Varíola de macaco: como funciona a transmissão e saiba se prevenir

A doença é transmitida por gotículas ou pelas lesões na pele, quando alguém tem contato próximo com uma pessoa infectada ou com animal

Varíola do macaco

As lesões de pele começam como uma mancha vermelha, viram uma bolha e depois uma casquinha. Crédito: Shutterstock

O crescimento dos casos da varíola dos macacos em diversos países coloca o mundo em alerta com a doença. Ela é uma parente da varíola, doença erradicada em 1980, mas menos transmissível, que causa sintomas mais leves e é menos mortal.

A doença rara e pouco conhecida, até recentemente restrita a regiões remotas da África Ocidental e Central, foi identificada em nove países europeus (Reino Unido, Espanha, Portugal, Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Suécia), além de EUA, Canadá e Austrália. Até o momento, já foram confirmados mais de 100 casos.

O caso do primeiro brasileiro infectado, de 26 anos, foi registrado na Alemanha. Em entrevista a BBC News Brasil, a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), disse que a varíola de macacos pode chegar ao Brasil. "É possível até mesmo que alguma pessoa infectada já tenha entrado no país, vinda dos locais onde há casos". 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está pedindo reforço de medidas não farmacológicas, como distanciamento, uso de máscara e higienização frequente de mãos, em aeroportos e aeronaves, para retardar a entrada do vírus da varíola dos macacos no Brasil.

TRANSMISSÃO E SINTOMAS

A infectologista Melissa Fonseca Andrade, da Rede Meridional/ Kora Saúde, explica que a doença pode ser transmitida de duas formas. Uma delas é por via animal contaminado - em especial os macacos e outros roedores doentes, que podem transmitir pela saliva, pelas gotículas da respiração e as lesões de pele.

Outra forma é de pessoa pra pessoa, através do contato bem próximo e com as lesões de pele. "A transmissão acontece quando a pessoa infectada elimina vírus no ar através de gotículas (da saliva), então necessita de um contato próximo. Quando ela fala, tosse ou espirra, por exemplo, lança essas gotículas que contém o vírus transmissor da doença. Outro jeito é através do contato direto com as lesões que aparecem na pele", explica a médica.

Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça, dor intensa no corpo, dor nas costas, muita fraqueza e desânimo

Após passado a fase chamada ataque, que dura 5 dias, começam a aparecer as leões no corpo. "As lesões de pele começam como uma mancha vermelha, viram uma bolha e depois uma casquinha. Primeiro no rosto, uma grande concentração, depois desce pro tronco e os membros inferiores. Essa varíola tem uma localização muito predominante na região genital. É semelhante o herpes e a catapora", conta Melissa Fonseca Andrade.

A doença não se espalha facilmente porque não contamina o ar como uma doença de transmissão aerosol. Melissa Fonseca Andrade diz que também existem relatos de transmissão indireta.

 "Uma pessoa adoentada que toma banho e passa a toalha no corpo por cima das lesões. Essa toalha é considerada contaminada e pode transmitir, mas essa não é a forma mais importante de transmissão". 

Até agora, o vírus não foi descrito como uma doença sexualmente transmissível, mas pode ser passado durante a relação sexual pela proximidade entre as pessoas envolvidas. "Não tem confirmação de transmissão sexual, pelo sêmen e líquido que lubrifica a vagina durante o ato sexual da mulher. Como as lesões da varíola do macaco se concentram bastante na região genital, acaba que essa relação sexual predispõe a transmissão devido ao contato muito próximo. Além disso, as chances de romper essas lesões na pele são grandes, sem falar nos outros tipos de carícias, como os beijos", diz a infectologista. 

COMO SE PREVENIR

A forma de se prevenir da doença é muito semelhante a todas doenças de transmissão por gotículas. Por isso, é fundamental:

  • Higienizar bem as mãos;

  • Lavar bem as mãos após secreções respiratórias ou contato com outras pessoas, em especial aquelas que estejam com sintomas;

  • Uso de máscara;

  • Manter o distanciamento;

  • Manter a higienização adequada do corpo;

  • Pessoa com os sintomas deve evitar sair em público e, se possível, ficar isolada. 

TRATAMENTO

Não existe um tratamento específico para a doença. "O tratamento é realizado com remédio para dores, para febre, além de uma uma hidratação rigorosa. As formas graves, que podem evoluir para casos de inflamação no cérebro, pneumonia e miocardite, precisam de internação para o vírus ser eliminado", explica a médica.

A vacina da varíola consegue prevenir a maioria dos casos de varíola dos macacos. "Ela pode gerar uma proteção de até 85%", finaliza a infectologista.

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