• Maria Sanz

    É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

Aos buscadores, dança

Publicado em 12/06/2022 às 02h01
Pessoas dançando

Se você está em busca disso, então não fuja. Dance sempre que possível. Crédito: Freepik

Como você sabe, é possível transcender o pensamento através do movimento.

Porque é fato, o corpo sabe de coisas que a gente se quer desconfia... Atente, a mente que nos guia, também nos limita.

Primeiro, precisamos reconhecer que o pensamento é capaz de produzir delírios! Ora, nosso ego é esse mesmo: ele delira, compara, julga e condena o tempo inteiro. Porque a dualidade é a língua que ele pratica. É assim que ele lê a vida: bom e mau, melhor e pior, claro, escuro, quente, frio...

Depois, também é preciso reconhecer que estamos imersos numa sociedade que não tolera a fruição da vida em sua forma simples. E porque ela não suporta o simples prazer de viver, ela nos põe medo... Medo disso e medo daquilo, porque sabe que o medo nos leva a desistir de sonhar, de mover, de expandir. Aliás, o medo serve para nos levar a consumir!

De modo que precisamos “burlar o pensamento” para sermos mais de nós mesmos. Para ouvir nossa intuição, nossos instintos, nosso mestre interior e ir além. Para permanecer num estado espontâneo, de atenção passiva, ou consciência sem expectativas, sem controle, sem objetivos específicos (aqueles modelados pelo sistema sorrateiramente, de forma subliminar e eficiente – esse que nos faz acordar desejando um iPhone 13, de repente).

Mas todo buscador sabe que para burlar os poderes da mente, somados às iscas e gatilhos implantados pelo sistema, existem inúmeras portas e janelas, veredas e caminhos. E que a dança é uma delas.

Aliás, uma das mais potentes que existem. Porque a dança é uma forma linguagem sem a lógica, sem certo ou errado, sem objetivos ou artifícios de convencimento. Ao contrário, a dança é livre.

Livre do medo! Porque “saber dançar” não é preciso. O corpo nasce sabendo, tudo que é preciso é estar disponível.

A dança livre, ou dança circular, dança intuitiva, dança tribal, ou dança pela dança mesmo, é praticada pelos povos primitivos desde antes da descoberta do fogo, para curar dores, celebrar conquistas, dirimir conflitos, festejar o invisível!

Porque a dança movimenta o corpo e cura a alma. Ela serve para dar paz ao espírito.

A dança não busca necessariamente uma expressão, não é um dom, um talento que demanda aplauso, não é preciso ser um dançarino ou ter uma plateia, ao contrário: o movimento do corpo livre é um imperecível tesouro que se revela quando o pensamento se liberta da ambição.

Porque a dança livre leva à uma serena sabedoria, uma descoberta do eu momento a momento. Uma descoberta da própria paz do espírito.

Se você está em busca disso, então não fuja. Dance sempre que possível.

– Segredo nosso, eu te ajudo se for preciso! Me diga, do que você precisa para não desistir dessa busca?

Por fim, desejo que saibamos reconhecer a potência de criar novos rumos.

E possamos nos servir da experiência do movimento livre para expandir a consciência, soltar os nós e sermos mais e mais felizes!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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