Com Brasil fora da seleção oficial, festival de Cannes inicia sua 75ª edição

País estará representado em Cannes Classics, com o restauro em 4K de 'Deus e o Diabo na Terra do Sol', de Glauber Rocha

Cena de 'Deus e o Diabo na Terra do Sol', de Glauber Rocha

Cena de 'Deus e o Diabo na Terra do Sol', de Glauber Rocha. Crédito: Versátil Home Video

Todo ano é a mesma coisa. Cannes estende o tapete vermelho para o que há de mais representativo na produção mundial e seu júri, neste ano presidido pelo ator Vincent Lindon, outorga a Palma de Ouro. Todo ano, mas alguns são especiais. Em 2022, a data é redonda. É o 75º Festival Internacional do Filme e os dois últimos anos foram difíceis por conta da pandemia. Cannes anuncia um grande festival presencial, mas os protocolos de segurança ainda terão de ser seguidos.

O Brasil ficou fora da seleção oficial, que compreende os filmes da competição e os da mostra Un Certain Regard. Estará em Cannes Classics, com o restauro, em 4K, de um dos marcos do Cinema Novo - Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Para espantar a covid-19, Cannes abre-se, nesta terça, 17, sob o signo do humor. Michel Hazanavicius, que já foi premiado no festival com O Artista - e o filme venceu depois o Oscar - retorna aos bastidores do cinema. Uma equipe francesa, que inclui Romain Duris e Bérénice Bejo, refaz o filme japonês de zumbis de 2017, One Cut of the Dead.

O cinéfilo que acompanha Cannes à distância idealiza o festival como um grande encontro para exibir filmes autorais. É meia-verdade. Cannes segue prestigiando os grandes diretores. David Cronenberg (Crimes of the Future), Hirokazu Kore-eda (Broker) e os assíduos Irmãos Dardenne (Tori et Lokita) estão na disputa pela Palma de 2022. Mas Cannes quer também atrair o público. Astros e estrelas passarão pelo tapete vermelho, para a tradicional montée des marches. Hollywood na Croisette - Tom Cruise será homenageado na sessão especial de Top Gun 2 - Maverick, antes que o filme ganhe as telas de todo o mundo. Dois destacados atores negros também serão honrados - Forest Whitaker, com uma Palma de carreira, e Viola Davis com o Kering’s Women in Motion Award.

A lista de selecionados promete, com - além dos já citados - James Gray (Armageddon Time), Park Chan-wook (Decisions To Leave), Arnaud Desplechin (Frère et Soeur), Mario Martone (Nostalgia), Kirill Serebrennikov (Tchaikowski’s Wife), Christian Munghiu (R.M.N.), Jerzy Skolimowski (Hi-Han), Ruben Östlund (Triangle of Sadness) e as mulheres, Kelly Reichardt (Showing-Up), Claire Denis (The Stars at Noon). O festival encerra-se no sábado, 28, com a premiação. No domingo, 29, passam de novo todos os filmes. Fora de concurso, um dos mais aguardados é Elvis, de Baz Luhrmann, sobre a relação do rei do rock com seu agente, o lendário Coronel Parker, interpretado por Tom Hanks.

Nem tudo será festa e o festival tomará partido na questão da guerra em curso na Ucrânia. Em 2016, o cineasta lituano Mantas Kvedaravicius já havia apresentado em Cannes Mariupolis, sobre a guerra de 2014. Em abril passado, ele filmava com a companheira em Mariupol quando foi capturado e morto pelos russos. Hanna Bilobrova reuniu o material e, com a ajuda do montador de Mantas, Dounia Sichov, conseguiu concluir Mariupolis 2, que foi incluído de última hora na programação e terá direito a projeção, seguida de debate.

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