Cláudia Gaigher escreve livro contando suas experiências no Pantanal

Jornalista ambiental, nascida em Cachoeiro e morando em Campo Grande/MS, quando se fala em Pantanal, todos esperam uma de suas reportagens na TV

A jornalista capixaba Cláudia Gaigher está terminando a produção do livro

A jornalista capixaba Cláudia Gaigher está terminando a produção do livro "Diário de Uma Repórter no Pantanal". Crédito: Cláudia Gaigher/Acervo pessoal

"Na minha primeira viagem, chacoalhando de carro pelas estradas e me surpreendendo com as descobertas, me apaixonei pelo Pantanal. Uma paixão colegial, daquelas que fazem o coração disparar quando o objeto de desejo se mostra diante de seus olhos".

Assim, mesclando poesia, crônica e contemplação, sem deixar de lado a sensibilidade e o olhar generoso em relação ao meio ambiente, a jornalista capixaba Claudia Gaigher descreve seu amor à primeira vista pela região pantaneira, no livro "Diário de Uma Repórter no Pantanal". A publicação, ainda em fase de produção, tem lançamento previsto para setembro, com desenvolvimento da organização Documenta Pantanal.

A repórter cachoeirense confessou para HZ que escrever sempre foi uma de suas paixões e se propôs a fazer uma espécie de "diário de bordo", mostrando os bastidores de suas reportagens.

"Pensei em dividir (o livro) em capítulos não cronológicos, priorizando o olhar em relação à região pantaneira", avalia, explicando como pretende organizar suas ideias na publicação, que, certamente, se transformará em um espaço para resguardar memórias afetivas.

"Será uma espécie de atestado de tudo o que aprendi nesses 23 anos morando no Mato Grosso do Sul, especialmente cobrindo temas relacionados ao Meio Ambiente e ao Desenvolvimento Social e Sustentável. Imagine uma capixaba, criada à beira da praia, com lembranças maravilhosas do litoral de Marataízes, pisando na imensidão do Pantanal? É um pouco dessas memórias que quero resgatar", assinala Gaigher, sem esconder o carinho que sente pelo projeto literário e pelo meio ambiente. 

"Sempre gostei de questões ambientais, tanto que minha primeira matéria profissional, na TV Cachoeiro, foi relacionada ao Rio Itapemirim", rememora.

Cláudia Gaigher durante a cobertura dos grandes incêndios do Pantanal em 2019

Cláudia Gaigher durante a cobertura dos grandes incêndios do Pantanal em 2019. Crédito: Saul Schramm Jr.

Por falar em gente da terra, Claudia começou a carreira na TV Cachoeiro - agora TV Gazeta Sul - no início dos anos 1990. Por seu talento e versatilidade, logo foi transferida para Vitória, a fim de trabalhar na TV Gazeta.

Em 1998, começou a atuar na Globo como repórter de rede (jornalistas que fazem, entre outros trabalhos, matérias para os principais programas da emissora, como o "JN", "Globo Repórter" e "Fantástico"). No mesmo ano, ganhou locação na TV Morena (filial da Globo em Campo Grande/MS).

"No livro, misturo a logística das matérias com minhas apurações. Normalmente, as pautas (dos repórteres) são muito mais de que contar histórias. Nossas apurações produzem conhecimentos que flertam com história, cultura e antropologia, por exemplo. Todas as tramas ressaltam um trabalho que amo fazer, voltado a temas ambientais e sociais", disseca.

RESGATE

Dizendo que não consegue mensurar quantas histórias serão contadas em sua obra (fazendo mistério e evitando soltar spoilers, claro!), Claudia Gaigher adianta que, entre os assuntos a serem abordados, resgatará a importância da Arara Azul para a região pantaneira, expedições científicas produzidas para atrações da Rede Globo, o bioma do Cerrado e os incêndios do local, especialmente os de grande proporção, em 2019.

Neste ano, o Pantanal foi atingido pela maior tragédia de sua história, com o fogo destruindo cerca de 4 milhões de hectares, ou 26% do bioma, em uma área maior que a Bélgica.

Fora o tema Pantanal, a obra trará, também, assuntos como sua cobertura ao terremoto do Haiti, em 2009. Por trabalhos tão relevantes, Cláudia foi laureada duas vezes com o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, sendo ainda vencedora do Prêmio Ethos de Jornalismo e finalista por três vezes do Prêmio Embratel.

"Haverá um capítulo em homenagem a Almir Sater, que se tornou amigo e mentor. Foi a primeira pessoa que conheci em Mato Grosso do Sul e peguei várias caronas em sua chalana (risos). Ainda conto um pouco dos oito anos que demorei para conseguir uma entrevista com o grande poeta Manoel de Barros. Manoel, Sater e Guimarães Rosa (meu autor preferido) foram minhas inspirações para lançar o livro".

Almir Sater, inclusive, fez um vídeo (postado no Instagram de Gaigher), detalhando a amizade entre os dois. 

NOVELA

Ainda falando em Almir, logo vem em mente o personagem Eugênio, chalaneiro responsável por levar os moradores e visitantes pelo rio, em "Pantanal", novela das nove da Rede Globo que está batendo recordes de audiência. Na primeira versão da história, exibida pela Rede Manchete, em 1990, Almir deu vida a Trindade, agora interpretado Gabriel Sater, seu filho.

Claudia Gaigher, inclusive, trabalhou como uma espécie de consultora da trama - pois conhece como ninguém a região pantaneira. "Antes mesmo de a Globo definir como seria a novela, fui contactada pela produção do Projac. O autor (Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, criador da história original) e Rogério Gomes (diretor da primeira fase da trama) precisavam conhecer melhor a região. Fizemos algumas viagens pela área. Minha relação com o núcleo da trama sempre foi muito forte, desde o início das gravações, tanto com a equipe técnica como com todo o elenco", detalha.

Cláudia nos bastidores das gravações de Pantanal ao lado de Jesuíta Barbosa e Alanis Guillen

Cláudia nos bastidores das gravações de Pantanal ao lado de Jesuíta Barbosa e Alanis Guillen. Crédito: Acervo pessoal

O carinho de Gaigher pela novela é tanto, que a jornalista está fazendo uma espécie de "diário de Pantanal" em seu Instagram. Além de ter produzido um "Globo Repórter" especial sobre a trama, Cláudia posta, diariamente, em suas redes os bastidores das gravações, fotos com o elenco e dá pitacos sobre a história.

"Me apaixonei por todos. Estou impressionada com a força do elenco. Alanis Guillen (que vive Juma), mesmo muito jovem, mostra um talento e um carisma que conquista todo mundo", derrete-se

CONSCIÊNCIA

Apoiadora dos projetos Documenta Pantanal e SOS Pantanal, Claudia Gaigher espera que "Diário de Uma Repórter no Pantanal" seja uma ferramenta a mais no desejo de aumentar a conscientização sobre a importância da preservação da região pantaneira.

"O olhar do brasileiro ficou mais apurado sobre a importância da preservação da região após os incêndios. Houve, também, uma cobrança e uma maior atenção das autoridades. Estamos lutando para que o Pantanal tenha uma legislação que normalize suas atividades econômicas, com foco voltado na conservação do bioma, como podemos ver nas leis voltadas para a Amazônia e a Mata Atlântica", defende.

"Há uma certa interdependência dos rios da região, que nascem no Cerrado e dependem das chuvas da Região Amazônica para se manterem vivos. Defendemos, com a aprovação desta legislação, uma comunicação entre os biomas e um ecoturismo e produção sustentáveis", aponta, dizendo que também pretende lançar "Diário de Uma Repórter" no Espírito Santo.

"Assim que a obra ficar pronta, faremos um tour por Rio, São Paulo, Campo Grande e Corumbá/MS. Com certeza, Vitória e Cachoeiro devem entrar na rota, em um segundo momento. Devo parte da minha formação profissional ao Espírito Santo, especialmente à TV Gazeta. Toda minha família mora no Estado e sou capixaba. A ligação continua muito forte e será para sempre", complementa.

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