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Bolsonaro diz que se sente 'humilhado' por decisão de Moraes e que 'nunca pensou' em sair do Brasil

Bolsonaro diz que se sente 'humilhado' por decisão de Moraes e que 'nunca pensou' em sair do Brasil

A defesa disse que irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial

Publicado em 18 de julho de 2025 às 11:25

Imagem BBC Brasil
null Crédito: Getty Images

A Polícia Federal realizou na manhã desta sexta-feira (18) uma operação que tem como um dos alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme noticiaram G1 e Folha de S.Paulo.

As medidas cautelares teriam sido autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), segundo fontes ouvidas pela imprensa. Tanto o STF quanto a Procuradoria-Geral da República não comentaram o caso oficialmente, alegando que o processo tramita sob sigilo.

Os mandados teriam sido cumpridos na casa de Bolsonaro, em Brasília, e em endereços ligados ao Partido Liberal (PL), partido ao qual o ex-presidente é filiado.

Entre as medidas determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), conforme publicação oficial, estão o recolhimento domiciliar de Jair Bolsonaro entre 19h e 6h de segunda a sexta-feira, além do confinamento integral aos fins de semana e feriados. O ex-presidente também deverá usar tornozeleira eletrônica e está proibido de manter contato com embaixadores ou autoridades estrangeiras, bem como de se aproximar de sedes de embaixadas e consulados. As restrições foram solicitadas pela Polícia Federal (PF) e tiveram parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em relatório, a Polícia Federal afirmou que Bolsonaro e o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, têm atuado nos últimos meses junto a autoridades do governo dos Estados Unidos com o objetivo de pedir sanções contra agentes públicos brasileiros, sob o argumento de perseguição relacionada à Ação Penal 2668, que tramita no STF.

De acordo com a PF, pai e filho teriam agido "dolosa e conscientemente de forma ilícita", buscando "submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas, com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa Corte."

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atribuiu motivação política à investigação que motivou a nova operação da Polícia Federal contra ele, nesta sexta-feira (18). A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), impôs uma série de restrições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de se aproximar de embaixadas.

Em entrevista à imprensa, transmitida pela GloboNews logo após colocar a tornozeleira, Bolsonaro negou qualquer intenção de deixar o país.

"Nunca pensei em sair do Brasil ou buscar refúgio em embaixada", declarou.

O ex-presidente também afirmou que considera as medidas adotadas contra ele uma forma de humilhação.

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse ter recebido com "surpresa e indignação" as medidas cautelares.

Em nota oficial, os advogados afirmaram:

"A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário. A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial."

Na rede social X, o senador Flávio Bolsonaro (PL) se manifestou em apoio ao pai. Em uma mensagem publicada no X (antigo Twitter), o senador chamou a decisão de "proposital humilhação" e comparou o caso a uma "inquisição":

"Fica firme, pai, não vão nos calar! A proposital humilhação deixará cicatrizes nas nossas almas, mas servirão de motivação para continuarmos lutando pelo nosso Brasil livre de déspotas (...) Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes para tomar medidas totalmente desnecessárias e covardes."

O senador ainda citou o Dia de Mandela, celebrado em 18 de julho, como um símbolo de resistência, e disse acreditar que o pai sairá "ainda maior e mais forte" após o episódio.

Imagem BBC Brasil
Jair Bolsonaro e seu filho, o senador Flavio Bolsonaro, em foto de 17 de julho de 2025 Crédito: Getty Images

Eduardo Bolsonaro, deputado estadual (PL-SP) e também filho do ex-presidente, comentou o caso em uma publicação feita em inglês na mesma rede social. No post, ele lista as medidas que teriam sido impostas ao pai:

"Alexandre de Moraes dobrou a aposta e, após o vídeo de Bolsonaro para Donald Trump ontem, Moraes ordenou hoje que @jairbolsonaro:

1 - Use tornozeleira eletrônica;

2 - Não possa sair de casa entre 19h e 7h;

3 - Não possa usar redes sociais;

4 - Fique proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros;

5 - Não possa se aproximar de embaixadas;

6 - Não possa falar com outras pessoas investigadas (eu e meu irmão Carlos estamos sob investigação)."*

Crise com Trump

As novas medidas contra Bolsonaro determinadas por Alexandre de Moraes, do STF, ocorrem após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros, usando como um dos argumentos o fato de o ex-presidente brasileiro estar sendo alvo de processo no Supremo.

Nesta quinta (17/07), Trump enviou uma carta a Bolsonaro críticas duras ao sistema de Justiça brasileiro.

"Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!", escreveu Trump.

"Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país."

Antes, no dia 9 de julho, Trump publicou uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando que as exportações brasileiras sofrerão uma taxação adicional de 50% a partir do dia 1º de agosto.

Em tom duro, a carta diz que a decisão é uma resposta à perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria sofrendo no Brasil, devido ao processo criminal que enfrenta no Supremo, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado.

Além disso, Trump também justificou o aumento de tarifa argumentando que o Brasil adota barreiras comerciais (tarifárias e não tarifárias) elevadas contra os EUA, o que estaria desequilibrando o comércio entre os dois países.

O governo brasileiro refuta essa argumentação, já que a balança comercial tem sido favorável aos Estados Unidos. O lado americano acumulou saldo positivo de US$ 43 bilhões nos últimos dez anos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

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