Endometriose: 5 sintomas da doença diagnosticada em Anitta

A cantora revelou dores durante um voo internacional. A doença afeta muitas mulheres, que sofrem com cólicas fortes, dores durante a relação sexual e outros sintomas

Anitta

Anitta diz que passará por cirurgia após diagnóstico de endometriose. Crédito: Reprodução @anitta

A cantora Anitta revelou em suas redes sociais, nesta quinta-feira (7), que foi diagnosticada com endometriose. A funkeira contou que, há nove anos, convive com fortes dores após o ato sexual e durante o período menstrual. Segundo a cantora, ao longo desse período, apenas ouviu dicas e conselhos de médicos sobre a importância da higiene rigorosa com a genitália.

"Eu não fui em um médico... Eu fui em vááááááários. Sempre ouvia: 'É higiene'. Nove anos ouvindo isso. A Larissinha parece até um cristal esculpido de tanto cuidado, e o povo pergunta até se eu fiz plástica. Mas nada de a dor sumir", desabafou Anitta, em resposta a uma seguidora no Twitter.

A artista passará por uma cirurgia após o diagnóstico. Ela não especificou a data, mas disse que o procedimento já está agendado e afirmou que teve "que cancelar muita coisa" em sua agenda, já que, após a cirurgia, "não pode fazer muito esforço por um mês".

A ginecologista Thaissa Tinoco diz que a cirurgia é indicada quando já foram usados todos os tratamentos clínicos possíveis e não se obteve o resultado esperado, além de casos de infertilidade em mulheres que desejam engravidar. "A indicação de cirurgia é individualizada, cada caso deve ser avaliado. Mas, em linhas gerais, ela está indicada em casos de falha no tratamento clínico, de infertilidade, do comprometimento de órgãos como bexiga ou intestino, ou endometriomas volumosos".

ENDOMETRIOSE

Endometriose é uma doença inflamatória provocada por células do endométrio (tecido que reveste o útero) que, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença afeta muitas mulheres (cerca de 10 a 15%), que sofrem com cólicas fortes, dores durante a relação sexual e outros sintomas, que inclusive podem levar à infertilidade.

Thaissa Tinoco explica que a causa exata da doença ainda não se sabe, mas existe uma ligação com a imunidade dessas pacientes, ou seja, um sistema imune alterado que permite que essas células endometriais sejam estimuladas e desenvolvidas fora do útero. É comum a doença ocasionar muitas dores, como relatado por Anitta. "Ela é decorrente a múltiplos fatores como inflamação intensa, sensibilidade nervosa e aderências pélvicas", diz a médica. 

Os principais sintomas da doença são:

  1. Cólica menstrual intensa.

  2. Dor na menstruação (essa dor costuma ser progressiva, piora a cada ano e pode chegar a ser incapacitante).

  3. Dor pélvica crônica fora da menstruação.

  4. Dor na relação sexual, principalmente quando há penetração profunda.

  5. A mulher pode ter também: dor para urinar, evacuar, sangramento nas fezes e na urina.

A ginecologista explica que existem diferentes tipos de endometriose. A profunda, quando penetra mais de 5 milímetros do tecido, e peritoneal superficial, quando as lesões são menores que 5 milímetros. "A doença também pode ser classificada de acordo com o local onde ela cresce. Por exemplo, a endometriose ovariana, quando cresce no ovário, ou intestinal, quando cresce no intestino", conta Thaissa Tinoco.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é realizado de três maneiras. Primeiro, é feito um diagnóstico clínico a partir das queixas da paciente, que já apontam para a possibilidade dela ter a doença. "Pelo exame físico, por meio do toque vaginal, é possível sentir se há espessamento, nódulos, retrações, que também apontam para a endometriose. Para completar, tem o exame de imagem, feito através da ressonância magnética da pelve ou da ultrassom específica para mapeamento de endometriose. Não é uma ultrassom endovaginal comum, é um exame com preparo intestinal para mapeamento da doença. Esse exame vai mapear onde tem a lesão", explica a ginecologista.

"O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, vai depender dos sintomas, se a paciente deseja engravidar ou não, além da extensão da doença encontrada nos exames de imagem. O único tratamento que aumenta as chances de gravidez espontânea é a cirurgia com a retirada de todos os focos de endometriose"

"O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, vai depender dos sintomas, se a paciente deseja engravidar ou não, além da extensão da doença encontrada nos exames de imagem. O único tratamento que aumenta as chances de gravidez espontânea é a cirurgia com a retirada de todos os focos de endometriose"

Thaissa Tinoco

GRAVIDEZ

O ginecologista Ricardo Pimentel diz que a média de tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico da doença pode levar de oito a 12 anos. Como é um tipo de tecido responsivo a hormônios, principalmente estrogênio-dependente, é mais comumente encontrada nas mulheres em idade reprodutiva, embora as consequências clínicas possam perdurar para além da pós-menopausa.

O médico afirma que a endometriose dificulta a gravidez por dois motivos principais: por distorcer a anatomia e por tornar o ambiente pélvico tóxico. “O que acontece é que as estruturas começam a aderir umas às outras, ou seja, o ovário gruda no útero e com isso a trompa vai junto, bem como intestino, bexiga e por aí vai. Assim, estruturas importantes para a fecundação, como as trompas, não conseguem exercer o seu papel de buscar o óvulo para permitir o encontro com o espermatozoide”, explica.

Para as pacientes que desejam engravidar, o especialista em reprodução humana ressalta que a fertilização in vitro é hoje o tratamento que oferece as melhores chances de sucesso. Mesmo nos casos de doença em estágios avançados, as técnicas de reprodução assistida conseguem devolver boas chances de sucesso à paciente, a depender de outros fatores de infertilidade.

“A endometriose distorce a anatomia pélvica, mas na fertilização in vitro não precisamos das trompas, já colocamos o embrião direto na cavidade uterina. Ela também deixa o ambiente pélvico tóxico, mas como aspiramos o óvulo antes do fenômeno ovulatório, ele não entra em contato com esse ambiente”, destaca Ricardo Pimentel.

É importante lembrar que é uma doença benigna, que tem controle, e não tem risco de virar câncer, mas tem a capacidade de prejudicar muito a qualidade de vida da paciente devido à dor e possibilidade de infertilidade. "E quanto mais cedo for diagnosticado o problema, maiores as chances de não evoluir para a forma grave e complexa", finaliza a ginecologista Thaissa Tinoco.

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