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Biden expulsa diplomatas russos e impõe sanções a Moscou

Biden expulsa diplomatas russos e impõe sanções a Moscou

Segundo o anúncio da Casa Branca, os EUA impuseram sanções contra 32 entidades e indivíduos russos por campanhas de desinformação nas eleições presidenciais

Publicado em 15 de abril de 2021 às 15:58- Atualizado há 3 anos

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa durante a cerimônia de sua posse realizada no Capitólio, em Washington (DC), nesta quarta-feira, 20 de janeiro de 2021. Biden se tornou o     46º presidente a assumir o comando do país
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, deixou claro que os Estados Unidos desejam um relacionamento estável e previsível com a Rússia. (PATRICK SEMANSKY/ESTADÃO CONTEÚDO)

O governo do presidente Joe Biden anunciou nesta quinta-feira (15) a expulsão de dez diplomatas russos dos EUA e a imposição de novas sanções econômicas contra Moscou, em resposta à interferência de Kremlin nas eleições americanas e às operações de hackers de países em agências governamentais e empresas privadas.

Segundo o anúncio da Casa Branca, os EUA impuseram sanções contra 32 entidades e indivíduos russos por campanhas de desinformação com o objetivo de interferir nas eleições presidenciais de 2020, em que Biden foi eleito ao derrotar o republicano Donald Trump.

O governo americano também se juntou a União Europeia, Reino Unido, Austrália e Canadá e anunciou medidas contra oito pessoas e entidades associadas à ocupação russa na Crimeia, exigindo que o país de Vladimir Putin "cesse imediatamente seu acúmulo militar e retórica inflamada".

A região anexada pela Rússia em 2014 tem sido palco de movimentações militares recentes que acentuaram os sinais de uma crise diplomática envolvendo Moscou, Washington, Kiev e a Otan (a aliança militar liderada pela Casa Branca).

"O governo Biden deixou claro que os Estados Unidos desejam um relacionamento estável e previsível com a Rússia. Não achamos que precisamos continuar em uma trajetória negativa", diz o comunicado divulgado pela Casa Branca. "No entanto, também deixamos claro —pública e privadamente— que defenderemos nossos interesses nacionais e imporemos custos para as ações do governo russo que buscam nos prejudicar."

Além das acusações de interferência nas eleições, os EUA acusam a Rússia de se envolver em "atividades cibernéticas maliciosas", usar a "corrupção transnacional" para inflluenciar outros governos, agir contra dissidentes e jornalistas, minar a segurança países e regiões aliadas dos americanos e "violar princípios consagrados do direito internacional".

Biden também assinou um decreto em que instrui o Tesouro americano a proibir instituições financeiras dos EUA de participarem de negociações envolvendo novos títulos públicos que sejam emitidos pela Rússia a partir de 14 de junho.

Os títulos públicos são um mecanismo usados por governos em todo o mundo para se financiarem. Assim, a medida anunciada por Washington tem como objetivo declarado asfixiar economicamente a Rússia, algo que as sanções já impostas anteriormente foram incapazes de conseguir.

A ordem executiva ainda designa como alvos seis empresas russas que teriam dado suporte a ataques cibernéticos orquestrados pelo serviço de inteligência de Putin. Esta foi a primeira vez em que o governo americano acusou formalmente o Serviço de Inteligência Estrangeiro da Rússia (SVR) pelo ataque, no passado, à empresa de software SolarWinds.

Considerada uma das ações de espionagem cibernética mais audaciosas de que se tem notícia, a inserção de vírus em aplicativos da SolarWinds permitiu que hackers se infiltrassem em órgãos do governo americano e empresas do porte da Microsoft, o que pode levar ao roubo de informações secretas por um longo período.

O conjunto de sanções também é apontado pelo governo Biden como uma resposta aos relatórios da inteligência americana que acusam a Rússia de ter oferecido recompensas ao Taleban para matar tropas da coalizão liderada pelos EUA no Afeganistão. Nesta quarta-feira (14), Biden divulgou um plano para a retirada de soldados americanos e da Otan do país e "acabar com esta guerra eterna".

Antes mesmo do anúncio, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, adiantou que Moscou consideraria ilegais as sanções impostas pelos EUA e que reagiria com base no princípio da reciprocidade, respondendo na mesma moeda.

Após tomar conhecimento das novas medidas, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, disse que as sanções contradizem o desejo declarado de Biden de normalizar os laços com Moscou.

"Advertimos repetidamente os Estados Unidos sobre as consequências de seus passos hostis, que aumentam perigosamente a temperatura do confronto entre nossos dois países", disse Zakharova, durante entrevista coletiva.

“Esse comportamento agressivo sem dúvida receberá uma rejeição decisiva. Precisamos reconhecer que alguém precisa pagar pela degradação em nossas relações bilaterais. A responsabilidade pelo que está acontecendo é inteiramente dos Estados Unidos.”

A porta-voz disse ainda que o embaixador dos EUA em Moscou, John Sullivan, já havia sido convocado para consultas no Ministério das Relações Exteriores. "Eu dificilmente teria dito isso antes, mas posso dizer agora: não será um encontro agradável para ele", afirmou.

Na última terça-feira (13), Biden e Putin conversaram por telefone para, segundo o Kremlin e a Casa Branca, tratarem piora da crise envolvendo as atividades militares em torno da Ucrânia. Na ocasião, o americano alertou que os EUA agiriam para proteger seus interesses, mas também levantou a perspectiva de uma reunião de cúpula entre os dois líderes.

Ainda não está claro quando —ou se— essa reunião vai acontecer, mas o anúncio das novas sanções se estabelece como um obstáculo nas relações entre os dois presidentes, que já vinham protagonizando altercações desde que Biden tomou posse, em janeiro.

No mês passado, durante entrevista à emissora ABC, Biden prometeu que Putin sofreria as consequências das ações contra os EUA e, ao ser questionado se considerava o líder russo um assassino, assentiu e disse que sim.

Putin, por sua vez, reagiu com ironia. "Sempre observamos nos outros nossas próprias qualidades e pensamos que eles são iguais a nós", disse, antes de propor um debate ao vivo com seu homólogo americano —algo que parece longe de acontecer.

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