Publicado em 12 de setembro de 2025 às 05:32
A condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado é destaque de capa nos principais jornais e revistas do mundo nesta sexta-feira (12/9).>
"Quatro anos atrás, Jair Bolsonaro, então presidente do Brasil, fez uma promessa. Em declarações a líderes evangélicos, o ex-capitão do Exército disse que sua campanha de reeleição em 2022 só poderia terminar em prisão, morte ou vitória. 'E pode ter certeza de que a primeira opção não existe', disse ele. Ele estava errado", escreve a revista britânica The Economist.>
"Em 11 de setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela condenação de Bolsonaro por golpe de Estado. Poucas horas depois, o tribunal proferiu a sentença de Bolsonaro: 27 anos e três meses de prisão.">
A Economist diz que a condenação de Bolsonaro "é histórica".>
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"O Brasil sofreu inúmeros golpes desde sua independência em 1822. O mais recente inaugurou uma ditadura militar que governou de 1964 a 1985 e matou centenas de pessoas. Bolsonaro é um defensor ferrenho desse regime.">
A revista disse que a defesa de Bolsonaro e dos demais réus no julgamento foi "técnica", mas que as provas contra eles eram "contundentes".>
"Eles aceitaram as ações individuais das quais foram acusados, mas alegaram que não constituíam um golpe", disse a artigo.>
Mas a Economist destacou que essa linha de defesa não comoveu os juízes — destacando a fala de Alexandre de Moraes durante o julgamento de que o Brasil quase voltou a uma ditadura. >
A revista afirma que o voto de Luiz Fux pela absolvição de Bolsonaro foi a única abertura que o ex-presidente teve nesse julgamento, com muitos especulando se esse voto não abriria caminho para uma anulação da condenação no futuro.>
Mas a Economist considera essa possibilidade "remota".>
"A gravidade das acusações contra Bolsonaro e o peso das evidências fazem com que essa seja uma possibilidade remota", escreve a revista.>
O jornal americano Wall Street Journal destacou que a condenação de Bolsonaro pela Justiça brasileira "desafia os esforços do presidente Trump para sabotar um caso que eletrizou o maior país da América Latina e colocou o Brasil no centro da guerra comercial do governo americano".>
O jornal noticiou que o governo americano pensa em retaliar o Brasil por causa da decisão do julgamento.>
O Wall Street Journal também avalia que Bolsonaro poderia passar o resto da vida na cadeia por conta de sua idade — o ex-presidente tem 70 anos e cumprirá pena de 27 anos. Mas o jornal americano lembra que existe um esforço de aprovar uma anistia no Congresso. Além disso, as complicações de saúde do ex-presidente poderiam fazer com que sua pena fosse reduzida no futuro.>
O jornal afirmou que houve comemorações no Brasil após o voto da ministra Cármen Lúcia, que determinou a maioria pela condenação de Bolsonaro.>
"Muitos brasileiros começaram a comemorar na quinta-feira, buzinando e comemorando nas janelas de seus prédios, enquanto as autoridades se preparavam para uma reação negativa da Casa Branca.">
O Wall Street Journal afirma que "a opinião pública está profundamente dividida" no Brasil, citando pesquisas.>
"Cerca de 51% dos brasileiros concordaram com a decisão do tribunal de colocar Bolsonaro em prisão domiciliar em 4 de agosto, enquanto 42% discordaram, segundo pesquisa Datafolha recente. Cerca de 46% dos brasileiros querem o impeachment de Moraes, enquanto apenas 43% o apoiam, segundo pesquisa da Quaest no mês passado.">
O jornal fala sobre como o julgamento é visto pelos dois lados da polarização política no Brasil.>
"Para os críticos de Bolsonaro, o julgamento é uma vitória para a jovem democracia do país e um acerto de contas com seu passado autoritário. É a prova, dizem eles, de que o país pode responsabilizar seus líderes, oferecendo um exemplo ao mundo — e especificamente aos EUA — de que nenhum presidente está acima da lei", diz a reportagem.>
"Para os apoiadores de Bolsonaro, o caso não passa de uma caça às bruxas para mantê-lo fora do poder. Ele ainda conta com dezenas de milhões de apoiadores leais, incluindo muitos líderes empresariais, agricultores e evangélicos.">
O jornal americano New York Times disse que a condenação "é um marco para a maior nação da América Latina".>
"Em pelo menos 15 golpes e tentativas de golpe com ligações militares desde que o Brasil derrubou a monarquia em 1889, a quinta-feira marcou a primeira vez que os líderes de uma dessas conspirações foram condenados", diz o New York Times.>
"[A sentença de prisão] também pode desferir um golpe definitivo em uma das figuras políticas mais importantes e influentes da América Latina. Bolsonaro galvanizou um movimento de direita que transformou o Brasil em uma nação mais polarizada e, em alguns aspectos, conservadora — mas sua condenação agora deixa a direita sem uma liderança clara.">
O jornal também afirma que "a decisão provavelmente agravará o conflito entre o Brasil e os EUA".>
"Isso levou Bolsonaro a depositar sua fé em um Hail Mary [uma espécie de milagre, no jargão esportivo americano] vinda do exterior: Trump", diz o jornal, citando que o governo americano pode colocar mais pressão sobre o Brasil após a condenação.>
O jornal The Guardian afirma que a condenação de Bolsonaro à prisão "não significa de forma alguma o fim de seu movimento político".>
"O veredito histórico — a primeira vez que um ex-presidente brasileiro é considerado culpado de tentar derrubar a democracia do país — parece ter acabado com as esperanças de Bolsonaro de um dia retomar a presidência da maior democracia da América do Sul", escreve o jornal britânico.>
"Mas especialistas e políticos de todo o espectro concordam que o movimento político do ex-paraquedista, o bolsonarismo, continuará a prosperar apesar da prisão de seu criador.">
O jornal destaca que Bolsonaro ganhou 58 milhões de votos na última eleição — e que ele segue popular em diversos segmentos da sociedade brasileira.>
"É improvável que Bolsonaro seja preso nas próximas semanas. Não está claro se ele será enviado para uma prisão comum ou ficará preso em uma instalação policial ou militar", afirma o Guardian.>
O jornal britânico diz que "as mentes já estão se voltando para qual político herdará seus votos na eleição presidencial do próximo ano".>
"Entre os concorrentes estão seu filho senador, Flávio Bolsonaro, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, uma cristã do movimento carismático, que é popular entre eleitores evangélicos e mulheres conservadoras. [...] Outros acreditam que o 'dinheiro inteligente' está nas mãos do governador direitista de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um ex-capitão do Exército que foi ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro de 2019-2023.">
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