Imigrantes destacam a força da cultura japonesa no Espírito Santo

Seja na culinária, idioma, artes ou mesmo com o belíssimo Bosque das Cerejeiras, em Pedra Azul, nipônicos mostram que suas tradições estão conectadas ao cotidiano dos capixabas

Publicado em 13/03/2022 às 09h01

A cultura oriental chegou de vez ao Espírito Santo, e com a força de um samurai! Seja nas barcas de Sushi e Sashimi, que conquistaram muitos paladares; nas artes marciais, com seus movimentos e filosofia; na cultura, com as danças e coreografias do consagrado gênero K-Pop; nas obras da natureza que podemos ter em casa, como os bonsais; ou mesmo em esculturas monumentais, como o Buda gigante localizado em Ibiraçu, que já virou cartão postal do ES, ela está bastante presente no cotidiano do capixaba.

Mas, uma pergunta paira no ar: como vivem os orientais que moram em nosso Estado? Um exemplo é a família Isan Kato, que reside há mais de 30 anos por aqui, conectando o Espírito Santo com o Japão por meio da culinária (que delícia!). 

"Temos um dos restaurantes japoneses mais tradicionais do Estado, sendo o mais antigo", ressalta Jorge Isamu Kato, proprietário de um estabelecimento em Vitória, aberto desde o final dos anos 1980, em entrevista ao "Em Movimento". Por lá, é de praxe saborear o "feijão com arroz" nipônico, a Sopa de Missô, feita à base de soja e que pode ser servida com ou sem arroz.

O Tempura e a Sopa de Missô são exemplos do sucesso da culinária japonesa no ES

O Tempura e a Sopa de Missô são exemplos do sucesso da culinária japonesa no ES. Crédito: Bernardo Bracony/TV Gazeta

O Tempura, prato clássico da culinária portuguesa e exportada para o Japão, que a popularizou, também faz sucesso entre os capixabas. A comida consiste em pedaços fritos de vegetais ou mariscos envoltos num polme fino. Brócolis, cenoura, batata e cebola acabam virando verdadeiras obras de arte, com pratos finamente decorados.

Além da comida, Jorge Kato leva outra expressão artística do país de origem para seu estabelecimento: os Origamis. A secular técnica de dobrar papel, criando representações de seres e objetos com dobras geométricas de uma folha, sem cortá-la ou colá-la, é uma das habilidades de Kato. 

Os Origamis são seculares técnicas de dobrar papel criada pelos japoneses

Os Origamis são seculares técnicas de dobrar papel criada pelos japoneses. Crédito: Bernardo Bracony/TV Gazeta

IMIGRAÇÃO

Muitos japoneses vieram para o Espírito Santo, na década de 1980, em busca de novas oportunidades, especialmente como tradutores de uma empresa siderúrgica que investiu em tecnologia do país localizado no Extremo Oriente.

"O japonês tem a tradição de que se tiver dez famílias, eles se juntam para formar uma comunidade", afirmou Nabuyuki Kashimoto, imigrante também entrevistado pela atração da TV Gazeta.

E quando a gente pensa na preservação da cultura nipônica no Espírito Santo, pensamos logo na Associação Nikkei de Vitória, localizada em Jardim da Penha, bairro nobre da capital. O espaço existe há 38 anos fazendo o trabalho de mobilização da comunidade do Japão no Estado, tendo como intuito preservar suas raiz e identidade.

"Em 1983, haviam cerca de 50, 60 famílias no Estado. Então nasceu a ideia de criar uma 'salinha' para ensinar o idioma japonês", complementa Kashimoto, explicando parte da história da entidade.

A arte da caligrafia japonesa, feita, quase sempre, com tinta preta e papel de arroz, também é conhecida por Shodō

A arte da caligrafia japonesa, feita, quase sempre, com tinta preta e papel de arroz, também é conhecida por Shodō. Crédito: Bernardo Bracony/TV Gazeta

Amanda Yuki Kato é professora do idioma estrangeiro na Associação Nikkei. "Lá em casa, é uma 'doideira'. Falamos em japonês e português e, às vezes, também misturamos as duas línguas", explica a mestre, que também se dedica à arte da caligrafia japonesa, feita, quase sempre, com tinta preta e papel de arroz, também conhecida por Shodō.

A beleza do Bosque das Cerejeiras, em Pedra Azul, é exemplo do fascínio que a cultura japonesa exerce sobre os capixabas

A beleza do Bosque das Cerejeiras, em Pedra Azul, é exemplo do fascínio que a cultura japonesa exerce sobre os capixabas. Crédito: Bernardo Bracony/TV Gazeta

Não podemos esquecer, é claro, do Bosque das Cerejeiras, em Pedra Azul (Domingos Martins), que atrai muitos turistas durante o inverno. Ele pode ser considerado um dos marcos do centenário da imigração japonesa no Brasil. As Sakuras, nome original das florezinhas de cerejeira, simbolizam o amor, felicidade, renovação e um belo recomeço. Banzai!

(Reportagem feita com informações da jornalista Luanna Esteves, do programa "Em Movimento")

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