Cristiana Oliveira vem ao ES lançar livro que debate autoaceitação e maturidade

Atriz, com mais de três décadas de carreira na TV, teatro e cinema, fará uma noite de autógrafos do livro "Versões de Uma Vida", no Shopping Vitória

Cristiana Oliveira vem ao Espírito Santo para lançar seu primeiro livro,

Cristiana Oliveira vem ao Espírito Santo para lançar seu primeiro livro, "Versões de Uma Vida". Crédito: Jonathan Giuliani

Entre Jumas e Tatis (das novelas "Pantanal" e "Quatro Por Quatro", respectivamente, duas de suas personagens mais queridas pelos fãs), Cristiana Oliveira, aparentemente, surfou em um mundo de glamour e fama, teoricamente sem percalços.  

Alçada à revelação nos anos 1990, com o sucesso da trama de Benedito Ruy Barbosa na extinta Rede Manchete, Krika (como é chamada carinhosamente pelos amigos), foi símbolo de beleza, modelo e capas de várias revistas, incluindo a "Playboy" em 1992, em um dos ensaios mais esperados da história da publicação. 

Nada, porém, apaga uma vida marcada por dissabores. Na adolescência, enfrentou a obesidade - ao pesar 110kg - e padeceu com a  autorrejeição, especialmente após sofrer bullying por porte de uma professora de balé. Logo fugiu de casa, em busca de liberdade e aceitação. Na vida adulta, a atriz também enfrentou (e venceu) a síndrome do pânico, a vigorexia e a depressão.

Esbanjando charme e beleza no alto de seus quase 60 anos, Cristiana decidiu compartilhar suas memórias, histórias e aprendizados no livro "Versões de Uma Vida", escrito em coautoria com a jornalista Larissa Molina. Em 168 páginas de um relato honesto e tocante, a atriz confirma que atingiu a maturidade de forma feliz e equilibrada. A obra terá noite de autógrafo, com presença de Oliveira, nesta quinta (10), a partir das 19h, no segundo piso do Shopping Vitória, em frente a Livraria Leitura.

"No livro, realmente me 'dispo', falando de temas como autoaceitação", destacou Cristiana, em entrevista à "HZ". 

"Todos passamos por esse processo. O fato de ser uma pessoa pública faz com que muitos me perguntem sobre esse tema. Acabo abordando esse assunto com naturalidade, ainda mais na minha idade (58 anos bem vividos). Sinto que (com a maturidade) essa abordagem se torna mais verdadeira. Através dos relatos e o que passei na vida, posso mostrar que muitas mulheres não estão sozinhas", enfatizou.

Com franqueza e sem tabus, Cristiana Oliveira falou, na entrevista, de assuntos que lhes são caros, como bullying e cobranças sobre padrões de beleza.

Também encontrou tempo para comentar sobre o sucesso da nova versão de "Pantanal" (2022), recém-exibida pela Rede Globo, e do retorno de uma de suas novelas mais populares na emissora carioca, "Quatro Por Quatro" (1994), de Carlos Lombardi, que chega em novembro ao acervo da Globoplay. Pegue uma xícara de café e vem com a gente!

No livro, você praticamente se "despe" ao falar de temas como aceitação. A cobrança em relação a ser sempre bela pesou em algum momento em sua vida?

Realmente me "dispo", falando de autoaceitação. Acho que todos passam por isso em seu íntimo. O fato de ser uma pessoa pública faz com que muitos me perguntem sobre esse assunto e acabo abordando o tema com naturalidade, ainda mais na minha idade (58 anos bem vividos). Através dos relatos e o que passei na vida, posso mostrar que muitas mulheres não estão sozinhas. Muitos projetam atores e atrizes como pessoas absolutamente seguras e cheias de autoestima, nos colocando em um patamar de poder e glamour que é um pouco surreal. O glamour, inclusive, é coisa de momento...

Na adolescência, você chegou a pesar 110kg. Chegou a sofrer bullying? Era difícil se ver no espelho?

Em meu livro, mostro a Cristiana real, lidando com as coisas que ela passou. Ainda jovem, antes de ser modelo e atriz, tinha alguns "fantasmas", como o de considerada ser linda, mas obesa. Todos diziam que tinha um rosto lindo, mas era gordinha e precisava emagrecer. Acabei vivendo uma grande incoerência: uma ex-gordinha que se tornou magra, mas que pensava como gordinha. Nunca atingia o modelo de mulher que na época era tido como padrão. Pesei quase 110kg na adolescência. Sofria e fugia do bullying. Foi um período em que fugi de casa para que as pessoas que me conhecessem gostassem de mim como eu era. Fui bailarina e, quando ganhei peso, mudei meu corpo completamente. Cheguei a sofrer bullying por parte de uma professora de balé. Fugi do sofrimento e me escondia dos amigos da escola para eles não me verem gorda. Sofri muito com isso.

Fugi do sofrimento e me escondia dos amigos da escola para eles não me verem gorda

Atualmente, temos uma forte influência das redes sociais, especialmente entre os mais jovens. Em alguns casos, há uma cobrança excessiva no que tange à aparência e a padrões de beleza. Isso não é tóxico?

Nada mudou de antes da minha adolescência, especialmente em relação à cobrança da sociedade e à gordofobia. Mas agora existe uma libertação feminina e uma aceitação do próprio corpo. Isso também é um processo extremamente difícil, porque a mídia e as redes sociais continuam mostrando mulheres lindas, magras e malhadas. A referência e o padrão de beleza, antes mais magrinha e sem seio, hoje é de mulheres já com um pouco mais de seio e coxa. Os padrões mudaram, mas sempre dentro daquela estética da mulher seca, sem gordura e magra, do tipo que fica bonita com qualquer roupa. Então, meninas ficam vendo essa referência e acabam sofrendo, pois não conseguem atingir esse padrão. Muitas deles não possuem maturidade para perceber que isso só faz mal. Claro, tem mulheres que estão fora do padrão, que se mostram, e que sua voz é ouvida. Acho isso o máximo, as coloca em liberdade para dizer que não precisam seguir os exemplos de padrão do que é o "melhor corpo". Cabe à mídia, as plataformas e redes sociais continuarem informando o que é saúde e o que é excesso. Como uma pessoa com saúde, mas com o peso superior ao padrão, não faz mal algum, por exemplo. A pessoa é igualmente bonita.

Conversando contigo, veio à mente uma pergunta: Como envelhecer bem? Existe uma fórmula?

Não existe isso de envelhecer bem ou mal! Envelhecer bem é criar condições para ter uma velhice mais tranquila e cuidar da saúde para ter mais tempo de vida. Você começa a perceber seus defeitos e saber conviver com eles. Aprende a se olhar no espelho e ver que está com mais rugas, que não é a mesma pessoa, e acaba sabendo que isso é inexorável. É importante se cuidar espiritual e mentalmente e fazer atividades físicas. Envelhecer bem é amadurecer, se autoconhecer. Cada pessoa tem sua própria história, com perdas, ganhos e vitórias. Não dá para julgar. Mais uma vez voltamos a falar sobre padrões: "fulano envelheceu bem", quer dizer que você está com a aparência de ser mais jovem do que a idade real, ou "fulano envelheceu mal", o que seria o oposto. Precisamos parar de julgar e olhar para o ser humano. Antes disso, olhe para si mesmo.  

O que achou da nova versão de "Pantanal"? Bateu uma nostalgia da Juma dos anos 1990?

Foi maravilhoso, incrível reviver isso tudo. Foi emocionante. Esse revival da novela foi ótimo para mim também, pois impulsionou o lançamento do meu livro, mas a minha Juma está lá em 1990, faz parte da minha história. Ela faz parte da minha vida, do meu corpo e da minha alma, mas agora é bola pra frente...             

Por falar em nostalgia, este mês a Globoplay traz de volta um de seus maiores sucessos, a novela "Quatro por Quatro" (1994), de Carlos Lombardi...

Vejo como um presente! Foi uma novela divertidíssima e já passou algumas vezes em "Vale a Pena Ver de Novo" nesses 30 anos. As pessoas amam, pois a Tati foi uma personagem cômica que gostei demais, a minha primeira experiência no gênero. Pessoas que não acompanharam a novela e, agora, veem imagens no YouTube, me dizem que ela causa muita identificação. A Tati é uma espécie de "patinho feio", rejeitada, que descobre sua beleza e o poder do amor. Ela é insegura e com baixa autoestima, mas descobriu que o grande amor da sua vida olhava para ela. Ou seja: ela se colocava para baixo, mas o mundo não a via assim. E isso acontece com muitas meninas até hoje, é atemporal. Vou ver se consigo assistir de novo. Sou apaixonada por "Quatro por Quatro".

Você é uma das embaixadoras do projeto S.O.S Pantanal. Preservar a biodiversidade do local é fundamental para as novas gerações...

Proteger o bioma pantanal foi uma escolha da minha vida. É importante dar voz a essa causa. É a maior planície alagada do planeta, com uma vida infinita, e sofre com muitos problemas. Dentro do meu possível, vou lutar pela preservação desse bioma que merece muito a nossa atenção.

Voltando a falar na carreira, pode dar algum "spoiler" sobre projetos futuros?

Vou lançar uma comédia nos cinemas, "Ecoloucos" (de Cibele Amaral), e tenho alguns projetos que estou desenvolvendo e não posso adiantar, pois quando a gente fala as coisas vão por um caminho diferente... Estou recebendo algumas propostas de cinema e de teatro. Conto para vocês depois que estiver tudo sacramentado!

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