Publicado em 28 de novembro de 2024 às 15:43
Uma mulher no Reino Unido foi parar no hospital achando que iria morrer, depois de se automedicar com remédios para perda de peso comprados no mercado clandestino.>
Paige Roberts tem 24 anos de idade. Seu médico a orientou a perder peso e ela procurou medicações antiobesidade nas redes sociais.>
Ela aplicou em si própria sua primeira injeção de uma medicação identificada como semaglutida, um remédio contra diabetes vendido legalmente apenas com receita médica. Roberts logo começou a vomitar e a sentir mal-estar e tonturas.>
O Colégio Real de Clínicos Gerais (RCGP, na sigla em inglês) do País de Gales declarou que é muito perigoso adquirir medicamentos para perda de peso sem receita médica.>
>
Roberts trabalha como assistente de saúde na cidade de Llandudno, no condado galês de Conwy. Ela não é classificada como obesa e, por isso, não tem direito a receber medicações para perda de peso do NHS, o serviço público de saúde do Reino Unido. Roberts pesa 82 kg e seu índice de massa corporal é de 28,5.>
O médico a orientou, afirmando que a perda de peso poderia ajudá-la a menstruar novamente. Sua menstruação foi interrompida devido ao inchaço causado pela síndrome do ovário policístico.>
Ela pagou 80 libras (cerca de R$ 605) por quatro seringas cheias, com instruções de uso. Roberts aplicaria uma seringa por semana, por quatro semanas.>
Inicialmente, ela teve náuseas. Mas Roberts não se preocupou, por se tratar de um efeito colateral conhecido. Ela só foi ao pronto-atendimento 48 horas após a aplicação, porque os vômitos ainda persistiam.>
Os funcionários do Hospital Glan Clwyd (em Bodelwyddan, no nordeste do País de Gales) contaram a ela que muitas pessoas foram internadas depois de tomarem remédios para perda de peso. E Roberts soube que muitas dessas medicações oferecidas no mercado ilegal são baseadas em anfetamina.>
"Eu achei que fosse morrer de desidratação, porque nada parava no meu estômago", ela conta.>
Depois de exames da função hepática e renal e de algum tempo no soro, Roberts recebeu alta. Mas ela quis que outras pessoas tomassem conhecimento dos riscos.>
"Influenciadores em plataformas de redes sociais, como o TikTok e o Instagram, mostram apenas as coisas boas que acontecem", segundo ela. "Eles dizem 'veja como estou bem', o que faz você pensar que também pode ficar com aquela aparência.">
Roberts também acha que foi "fácil demais" conseguir as injeções sem aconselhamento profissional ou receita médica.>
O RCGP do País de Gales declarou que a prevenção e a boa alimentação são soluções melhores para a perda de peso do que as medicações. "Comprar medicamentos para perda de peso online, sem receita médica, é muito perigoso", orienta o organismo.>
A Agência Reguladora de Remédios e Produtos de Saúde do Reino Unido já havia alertado as pessoas para que não comprassem injeções prontas para uso que supostamente contivessem medicamentos para perda de peso. A orientação é consultar um profissional de saúde qualificado para prescrever os remédios.>
O secretário de Saúde do Reino Unido, Wes Streeting, afirmou que os medicamentos para perda de peso podem ser "revolucionários", quando tomados em conjunto com exercícios e alimentação saudável. Mas ele alertou contra o uso dos remédios sem supervisão médica.>
Dois medicamentos – semaglutida e tirzepatida – são disponíveis no mercado, com as marcas comerciais Wegovy e Mounjaro.>
A semaglutida também está incluída no medicamento contra diabetes Ozempic.>
Estas medicações são inibidores do apetite e podem ser administradas na forma de injeções semanais no antebraço, na coxa ou no estômago, com seringas previamente preparadas.>
Para conseguir a medicação no sistema público de saúde britânico, os pacientes devem sofrer de obesidade e ter pelo menos uma condição de saúde pré-existente relacionada ao excesso de peso, como hipertensão arterial.>
As pessoas que não forem consideradas obesas podem receber o medicamento se estiverem acima do peso e apresentarem doenças cardiovasculares.>
A venda de semaglutida sem receita médica é proibida, mas as medicações podem ser compradas de forma privada, em supermercados, farmácias e clínicas particulares, por exemplo. As seringas custam entre 200 e 300 libras (cerca de R$ 1,5 mil a R$ 2,2 mil).>
Efeitos colaterais comuns incluem mal-estar, vômitos, inchaço, constipação e diarreia. Existem casos relatados de queda de cabelo e, raramente, problemas renais e na vesícula biliar, além de depressão.>
Os especialistas alertam que as complicações podem ser mais sérias no caso de abuso dos medicamentos, para perder peso rapidamente, ou de uso de produtos comprados de vendedores ilegais.>
A busca de soluções e alívio para o desconforto e as dores é algo familiar para muitas pessoas.>
Novos produtos, medicações e tratamentos sempre irão criar alvoroço, se houver sinais de sucesso para o alívio dos sintomas entre as pessoas que receberam prescrição adequada.>
Mas este alvoroço cria demanda. E, onde há demanda, surgem as oportunidades.>
Podemos observar este fenômeno nas ruas. O mercado sempre se põe a oferecer "soluções", em todas as faixas de preços, para qualquer necessidade não atendida dos consumidores.>
Com isso, logo surgem os produtos falsificados, vendidos no mercado não regulamentado: pelas redes sociais e de boca em boca.>
Neste caso, ninguém sabe ao certo o que está comprando, o que realmente há no produto e qual o seu grau de segurança.>
Muitos de nós somos tentados pela oferta de grandes promessas. Mas, como ouvimos com tanta frequência, se algo parece bom demais para ser verdade, provavelmente aquilo não é real.>
Quando procuramos soluções médicas, é sempre melhor buscar a palavra de profissionais da medicina.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta