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EUA mostram sinais de melhora mas vivem risco de nova onda do coronavírus

EUA mostram sinais de melhora mas vivem risco de nova onda do coronavírus

A pandemia, que já contaminou mais de 1,6 milhão de pessoas e matou mais de 100 mil nos EUA, derrubou a produção e atividade industrial do país

Publicado em 29 de maio de 2020 às 11:22

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Coronavírus - Covid19
Coronavírus - Covid19 . (Gerd Altmann/Pixabay)

Setores da economia americana começaram a registrar uma pequena melhora nos seus índices de maio, após o relaxamento de medidas de distanciamento social e a retomada de parte das atividades nos EUA.

A avaliação de especialistas, porém, é que isso não significa uma recuperação rápida, e ainda é possível que haja nova queda econômica caso o país seja atingido por uma segunda onda de transmissão do novo coronavírus.

Os dados que apresentaram alta neste mês englobam companhias aéreas, restaurantes, transporte de carga e mercado imobiliário, o que pede que os números sejam olhados com cautela.

Além de serem projetados sobre um cenário econômico já bastante debilitado -é uma melhora tímida em cima de algo muito ruim-, os dados referem-se a categorias imediatamente prejudicadas com as restrições à circulação. Quando a reabertura acontece, portanto, é provável que elas sejam as primeiras a reagir.

A pandemia, que já contaminou mais de 1,6 milhão de pessoas e matou mais de 100 mil nos EUA, derrubou a produção e atividade industrial do país de forma brusca desde março.

A queda do PIB para este ano é esperada em 5,8%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), e o índice de desemprego -que já atingiu o recorde de 14,7%- pode chegar a 20%.

Desde 30 de abril, quando o presidente Donald Trump anunciou o fim das medidas de isolamento social e passou aos governadores a responsabilidade do cronograma de reabertura, parte da população começou a sair às ruas para atividades -incluindo viajar e comprar- que até então estavam parcialmente bloqueadas.

Com parte das viagens nacionais liberadas, apesar das regras de distanciamento entre os passageiros, companhias aéreas como Delta Airlines e United Airlines viram suas ações aumentarem nesta terça-feira (26), assim como a rede de hoteis Marriott Internacional.

De acordo com a Agência de Segurança dos Transportes dos EUA, cerca de 87,5 mil passageiros passaram pelos postos de controle do país em abril, quase 15% a menos que o registrado no mesmo mês do ano passado. Em 22 de maio, quase três semanas após diversos estados americanos anunciarem que estavam reabrindo parte de suas atividades, no entanto, o número chegou a 348 mil passageiros,.

O montante triplicou em um mês, mas o volume ainda está 88% abaixo do que foi registrado em maio de 2019.

Segundo a DAT Solutions, o índice para cargas de caminhões no transporte rodoviário também subiu em maio, neste caso com alta de 22%, acompanhando o aumento no fluxo de circulação das estradas.

Já o Departamento de Comércio americano mostra que houve pequena alta na venda de imóveis nas últimas semanas, de 1%, mas a expectativa era de uma queda de mais de 20% no setor.

Depois de mais de 90% da população ter ficado sob regras de isolamento ou distanciamento social por pelo menos um mês e meio, estados americanos iniciaram a reabertura de forma precoce, ou seja, ainda sem terem apresentado redução consistente no número de casos de Covid-19 e uma quantidade de testagem considerada segura para a retomada das atividades.

Especialistas afirmam que isso pode gerar uma segunda onda de transmissão, e algumas regiões, inclusive, já começaram a registrar novos picos da doença, como Flórida e Geórgia.

Relatório divulgado na primeira semana de maio pelo Brookings Institution, centro de pesquisa em Washington, mostrou que há cinco possíveis cenários para a recuperação econômica pós-pandemia, e um deles engloba justamente a ocorrência de uma segunda onda de contágio.

Dois são mais otimistas (graficamente em Z ou em V), dois, mais prováveis (em U ou Nike Swoosh e W) e um é mais pessimista (em L).

No início da crise nos EUA, ainda em março, muitos especialistas esperavam a retomada em Z ou V, ou seja, após uma depressão vertiginosa, acreditavam que as atividades teriam um boom e ultrapassariam os índices pré-pandemia para, depois, restabelecerem-se no patamar antes da crise.

Segundo o Financial Times, porém, somente um em cada dez gestores de fundos acredita nessa versão atualmente. O mais provável, avaliam, é que a retomada seja em U ou em Nike Swoosh, em referência ao formato do símbolo da marca esportiva.

Nesses casos, os efeitos da pandemia na atividade econômica duram muito além do fim do distanciamento social. A volta da demanda reprimida -como viagens, compras e idas a restaurantes observadas nos dados recentes de maio- é lenta e seu reflexo no PIB deve ser bastante demorado.

Mesmo depois que os riscos à saúde diminuem, dizem as economistas Louise Sheiner e Kadija Yilla, responsáveis pelo estudo do Brookings, o PIB não volta rapidamente aos índices pré-crise porque os consumidores, as empresas e mesmo os governos ainda hesitam em gastar normalmente.

Para efeitos comparativos, basta olhar os dados antes e depois da crise de 2008. Os EUA levaram mais de cinco anos para recuperar vários deles, como PIB per capita, por exemplo.

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