O que é pé diabético? Veja sintomas e como tratar a doença

Condição pode levar a diversas complicações graves, incluindo infecções, úlceras, necrose e, em último caso, amputação do pé ou parte da perna

 pé diabético

Formigamento ou dormência nos pés são alguns dos sintomas. Crédito: Shutterstock

Uma das complicações mais graves que pode ocorrer em pessoas com diabetes é o chamado pé diabético. Ele é caracterizado por uma combinação de danos nos nervos, chamado de neuropatia, e problemas de circulação sanguínea nos membros inferiores, principalmente nos pés.

"A causa é reflexo da falta de controle do diabetes por muitos anos, o que pode levar a alterações nos nervos e vasos sanguíneos dos pés", explica a endocrinologista Luiza de Backer Fachin, da Unimed Sul Capixaba.

A médica conta que a condição pode levar a diversas complicações graves, incluindo infecções, úlceras, necrose e, em último caso, amputação do pé ou parte da perna.

"Por conta da neuropatia, a pessoa pode não sentir lesões, como cortes ou bolhas, e isso pode levar a um agravamento da situação, uma vez que o problema pode passar despercebido por um período significativo", conta Luiza de Backer Fachin.

SINAIS

  • Sensação reduzida de dor;

  • Calor e frio nos pés;

  • Formigamento ou dormência nos pés;

  •  Feridas;

  • Cortes ou bolhas que não cicatrizam adequadamente;

  • Mudanças na cor da pele nos pés;

  • Unhas encravadas ou espessadas;

  • Deformidades nos pés;

  • Pele extremamente ressecada nos pés.
"O pé diabético pode ocasionar feridas ou úlceras que não cicatrizam adequadamente. Além disso, a circulação sanguínea prejudicada dificulta o processo de cicatrização, o que pode levar a úlceras persistentes e de difícil tratamento"

"O pé diabético pode ocasionar feridas ou úlceras que não cicatrizam adequadamente. Além disso, a circulação sanguínea prejudicada dificulta o processo de cicatrização, o que pode levar a úlceras persistentes e de difícil tratamento"

Luiza de Backer Fachin

A endocrinologista Maria Amélia Sobreira Gomes, da Unimed Vitória, explica que as lesões inicialmente ocorrem ao nível microvascular e em terminações nervosas dos dedos.

"Isso leva a sensações de parestesias ou cãibras, diminuição da sensibilidade local ou sensação de dor, queimação ou agulhadas, que podem se agravar a noite. Normalmente o paciente só resolve se cuidar em um estágio mais avançado, quando já apresenta feridas de difícil cicatrização, que podem levar a necessidade de amputações".

A pele do paciente diabético é mais desidratada. Seus pés tendem a ser mais secos, com rachaduras e deformidades, como calosidades, por aderirem a pisadas diferenciadas. As lesões por fungos entre os dedos e as feridas e úlceras de difícil cicatrização se tornam frequentes. Entre as complicações que podem ocorrer caso o problema não seja tratado, estão infecções graves, úlceras de difícil cicatrização, dor neuropática (dores intensas como queimaduras ou facadas que ocorrem principalmente à noite) e amputações.

A médica conta que os músculos dos pés podem atrofiar. "Ocorre uma diminuição na condução e velocidade nervosa, levando a uma atrofia da musculatura intrínseca dos pés, levando a deformidades e alterações da marcha. Essas deformidades, associadas a limitações das articulações e da mobilidade, leva a ulcerações e calosidades graves, com comprometimento da qualidade de vida e aumento das morbidades", diz Maria Amélia Sobreira Gomes. 

"A neuropatia diabética não tem cura. Seu tratamento visa aliviar os sintomas,  tratar infecções, evitar a progressão da doença e reabilitar o doente. Fisioterapia e medicações como pregabalina e gabapentina são frequentemente utilizados, mas o tratamento é individualizado e depende do estágio e das queixas de cada paciente"

"A neuropatia diabética não tem cura. Seu tratamento visa aliviar os sintomas, tratar infecções, evitar a progressão da doença e reabilitar o doente. Fisioterapia e medicações como pregabalina e gabapentina são frequentemente utilizados, mas o tratamento é individualizado e depende do estágio e das queixas de cada paciente"

Maria Amélia Sobreira Gomes

É recomendado o controle glicêmico adequado, com os níveis de açúcar no sangue dentro das metas recomendadas para reduzir o risco de ainda mais complicações. "No tratamento de feridas, pode haver necessidade de remoção de tecido morto em alguns casos; e uso de antibióticos para tratar infecções, quando necessário. Além disso, em alguns casos podem ser indicadas medidas para a melhora da circulação sanguínea nos membros inferiores", diz Backer Fachin.

Como prevenção, é essencial manter os níveis de glicose no sangue sob controle. "Além disso, quem é diabético e tem dificuldade de controlar o índice glicêmico deve examinar os pés com bastante frequência, buscando por lesões ou alterações; lavar os pés com água morna, evitar água quente, e manter a pele hidratada, sem aplicar creme entre os dedos", aponta.

A especialista dá mais dicas de prevenção. "Também podemos usar meias de algodão ou lã, evitando tecidos sintéticos; cortar as unhas com cuidado, mantendo-as quadradas com laterais arredondadas e sem tirar a cutícula; evitar andar descalço, protegendo os pés inclusive na praia e piscina; escolher calçados fechados, macios, confortáveis e com solados rígidos, evitando sapatos apertados, de plástico, de couro sintético e saltos muito altos; e considerar o uso de sapatos terapêuticos especiais, especialmente em caso de danos nos nervos que possam alterar a forma dos pés e dedos", finaliza Luiza de Backer Fachin.

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