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Airbags mortais ainda equipam 2,6 milhões de carros no Brasil; saiba se o seu é um deles

Airbags mortais ainda equipam 2,6 milhões de carros no Brasil; saiba se o seu é um deles

Problema gerou um dos maiores recalls da história, com cerca de 100 milhões de veículos no mundo; 5,9 milhões estão no Brasil, sendo que 3,3 milhões já passaram pelo reparo

Publicado em 23 de setembro de 2024 às 16:50- Atualizado há 17 dias

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Em levantamento, 17 empresas tiveram recalls relacionados aos defeitos de airbags da fabricante no país. (Shutterstock)

Ainda há 2,6 milhões de carros com airbags defeituosos da marca Takata em circulação no Brasil, revelam dados da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). São equipamentos que, em caso de acionamento, podem expelir partes metálicas em direção aos ocupantes dos bancos dianteiros edm uma velocidade superior a 300 km/h.

O problema gerou um dos maiores recalls da história, com cerca de 100 milhões de veículos afetados mundo afora. Desses, 5,9 milhões estão no Brasil, sendo que 3,3 milhões de unidades já passaram pelo reparo no país. O serviço é gratuito e consiste na troca do insuflador, uma cápsula metálica.

Em caso de colisão, a explosão necessária para acionar esses airbags ocorre de forma descontrolada. O problema é ocasionado pela exposição da peça à umidade e ao calor ao longo do tempo. A vedação ruim leva à oxidação, o que facilita a ruptura e a geração dos fragmentos de metal.

Rodrigo Kleinubing, perito em sinistros de trânsito, afirma que a reação química nos sistemas com defeito é rápida e violenta. "Com a explosão, a cápsula com nitrato de amônio [substância usada para a explosão] se rompe. É algo semelhante a um bomba." O especialista destaca que a alta variação de temperaturas no Brasil pode ser um gatilho para o mau funcionamento.

Contudo, segundo Kleinubing, os airbags são dispositivos de segurança passiva eficazes, e não podem ser julgados pelos defeitos do produto da Takata. "Em uma colisão, há o impacto do veículo, da pessoa projetada e dos órgãos internos contra as partes rígidas do corpo. O airbag minimiza essas lesões".

Levantamento

Em levantamento feito pela Folha, 17 empresas tiveram recalls relacionados aos defeitos de airbags da fabricante no país. Os equipamentos da marca japonesa estão presentes em carros da Honda, Volkswagen, Nissan, Chevrolet, entre outras

O defeito já causou sete mortes no Brasil, apontou um levantamento feito pela equipe de reportagem do Fantástico, da TV Globo. Um dos casos aconteceu em 2020, quando um motorista do veículo Honda New Civic LXS 2008 morreu após a ruptura do airbag Takata.

Segundo a montadora, o veículo foi convocado para o recall em 2015, mas o pedido não foi atendido pelo proprietário. A Honda foi alvo de uma notificação do Procon-SP na época.

Hoje, os proprietários podem consultar se o veículo possui um recall pendente dos airbags da Takata através da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Basta acessar a página de recall da entidade e informar o número de chassi ou da placa do veículo.

Especialistas criticam condução das montadoras e falta de fiscalização

Para Rodolfo Rizzotto, coordenador do programa SOS Estradas, o problema dos airbags da Takata mostra que é necessário fiscalizar as montadoras. Ele afirma que são as empresas que definem quando devem fazer um recall, o que acaba favorecendo as corporações.

Isso também abre brechas para o recall branco, afirma. "O termo diz respeito a um defeito de fabricação que pode comprometer a segurança, mas que a montadora decide não comunicar, porque terá um alto custo."

Ainda de acordo com Rizzotto, a Senatran deveria ocupar o papel de comunicar os recalls aos proprietários, desenvolvendo campanhas de divulgação. Em resposta à Folha, o órgão afirmou que é de responsabilidade das montadoras promover os chamamentos.

Segundo a entidade, sua função é aplicar o artigo 131 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), no qual as campanhas de chamada para recall, quando não atendidas no prazo de um ano, devem constar no Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV).

Rodrigo Kleinubing também diz que as campanhas de divulgação de recalls precisam melhorar. "Pelo risco, as montadoras deveriam ter ações mais efetivas. É importante apostar em campanhas maiores, que sirvam para conscientizar o público."

Outro problema apontado por Rizzotto diz respeito à suposta gratuidade do serviço. "Caso eu tenha que me deslocar e viajar para atender a uma convocação, pagando combustível, pedágio e dia de trabalho, não tem nada de graça. Quem trabalha com carro pode perder o dia de trabalho."

Contudo, segundo ele, é importante destacar a responsabilidade do dono do carro. "A pessoa que toma ciência que seu veículo tem recall pendente, não realiza o serviço e vende o automóvel sem comunicar ao comprador o problema, deve ser punida", diz Rizzotto.

Montadoras afirmam estar pronta para atender ao recall de airbags

Consultadas pela Folha, as empresas Honda, Toyota, Volkswagen, Nissan e BMW afirmaram disponibilizar canais de atendimento para os proprietários de veículos realizarem o recall de airbags.

Segundo a Honda, ainda há 943 mil veículos da empresa em circulação no país com os airbags da Takata. A empresa também afirma ter 100% das peças necessárias em estoque para garantir o imediato reparo e pede aos proprietários que "levem, com urgência, seus veículos a uma concessionária autorizada".

A Nissan diz ter realizado o recall de 270 mil veículos. De acordo com a empresa, 70 mil unidades permanecem com os equipamentos defeituosos no Brasil. A montadora também afirmou ter peças em estoque.

Já a BMW disse que a maioria das concessionárias tem os itens necessários em estoque para o reparo dos airbags, e afirmou ainda trabalhar para expandir a medida para toda a rede.

A Volkswagen e a Toyota destacaram utilizar canais de comunicação, como telefone, redes sociais e emails, para divulgar a campanha de recall e alertar os clientes.

Como consultar o recall de airbags da Takata

Os proprietários podem consultar se seus veículos possuem recall pendente dos airbags da Takata por meio da Senatran. Basta acessar a página de recall da pasta e informar o número de chassi ou da placa do veículo.

Além disso, as montadoras têm páginas dedicadas aos recalls, onde divulgam comunicados de defeitos e problemas identificados em veículos.

Confira a lista:

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