• Nádia Alcalde

    Apaixonada por vinhos, Nádia Alcalde é jornalista, sommelière e consultora. Escreve sobre o universo da bebida, antenada com lançamentos, tendências e notícias..

Visitamos uma vinícola no meio da cidade de São Paulo; conheça

Publicado em 07/03/2024 às 08h00
Vinícola Urbana, em São Paulo

Vinícola paulista produz rótulos com uvas vindas das regiões Sul e Nordeste. Crédito: Vinícola Urbana/Divulgação

Já imaginou visitar uma vinícola no meio da cidade? Em São Paulo isso é possível e um exemplo é a Vinícola Urbana, localizada no bairro de Pinheiros. É até difícil de acreditar que entre um prédio e outro tem uvas chegando, tanques de fermentação, barris de carvalho e tudo o mais que é necessário para produzir vinho.

A ideia é do jovem Daniel Colli, que fez seus primeiros vinhos na varanda de seu apartamento. Depois de muito pesquisar e estudar vinificação, ele encontrou em Cunha, no interior paulista, o terroir perfeito para plantar suas próprias videiras. A partir daí, foi só aumentar o espaço para dar início à produção.

Além de cultivar as próprias uvas, Colli também importa frutas da Serra Gaúcha e de Petrolina, e todas são transportadas em câmaras frias para serem vinificadas em São Paulo.

PORTIFÓLIO

Ao todo, a vinícola paulista elabora seis rótulos, com a proposta de serem refrescantes e naturais. O Pét-nat de Viognier, por exemplo, resgata o método ancestral de elaboração de espumantes com apenas uma fermentação, o que resulta em borbulhas mais delicadas.

Outro que chama atenção é o Tannat com maceração carbônica, que fermenta sem o desengace e sem o esmagamento das uvas, seguindo com a ideia de se obter, com isso, um vinho jovem, leve e bem aromático.

A Vinícola Urbana (@vinicola.urbana) funciona de quarta a sexta-feira, das 16h às 22h, e aos sábados com horário estendido. O espaço lembra um grande quintal, com área externa e bancos para serem compartilhados. Todos os vinhos produzidos lá são servidos em garrafa ou em taças de 150ml, com direito a um cardápio de comidinhas para harmonizar.

O local de vinificação também pode ser visitado, e o Daniel está sempre por lá, passando de mesa em mesa para contar um pouco sobre cada rótulo e também sobre suas novas ideias.

Vinícola Urbana, em São Paulo

Espaço é despojado, com mesas no quintal. Crédito: Nádia Alcalde

VINHOS DE GARAGEM

No mundo do vinho, existe um conceito bastante conhecido que é o de “vinho de garagem”: rótulos de pequena produção, mais artesanais, naturais e com técnicas não tão ortodoxas de vinificação. É o que encontramos na Vinícola Urbana. 

O termo "de garagem" foi usado pela primeira vez pelo famoso crítico de vinhos Robert Parker, nos anos 1990, ao descrever o rótulo de um produtor de Bordeaux que fazia seu vinho literalmente na própria garagem. A bebida chamou a atenção do crítico pela alta qualidade apresentada.

Desde então, esse estilo se espalhou pelo mundo afora, com vários vinhateiros dispostos a criar seus vinhos em pequenos espaços e com a liberdade de poder imprimir a eles personalidade, ou seja: a ideia nesse caso é fazer um vinho bem diferente do que se encontra nas produções em grande escala.

No geral, as premissas do vinho de garagem são utilizar pouco ou quase nada de leveduras selecionadas, conservantes e clarificantes. A maioria dos vinhos não é nem filtrada.

Ser de pequena produção também é um fator importante (da Vinícola Urbana saem aproximadamente 15 mil garrafas por ano). Considera-se também respeito ao terroir e à tipicidade da uva, sem excessos com madeira, por exemplo. 

Vinícola Urbana, em São Paulo

Local onde vinhos são produzidos está aberto a visitação. Crédito: Nádia Alcalde

Na cidade de São Paulo também existem outras vinícolas com estilo garagista, como a Alma Gêmea (@vinicolaurbana_almagemea), localizada na Vila Sônia, e a Lucano (@vinicolalucano), na Penha. Algumas apenas finalizam os processos na “garagem”, como é o caso da Lucano, cujos vinhos são produzidos no Rio Grande do Sul - na metrópole, são mantidos apenas os barris ou tanques de inox com os vinhos.

PROJETOS CAPIXABAS

Aqui no Espírito Santo, o vinho Tabocas, produzido em Santa Teresa, também teve seus primeiros rótulos feitos dentro do conceito garagista. Até 2015, a bebida era vinificada, armazenada e engarrafada na garagem de um dos sócios da vinícola, em um bairro teresense.

Apesar de o espaço de vinificação ter ficado maior e estar hoje no mesmo local do vinhedo, a Tabocas mantém o estilo garagista não só em seu nome oficial, Tabocas Vin de Garage (@tabocasvindegarage), mas no que entrega na taça. Um exemplo é o seu famoso vinho com armazenamento em madeira de Jequitibá Rosa, de produção limitada.

Outro projeto interessante no Estado é o da Embaúbas (@embaubas.es), que fica em Venda Nova do Imigrante. Lá, o botânico Silas Andrade elabora alguns fermentados de uvas dos produtores da região de montanhas, como Lorena, Isabel e Niágara, não muito comuns na elaboração de vinhos finos.

No entanto, a ideia da Embaúbas é justamente apresentar o potencial que essas castas têm, sem que haja a intervenção com adição de açúcar, como ocorre na produção de vinhos suaves. O resultado é bem interessante.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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