Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 04:44
A Câmara dos Deputados decidiu pela manutenção do mandato de Carla Zambelli (PL-SP) nesta quarta-feira (10/12). Foram 227 votos a favor da cassação e 110 contrários. >
Eram necessários 257 para que fosse aprovada a perda de mandato da parlamentar, que foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e está presa na Itália. >
O resultado contraria a recomendação feita mais cedo pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara ao plenário da Casa.>
Os membros da CCJ rejeitaram, por 32 votos a 27, as conclusões do relator original do processo, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), que havia defendido a manutenção do mandato de Zambelli.>
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Ela foi condenada a dez anos de prisão e à perda de mandato por invadir sistemas de mandados judiciais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o auxílio de um hacker. A deputada sempre negou as acusações.>
Mais cedo na quarta-feira, a Câmara também analisou o pedido de cassação de outro deputado, Glauber Braga (PSOL-RJ). Os parlamentares decidiram pela suspensão por seis meses dele, em vez da perda de mandato.>
Zambelli foi presa na Itália em 29 de julho. A deputada está no país desde o início de junho e afirmou ser uma "exilada política" que seria alvo de uma suposta "perseguição". >
Ela argumenta que estaria protegida de ser extraditada por ter cidadania italiana, embora especialistas tenham contestado sua avaliação.>
Após pedido da Procuradoria-geral da República (PGR), a prisão da parlamentar foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, depois que ela deixou o país. >
Seu nome estava na lista de procurados da Interpol, e o Ministério da Justiça também pediu sua extradição.>
Em outubro, o Ministério Público da Itália emitiu parecer favorável à extradição de Zambelli. A audiência que decidirá se a ex-deputada federal será extraditada para o Brasil está marcada para 18 de dezembro.>
Zambelli já afirmou que enfrenta problemas de saúde e que "não sobreviveria à prisão".>
A deputada pediu licença de seu mandato no início de junho, quando já era considerada foragida.>
O acórdão do STF que condenou a deputada determinou que seu mandato fosse cassado — entretanto, a decisão precisava ser validada pela Câmara dos Deputados, onde cassação era alvo de disputas políticas.>
Em junho, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chegou a declarar que determinaria o fim do mandato de Zambelli sem submeter o processo à aprovação da Câmara. >
Após pressão da bancada bolsonarista, Motta recuou e encaminhou o processo à CCJ. >
Carla Zambelli foi acusada pela PGR de planejar e coordenar, com o auxílio do hacker Walter Delgatti, uma invasão ao sistema do CNJ no início de 2023.>
Segundo a denúncia, o objetivo da deputada era incluir alvarás de soltura falsos e um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes.>
Delgatti, que confessou o ataque, foi condenado a oito anos e três meses de prisão. Ele afirma ter feito a invasão a mando da deputada.>
Os dois foram condenados pela Primeira Turma do STF em maio.>
Moraes, relator do caso, votou por sua prisão e foi acompanhado de forma unânime pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.>
No voto que embasou a condenação, Moraes afirmou que Zambelli atuou de forma "premeditada, organizada e consciente", com a intenção de desacreditar as instituições do Estado democrático de Direito.>
"Como deputada federal, portanto representante do povo brasileiro e jurada a defender a Constituição, utilizou-se de seu mandato e prerrogativas para, deliberadamente, atentar contra a credibilidade do Poder Judiciário", escreveu o ministro.>
A pena, segundo ele, foi agravada pelo "comportamento social desajustado ao meio em que vive a acusada" e pelo "desrespeito às instituições e à democracia".>
Zambelli negou envolvimento nos crimes e afirmou que não há provas que a conectem diretamente à invasão.>
Ela também acusou Delgatti de ser um "mentiroso patológico" que alterou sua versão dos fatos em pelo menos seis depoimentos. >
"A própria Polícia Federal, quando esteve na casa dele, o classificou como mitômano, que mente e inventa histórias", afirmou.>
A defesa da parlamentar argumentou que a condenação se baseou exclusivamente nos depoimentos de Delgatti, que seriam contraditórios e imprecisos.>
Ela também tem uma segunda condenação na Justiça, pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. Neste caso, foi fixada pena de 5 anos e 3 meses de prisão, em regime inicial semiaberto, além do pagamento de multa. >
A decisão também determinou a perda do mandato parlamentar, que ainda aguarda o trânsito em julgado (quando não há mais possibilidade de recurso).>
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