Publicado em 9 de novembro de 2023 às 19:54
O chanceler de Israel, Eli Cohen, afirmou que o grupo de brasileiros retido na Faixa de Gaza estará na próxima lista de permissões para cruzar a fronteira do território palestino sob ataque de Tel Aviv rumo ao Egito nesta sexta (10).>
Cohen fez a promessa na quarta conversa por telefone sobre o caso com seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira, nesta quinta (9). O contexto era tenso, com os desentendimentos entre a diplomacia dos dois países devido à operação contra um atentando do Hezbollah libanês no Brasil, o contato do embaixador israelense com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as críticas pelo atraso na liberação dos brasileiros.>
Numa conversa na sexta (3), Cohen havia previsto a saída para a quarta (8), mas o prazo foi frustrado pelos fechamentos da fronteira, que é controlada pelo Egito. A interrupção mais recente havia ocorrido na quarta.>
O Egito reabriu a fronteira no posto de Rafah nesta quinta, mas não divulgou uma sétima lista de estrangeiros autorizados a deixar o território, palco de uma operação militar de Tel Aviv desde que o Hamas, o grupo palestino que o governa, lançou um mortífero ataque contra Israel há pouco mais de um mês.>
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O motivo foi o fechamento da fronteira na quarta (8), que gerou a incerteza acerca do fluxo de refugiados nesta quinta. O local, que é controlado pelo Cairo, havia sido interditado antes por dois dias, no sábado (4) e domingo (5) passados.>
A expectativa no Itamaraty já era de que os brasileiros estivessem na lista desta sexta (10), o que não significa necessariamente que conseguirão sair devido às filas em Rafah, caso realmente sejam liberados.>
Diplomatas no Egito se mobilizaram para a eventual liberação do grupo, e o avião da Força Aérea Brasileira que está no Cairo para resgatar os refugiados foi autorizado a ir a Al Arish, aeroporto próximo da fronteira com Gaza. Mas não há ainda definição: para sair, o Egito precisa publicar lista.>
O objeto do fechamento foi o mesmo, mas as razões, diferentes. Na primeira ocasião, o Egito protestava contra o bombardeio de uma ambulância que Israel dizia transportar terroristas escondidos entre feridos para serem evacuados ao Egito.>
Na segunda, ambos os lados concordaram que havia integrantes do Hamas em veículos enviados do norte de Gaza para Rafah. O grupo palestino não comentou o segundo episódio, mas no primeiro afirmou que as ambulâncias carregavam civis, e acusou Israel de matar 15 pessoas no ataque.>
Cerca de 4.100 pessoas já tiveram autorizações nas seis primeiras rodadas de permissões, além de, é claro, os feridos esses terão de voltar a Gaza após tratamento. Não se sabe exatamente quantas saíram.>
Para os brasileiros, 24 do grupo, e os 10 palestinos que querem imigrar, a frustração contudo continua. No Brasil, ganhou tração, em especial à esquerda, a versão de que Israel estaria trabalhando para vetar os brasileiros, em retaliação à conduta do país quando esteve discutindo a guerra à frente do Conselho de Segurança da ONU.>
Ocorre que Israel não está sozinho na elaboração das listas. Ela é de responsabilidade do Egito, em consulta com Tel Aviv, Washington e Doha, mediadores do processo. É fato que o maior aliado dos israelenses, os EUA, foram os mais favorecidos, mas o país tem o maior contingente de cidadãos em Gaza: cerca de 1.200 dos 7.500 elegíveis.>
Além disso, uma adversária de Israel, a Indonésia, estava já na primeira lista. De todo modo, o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, divulgou mensagem na quarta para negar que seu país vete brasileiros.>
Não que ruidos sejam inexistentes. Os governos americano e israelense tomaram nota das declarações de autoridades brasileiras na crise, particularmente o assessor internacional do Planalto, o ex-chanceler Celso Amorim, visto como muito pró-palestinos no conflito.>
Enquanto isso, em Gaza, a insatisfação dos brasileiros segue em alta. O comerciante Hasan Rabee, de São Paulo, publicou um vídeo no Instagram queixando-se de Israel e dizendo que o embaixador Zonshine estava mentindo ao dizer que o país não controlava as listas de permissões. No fim da quinta, contudo, publicou que esperava deixar Gaza até o fim da semana.>
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