uma ótima fonte de proteína vegetal para quem é vegetariano — e são ricas em nutrientes.>
As sementes de chia contêm uma série de vitaminas (tiamina, riboflavina, niacina, ácido fólico e vitaminas A e C), incluindo antioxidantes, que ajudam o corpo a combater radicais livres nocivos, reduzindo o estresse oxidativo — desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes no corpo que leva a danos celulares —, o que pode diminuir o risco de doenças crônicas, como câncer e doenças cardíacas.>
As sementes de chia são mais ricas em alguns minerais, como cálcio, magnésio, potássio e fósforo, do que alguns outros cereais.>
Elas são capazes de absorver até 12 vezes o seu peso em água, então a água da semente de chia com limão ajuda a promover a sensação de saciedade e hidratação.>
Uma hidratação suficiente é essencial para a saúde. Ela está envolvida em praticamente todas as funções do corpo humano, incluindo processos metabólicos, manutenção da temperatura interna do corpo, circulação, lubrificação das articulações, transporte de nutrientes para as células e auxilia na remoção de resíduos.>
A água também contribui para a digestão — decompondo alimentos, absorvendo nutrientes e prevenindo constipação. Pesquisas destacam que a ingestão suficiente de água mantém a microbiota intestinal, e ajuda a dar suporte ao sistema imunológico.>
Adicionar suco de limão à água de semente de chia não só torna a bebida mais palatável, como também pode complementar alguns dos benefícios à saúde dos outros ingredientes.>
O suco de limão é rico em vitamina C, que pode ajudar a fortalecer o sistema imunológico, aumentar a absorção de ferro, auxiliar na digestão e melhorar a saúde da pele. Também pode promover a saúde do coração, ajudando a reduzir a pressão arterial e os níveis de colesterol.>
Mas, antes de entrar na onda da "água do girino" do TikTok, há alguns motivos para ser cauteloso.>
As propriedades gelificantes das sementes de chia podem representar um risco de asfixia. Se consumidas secas, as sementes de chia podem se expandir no esôfago e causar um bloqueio, então sempre deixe as sementes de molho por de 15 a 30 minutos antes do consumo.>
Se você de repente começar a tomar água de semente de chia com limão, e seu intestino não estiver acostumado a uma dieta rica em fibras, você pode descobrir que a bebida causa desconforto digestivo, incluindo constipação, diarreia, inchaço, gases e dor abdominal. >
Pessoas com condições inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn, devem ter cautela com a água de chia com limão: ela pode provocar crises.>
Além disso, ingerir sementes de chia pode causar interações com alguns medicamentos. Por exemplo, consumir sementes de chia pode aumentar a atividade de medicamentos para pressão arterial, o que pode levar à pressão baixa.>
Por fim, embora seja raro, as proteínas presentes nas sementes de chia podem desencadear uma reação alérgica. Os sintomas podem incluir coceira, inchaço, urticária ou até mesmo dificuldade para respirar.>
De uma maneira geral, no entanto, as sementes de chia são uma adição versátil e valiosa a uma dieta saudável, que pode ser facilmente incorporada a uma variedade de pratos, incluindo smoothies, aveia, iogurte e bolos. As sementes podem até ser usadas como um substituto do ovo em receitas veganas.>
No entanto, como em tudo na vida, a moderação é fundamental. Comer sementes de chia em excesso pode levar ao ganho de peso. E não há necessidade de passar pela sensação de tomar uma gosma, se a "água de girino" faz você ter ânsia de vômito. Você pode obter os mesmos benefícios à saúde adicionando sementes de chia a alimentos saudáveis que você já consome — e bebendo água suficiente ao longo do dia para se manter bem hidratado.>
Então, não há necessidade de ingerir "água de girino" de mentira, a menos que você realmente queira.>
*Hazel Flight é líder do programa nutrição e saúde da Universidade Edge Hill, no Reino Unido.>
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).>
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