Publicado em 5 de agosto de 2025 às 10:56
Adam Sandler é um gigante da comédia americana. Depois de seu início no "Saturday Night Live", entre 1990 e 1995, ele acumula mais de 80 filmes, e praticamente não conhece fracassos. Por isso, o ator pode fazer o que bem quiser em sua carreira. Ou não?>
Em "Um Maluco no Golfe 2", disponível na Netflix, Sandler decidiu voltar ao personagem Happy Gilmore, protagonista do filme de 1996 que é constantemente apontado como o preferido de seus fãs.>
Numa Hollywood que adora criar franquias a partir de qualquer filme de muito sucesso, até que demorou muito. Três décadas depois, certamente os fãs ficaram contentes com a notícia de uma sequência. Mas, na tela, Sandler mostra mais erros do que acertos.>
O jovem Happy Gilmore de 1996 tinha o sonho de ser um astro do hóquei. Mas não era tão bom assim. Ele acaba descobrindo que seu verdadeiro talento é para o golfe, e ele muda de esporte sem deixar de lado seu espírito brigão, típico dos jogadores de hóquei.>
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Num filme de muitas piadas sensacionais, Gilmore acaba se tornando um astro, seguindo a cartilha dos filmes de conquista do sonho americano. Para essa continuação, Sandler dedica os minutos iniciais para uma bem divertida decadência do jogador.>
Milionário, ele agora tem cinco filhos, quatro rapazes e uma caçula adolescente. O mundo perfeito de todos acaba com a morte da mulher de Gilmore, num acidente provocado por ele e carregado com o humor pesado e sem freio que Sandler gosta muito de fazer.>
Ele desiste do golfe, perde todo o dinheiro e cai na bebida. Vê seus garotos ganhando alguns trocados em empregos medíocres e segue morando com a menina, que tem sonhos de se tornar uma bailarina. Ela tem um talento nato que provoca o convite para estudar por quatro anos no Balé de Paris.>
Os custos dessa educação somam US$ 300 mil, e o relutante Gilmore vai precisar voltar ao golfe para tentar ganhar o dinheiro que sustente as ambições da garota. E o filme vai acompanhar o herói sendo ridicularizado como um veterano decadente e sem chances.>
Resumindo dessa maneira, o filme poderia ser muito bom. Mas há problemas. Aquilo que era extremamente engraçado há 29 anos não funciona necessariamente hoje. Sandler foi preguiçoso e repetiu o filme original.>
Repetiu literalmente. Ele chega a reproduzir algumas cenas, o que é um tiro no pé. Quem conhece o primeiro filme vai perceber que a continuação é só uma versão piorada. E quem não conhece não vai ter as referências para entender essa suposta brincadeira de espelhar os dois filmes. Não satisfeito, a edição é recheada de curtos flashbacks com cenas do primeiro filme, alguns sem a menor contextualização.>
Novamente ele usa um recurso recorrente em sua carreira, iniciado justamente em "Um Maluco no Golfe": a inclusão de muitos convidados especiais fazendo pequenas pontas. Além de inúmeros golfistas profissionais, desconhecidos no Brasil, ele arruma espaço para vários influencers americanos, estrelas da luta livre e astros como Ben Stiller, Margaret Qualley, Post Malone, Eminem, Bad Bunny e muitos outros.>
Ainda sobre o elenco, Sandler não quis ficar longe da família durante as filmagens. Vienna, a caçula de Gilmore, é interpretada por sua filha, Sadie Sandler, que parece ter talento. E quem faz a professora de balé da menina é Jackie Sandler, mulher do astro.>
Os equívocos da produção seriam perdoáveis se o humor funcionasse bem nessa escalada de Gilmore de volta ao topo. E é aí que o roteiro não resolve muita coisa. O clima um tanto sombrio da decadência do golfista persiste durante quase todo o tempo. Há uma grande insistência em provocar risos com as reações intempestivas do protagonista, e isso cansa. O público certamente gostaria de um Sandler mais debochado e marrento, como o Gilmore de 1996.>
Esta sequência será um sucesso, claro. Mas apenas pela grife Adam Sandler.>
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