Publicado em 20 de janeiro de 2022 às 17:31
A cantora Elza Soares morreu, nesta quinta-feira (20), aos 91 anos. Ela faleceu de causas naturais em sua casa. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da cantora. >
"É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais", diz a publicação. "Teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo.", diz o comunicado. >
A morte da cantora Elza Soares acontece no mesmo dia da de Garrincha, com quem teve um relacionamento por 17 anos. O craque do Botafogo morreu também no dia 20 de janeiro, mas quase 40 anos antes: em 1983.>
Filha de operário e lavadeira, Elza Gomes da Conceição nasceu em junho de 1930, no Rio de Janeiro. Ela foi criada na favela de Moça Bonita e, aos 12 anos, foi obrigada pelo pai a se casar com Antonio Soares, conhecido como Alaúde, de quem pegou o sobrenome. Aos 13, ela foi mãe pela primeira vez. Aos 15, já tinha perdido um dos filhos para a fome. Aos 21, já era viúva. >
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A relação com Garrincha foi conturbada. Eles se conheceram alguns meses antes da Copa do Mundo de 1962, durante um treino do Botafogo, time no qual Garrincha jogava à época. No entanto, o jogador era casado e Elza namorava o músico Milton Banana. >
Depois de alguns meses vivendo o romance escondido, Garrincha se separou da então esposa, e, em 1966, Crioula e Neném - apelido do casal - se casaram. Eles tiveram um filho, Garrinchinha, que morreu em 1986, em um acidente de carro.>
Encaixotadora e conferente em uma fábrica de sabão, Elza começou na música em 1953, quando fez um teste na Rádio Tupi, no programa "Calouros em Desfile". Foi quando deu uma famosa resposta a Ary Barroso, que inclusive deu nome a "Planeta Fome", 34º álbum de sua carreira, e também o último, lançado em 2019. >
Na ocasião, o apresentador perguntou a ela, "o que você veio fazer aqui?". "Vim cantar", respondeu Elza. Ele seguiu. "E quem disse que você canta?". "Eu, seu Ary", ela disse. "Menina, de que planeta você veio?", o apresentador continuou. "Do planeta fome", a cantora encerrou.>
Elza começou cantando sambalanço com "Se Acaso Você Chegasse" em 1959, e se dedicou ao gênero nos anos 60. Nos anos 70, escolheu cantar o samba de ritmo mais tradicional. A fase rendeu sucessos como "Salve a Mocidade" (Luiz Reis, 1974), "Bom dia, Portela" (David Correa e Bebeto Di São João, 1974), "Pranto livre" (Dida e Everaldo da Viola, 1974) e "Malandro" (Jorge Aragão e Jotabê, 1976).>
A cantora amargou período de ostracismo na década de 1980. Pensou até em desistir da carreira, mas resolveu procurar Caetano Veloso, em hotel de São Paulo, para pedir ajuda. O auxílio veio na forma de convite para participar da gravação do samba-rap "Língua", faixa do álbum do cantor, "Velô" (1984).>
Nos 34 discos lançados, ela se aproximou do samba, do jazz, da música eletrônica, do hip hop, do funk e diz que a mistura é proposital. "Eu sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante", comparava Elza.>
O último disco lançado foi "Planeta Fome" em 2019, e ela diz que não tem planos concretos para outro álbum neste ano. "Ainda não, mas vai surgir. Minha cabeça não para, cara", afirma Elza.>
Em 2002, com direção artística de José Miguel Wisnik, fez um dos álbuns mais modernos da discografia, "Do cóccix até o pescoço". No ano seguinte, foi a vez de "Vivo feliz", mais voltado para a eletrônica. >
Com informações da Folha de São Paulo >
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