• Maria Sanz

    É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

Crônica: pequeno ensaio sobre a possibilidade de uma abertura vigorosa

Publicado em 07/04/2024 às 08h00
Mulher de braços abertos

Luzes acesas, cintilando a faísca da conexão com as próprias potências. Crédito: Shutterstock

Qual foi a última vez que você sentiu seu peito expandir?

Puxe pela memória do arrepio. Todo mundo tem na trajetória esses pontos luminosos, expansivos. Expostas ou íntimas glórias... Pontos brilhantes, raros como cometas, ou firmes como estrelas no cosmos.

Luzes acesas, cintilando a faísca da conexão com as próprias potências. Um marco da nossa energia manifestada. Pensa!

No humano a luz se dá nos pontos da vida em que a sintonia cósmica (mas pode chamar de fluxo) fica disponível, mais livre, mais espontânea, mais autêntica. Que é quando a alma faísca. Você sabe bem o que é isso!

Além de lindos, esses pontos luminosos na nossa história de vida também falam sobre algum momento de ampliação na nossa capacidade de receber.

Perceba, receber a luz ou a lucidez que esteja disponível é um exercício de expansão da nossa energia Yin (mas também pode chamar de feminina), essa que em todos habita.

Nota: é fato, temos todos as duas porções, Yang e Yin. Porque enquanto uma “é”, a outra “faz”. Uma sustenta, a outra manifesta (mas esse é um assunto para outra conversa).

Enfim, conectar-se com a própria intuição (sempre fugaz, fêmea e oracular por ofício) é uma sabedoria dinâmica. Uma abertura para o risco da manifestação.

Uma possibilidade de alcançar a sintonia mais fina. Ah, isso é muito Yin!

Porque abrir-se é simplesmente deixar chegar. Sem esforço, como a flor faz na mata, assim, sem fazer absolutamente nada: aberta, plena, em nuances e cores e curvas, para receber o orvalho fino – aquele veludo molhado cósmico.

Yin! Conexão e manifestação. Porque uma vez semeada, essa energia germina, floresce, dá fruto...

Novamente, isso não é privilégio do gênero. É como disse, todo ser humano possui essa natureza intrínseca. Um lado feminino que por essência gera, mantém, destrói, cria e recria.

Receber os benefícios dessa sintonia de que falo, exige além de abertura, confiança. Ora, receber é confiar: sem pedir ajustes, nem se moldar. Confiar para receber soltando as expectativas… Liberando para transbordar, para deixar ir, para cortar.

Abrir-se para o novo é construir esse fôlego! Inspira devagar e solta vigorosamente, fazendo um som de “ahhh”, mas sem esforço.

Experimenta! Puxa forte, depois larga. Brinca com próprio aparelho respiratório. Experimenta a própria presença, brinca como a criança que um dia você foi.

Brinca de ser mais de si. De sair da caixa-da-tentativa-de-caber. Aquela caixa, que do meio para o fim da adolescência a gente começa a entrar, enfia os pés, depois as mãos, e se espreme até caber, até se esquecer.

Aquela que nos obriga a praticar os mesmos exercícios que potencializam “os outros”. Aqueles que de propósito, ou não, insistem que a miséria deve ser coletiva, e que são eficazes em vender essa falácia.

Voltando, na hora que a gente cansa de tentar caber na caixa, e a idade começa a virar bênção, vem o brilho. Vem a abertura, a habilidade de receber, vem a confiança, vem o prazer de ser quem somos.

Eis a prova da sintonia com nosso invisível criativo: Shakti, fera, Yin, ânima, alma, intuição, espirito.

Abre-te!

Abril deve estar aqui para isso.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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