Publicado em 5 de janeiro de 2022 às 09:23
Um brasileiro foi o primeiro infectado com Covid-19 a ser tratado em Israel com o medicamento paxlovid, da Pfizer, contra o novo coronavírus. O economista Simcha Neumark, 33, que nasceu em São Paulo e mora em Jerusalém desde 2013, foi diagnosticado com a doença na sexta-feira (31). No domingo (2), ele foi escolhido para ser o primeiro a receber o remédio após procurar seu plano de saúde.>
"Logo após o diagnóstico, eu fiquei com uma febre muito alta, muita dor de garganta e dores de cabeça terríveis. Mas, algumas horas depois de tomar as primeiras pílulas, já senti uma melhora incrível", disse Neumark.>
"Foi um milagre de Deus. Não consigo explicar como me sinto melhor. Umas 15 horas depois eu já estava sem febre e sem dor de garganta. Um mundo completamente diferente. Para mim, ajudou demais", acrescentou ele.>
O pioneirismo rendeu a Neumark, que é casado e tem três filhos, aparições em programas de TV e rádio locais para relatar a experiência.>
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O economista afirmou que tem Doença de Crohn e que, por isso, segundo ele, as vacinas contra Covid-19 não resultaram na criação de anticorpos. Ele disse ter sido vacinado cinco vezes, três em Israel e duas no Brasil - ele costuma viajar para o país a trabalho.>
Neumark afirmou ter tomado cuidado desde o começo da pandemia para não contrair a doença. Mas Israel passa por uma quinta onda de Covid desde que o primeiro caso da variante ômicron foi detectado, em 1º de dezembro de 2020.>
Em algumas semanas, o país passou de uma quase normalidade para cerca de 10 mil casos diários. A expectativa é que esse número alcance 20 mil em breve.>
"Não sei como peguei. Trabalho em home office e praticamente não saio de casa", afirmou Neumark. "Na semana passada, participei de uma reunião presencial pela primeira vez em muito tempo e, sem saber que já estava com 'corona' e ainda sem nenhum sintoma, infectei quatro pessoas.">
Para estancar a nova onda, o governo do primeiro-ministro Naftali Bennett aposta nas vacinas, assim como o governo anterior, de Benjamin Netanyahu, fez há um ano.>
Desta vez, Bennett aposta na quarta dose da vacina, aprovada para maiores de 60 anos na semana passada e já disponível gratuitamente.>
Nesta terça (4), o premiê anunciou que a primeira pesquisa sobre a quarta dose, realizada no Centro Médico Sheba, o maior hospital do país, demonstrou que ela aumentou em cinco vezes o nível de anticorpos em pessoas que foram imunizadas com a terceira dose há mais de quatro meses.>
Bennett também tem tentado motivar pais a vacinarem seus filhos de 5 a 11 anos, mas a campanha de vacinação de crianças só começou a ganhar fôlego com a chegada da ômicron e a adoção de novas restrições para não vacinados.>
Atualmente, 72% da população já tomou pelo menos uma dose. Além disso, 46% das pessoas já receberam a terceira dose, considerada essencial para um esquema vacinal completo e com direto a emissão de um "passe verde" para entrada em locais como cinemas, teatros, lojas e restaurantes.>
Israel é um dos primeiros países do mundo a ministrar o paxlovid a infectados com o novo coronavírus, após o Ministério da Saúde aprová-lo, seguindo a aprovação da Agência de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA na sigla em inglês).>
O remédio, que chegou ao país na última quinta-feira (30), começou a ser distribuído no domingo apenas para pessoas nos estágios iniciais da doença e com comorbidades, para tentar evitar que sejam hospitalizados.>
Segundo autoridades médicas, o primeiro carregamento continha 20 mil pacotes a US$ 350 a unidade. Israel assegurou a chegada de 100 mil doses. Até o momento, poucos doentes receberam o remédio, enviado diretamente a suas casas.>
O paxlovid é um remédio da Pfizer para doentes a partir dos 12 anos de idade que estejam em estágio inicial de Covid. Ele foi testado em 2.250 pacientes com quadros leves ou moderados de coronavírus. Menos de 1% dos que tomaram a droga tiveram que ser internados e não houve mortes no estudo de 30 dias conduzido pela farmacêutica. No grupo que recebeu apenas um placebo, 6,5% dos pacientes foram hospitalizados e nove morreram.>
O tratamento consiste em ingerir três pílulas duas vezes por dia por cinco dias. Duas são de paxlovid e outra é de um medicamento antiviral diferente.>
Israel também aprovou o medicamento contra Covid da farmacêutica americana Merck (no Brasil, MSD), o molnupiravir, mas ainda não recebeu o primeiro carregamento da droga.>
Apesar da preocupação quanto à alta capacidade de disseminação da ômicron, especialistas têm demonstrado otimismo em relação às consequências da variante, que parecem menos graves.>
Em Israel, o número de hospitalizações e mortes não acompanha nem de longe o de infecções. Nos últimos sete dias, uma pessoa morreu devido ao coronavírus. Menos de 120 pacientes estão hospitalizados em estado grave em todo o país.>
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