Caio Blat aprendeu muito com seus diretores e faz uma estreia sólida

Primeiro longa de Caio Blat, com Paulo Betti e Débora Bloch, se passa em redação de TV e destaca o importante papel da imprensa na democracia

  • Luiz Carlos Merten, especial para o Estadão
Primeiro longa de Caio Blat, com Paulo Betti e Débora Bloch

Primeiro longa de Caio Blat, com Paulo Betti e Débora Bloch. Crédito: Fotoarena/Folhapress

O primeiro longa Caio Blat não esquece. Bem antes de Luiz Fernando Carvalho gritar "Ação!" no set de Lavoura Arcaica, que adaptou do romance de Raduan Nassar, ele já estava fisgado pelo cinema. "Tivemos uma preparação longa e o Luiz é muito meticuloso. Eu olhava, observava, e dizia para mim mesmo que era o que queria fazer."

Passados mais de 20 anos - Lavoura é de 2001 -, Caio está lançando seu primeiro longa nos cinemas, O Debate. Não vacila quando o repórter pergunta o que mais retém da experiência. "Dirigir exige muito preparo, todas as etapas são importantes, mas meu maior prazer é o trabalho com os atores."

Paulo Betti e Débora Bloch. O filme conta a história desse casal de jornalistas, cuja ligação está por um fio. Em vez de contar linearmente, o roteiro escrito por Guel Arraes e Jorge Furtado - a partir da peça deles - seleciona cenas de um casamento que vão sendo encaixadas nos blocos que o próprio Caio Blat, como mediador, vai chamando no debate decisivo entre os presidenciáveis na disputa de 2022. Eles não são nomeados, mas você vai identificá-los. As características de ambos, destacadas nas discussões do casal, são mais do que evidentes.

O PAPEL DA IMPRENSA

O Ibope pode ou não pode, deve ou não deve ser divulgado? E na última cena - apurados 70% dos votos, quem está na frente?

Você tem de ver o filme. Vale a pena. Caio Blat faz uma estreia sólida. Aprendeu muito com seus diretores. Foram muitos, não dá para citar todos. Helvécio Ratton, Hector Babenco, José Eduardo Belmonte, Cláudio Assis, Júlia Rezende e um grande etc. Ele diz que chegava a ser chato nos sets, querendo dar sugestões. Tinha de fazer o próprio longa.

O interessante é que o trio criador de O Debate está junto em outro projeto, mas dessa vez Caio interpreta, Furtado e Guel escrevem e o segundo dirige. Uma transposição - transcriação? - de Grande Sertão: Veredas no meio das comunidades, com seus problemas de desigualdade, de polícia, de drogas e violência.

Quando Guel o chamou para o filme, Caio vacilou. Já havia Guimarães Rosa - esse Guimarães - no teatro, com Bia Lessa. "Achei que estaria me repetindo, mas o roteiro aponta para outra coisa." Essa outra coisa nós, o público, somente vamos descobrir em 2023. A partir desta quinta, em pleno processo eleitoral, o que interessa é O Debate.

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