Publicado em 31 de julho de 2024 às 14:18
O Irã prometeu vingar pela morte de Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, que foi morto em um ataque aéreo noturno em Teerã, segundo a imprensa iraniana.>
O Hamas e seu principal financiador, o Irã, acusam Israel de ser responsável pelo ataque. Israel ainda não se pronunciou, mas já havia declarado sua intenção de eliminar os líderes do Hamas.>
A morte de Haniyeh, ocorrida poucas horas após um ataque israelense contra um comandante do grupo Hezbollah no Líbano, aumenta as preocupações de um possível conflito mais amplo no Oriente Médio e pode atrasar os esforços para um cessar-fogo em Gaza, em cujas negociações Haniyeh tinha um papel importante.>
O Irã declarou três dias de luto pela morte de Haniyeh. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou que Israel "se arrependerá" da morte "covarde" de Haniyeh e disse que o Irã defenderá "sua integridade territorial e dignidade".>
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Pezeshkian descreveu Haniyeh como um "líder corajoso", em uma declaração divulgada pela agência de notícias AFP.>
Haniyeh estava em Teerã para a cerimônia de posse de Pezeshkian, apesar de viver no Catar sob proteção intensa.>
O líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, afirmou que vingar a morte de Haniyeh é um "dever de Teerã" e que Israel, ao não assumir a responsabilidade pelo ataque, criou condições para uma "punição severa".>
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Frank Gardner, correspondente de segurança da BBC, alerta que este é um momento "extremamente perigoso" para o Oriente Médio.>
Ele lembra que, na última vez que o Irã prometeu vingança, disparou centenas de mísseis e drones contra Israel, que respondeu com um ataque de mísseis próximo às instalações nucleares iranianas.>
"Foi necessário um frenético esforço diplomático para dissuadir Israel de retaliar com mais intensidade", diz Gardner.>
Kasra Naji, correspondente especial da BBC Persa, expressa preocupação com a resposta do Irã, que pode envolver ataques de grande escala contra Israel ou uma intensificação dos ataques das milícias regionais, como o Hezbollah.>
"É difícil prever se isso levará a uma guerra total na região, mas é claro que ninguém deseja esse desfecho no momento", observa Naji.>
Mas Gardner também lembra que nem todos os ataques semelhantes a esse levaram a uma escalada no passado.>
Ele cita o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani ordenado pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump em 2020, que provocou fortes apelos por vingança, mas resultou em uma resposta relativamente contida.>
Gardner também cita o ataque aéreo ordenado pelo então presidente americano Ronald Reagan contra a Líbia em 1986, que gerou temores de uma grande crise, mas acabou não resultando em uma escalada significativa.>
A morte de Haniyeh pode complicar ainda mais as negociações de paz entre Israel e o Hamas.>
"Este último ataque em Teerã pode dificultar a obtenção de um trégua, já que o Hamas agora estará mais focado em encontrar um sucessor para Haniyeh, em um processo que pode ser complicado e prolongado", diz Rushdi Abualouf, correspondente da BBC em Gaza.>
Ele lembra que, em dezembro, o Hamas suspendeu brevemente as negociações de cessar-fogo com Israel após o assassinato do vice de Haniyeh na capital libanesa, Beirute.>
Paul Adams, correspondente diplomático da BBC, acrescenta que é "extremamente difícil" prever que haverá algum progresso nas negociações após a morte de Haniyeh.>
"Ismail Haniyeh pode não ter sido responsável pelos eventos diários em Gaza — esse é o domínio do comandante militar Yahya Sinwar — mas, como líder do Hamas no exílio, ele era um interlocutor crítico nas negociações intermediadas pelo Catar, pelos EUA e pelo Egito", assinala.>
Declarações de países árabes reforçam essas preocupações.>
O Catar, que tem mediado as negociações de cessar-fogo, indicou que a morte de Haniyeh pode prejudicar essas conversações.>
"O assassinato político e o contínuo ataque a civis em Gaza enquanto as conversas continuam nos levam a perguntar: como pode a mediação ter sucesso quando uma das partes assassina o negociador do outro lado?", afirmou o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani.>
"A paz precisa de parceiros sérios e de uma postura global contra o desrespeito pela vida humana.">
O Egito afirmou que o ataque demonstra falta de vontade política de Israel para a desescalada, e o Iraque chamou o ataque de uma "grave violação" que pode desestabilizar a região.>
A Turquia acusou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de não ter "nenhuma intenção de alcançar a paz".>
A cerimônia fúnebre oficial de Ismail Haniyeh será realizada em Teerã nesta quinta-feira (1/8), e depois seu corpo será trasladado para Doha, no Catar, onde ele viveu nos últimos anos.>
O funeral final está marcado para 2 de agosto, em Lusail, no Catar.>
Haniyeh, de 62 anos, é o líder mais sênior morto desde os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro, que resultaram em 1.200 mortes.>
Israel respondeu com uma operação militar na Faixa de Gaza, que matou pelo menos 39.400 pessoas, segundo o ministério da saúde do Hamas.>
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