Estagiário / [email protected]
Publicado em 21 de julho de 2022 às 17:09
Um episódio que resultou em uma acusação de racismo, que já está em investigação pela Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), gerou revolta em jogadores e torcedores que acompanharam uma partida de uma competição de futebol de base na manhã de quarta-feira (20), no Estádio Municipal de Barra de São Francisco, na Região Noroeste do Estado. >
No jogo disputado entre Athlos/Aert e Solvive, válido pela categoria sub-16 da Copa A Gazetinha, um jogador do Solvive se dirigiu a um atleta do Athlos, fez gestos em referência a um macaco e apontou para o adversário, de acordo com informações que constam em boletim de ocorrência registrado na 14ª Delegacia Regional de Barra de São Francisco. Ainda de acordo com o boletim, o fato foi reportado ao árbitro da partida e aos policiais militares presentes no local, mas a situação foi ignorada por ambos.>
Leonardo Pasolini, treinador da equipe do Athlos, conta que ao ter conhecimento do fato retirou sua equipe de campo. “A situação ocorreu após o gol do Solvive, e na comemoração o atleta deles fez os gestos em direção ao meu jogador. Quando soube da situação e da omissão da arbitragem, reuni meus atletas e deixamos a partida”, contou.>
Ainda de acordo com Pasolini, na saída do primeiro tempo houve um princípio de confusão entre os atletas e nem assim os responsáveis pela organização do jogo buscaram tomar conhecimento do caso. “Nem com reclamações dos jogadores e das arquibancadas eles deram atenção. O jogo iria seguir normalmente como se nada tivesse acontecido”, finalizou. >
>
Procurada pela Redação de A Gazeta, Nubia Alves, mãe do atleta que sofreu com o ocorrido se manifestou sobre o fato. "A organização do evento não foi falar com meu filho e nem sequer tentou contato comigo. Eu não estava com ele, mas sei que tanto o psicológico dele quanto dos colegas está muito abalado. Além do racismo em campo o time ainda foi eliminado com o resultado de uma partida que nem terminou de jogar", contou. >
"O pior é que não tenho expectativa nenhuma de punição ao jogador do Solvive. Se nem a polícia no momento do jogo fez alguma coisa, não acredito que vá fazer daqui para frente", finalizou. >
Em nova partida da competição, na manhã desta quinta feira (21), jogadores do Athlos/Aert e do Palestra se manifestaram contra o racismo ao se ajoelharem no gramado antes de a bola rolar. >
Atos de injúria racial têm penalidades previstas em lei. De acordo com o artigo 20 da lei 7.716, o ato de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional tem a punição de reclusão de um a três anos e multa. >
Na quinta-feira (21), o Solvive foi procurado pela reportagem de A Gazeta e o Coordenador da equipe, Marcos Ribas afirmou que aguardaria as provas sobre o ocorrido para que o clube se posicionasse. No entanto, na manhã desta sexta-feira (22), Ronaldo Celso, diretor da equipe, entrou em contato com a reportagem e se pronunciou sobre o fato. "Acho que a partida poderia continuar normalmente. Foi uma comemoração comum, daquelas que o jogador coloca a mão na orelha e provoca o rival pedindo para que 'fale mais'. Para mim, não houve esse suposto racismo", declarou.>
Na sequência, Ronaldo sinalizou que os clubes Athlos/Aert e Solvive têm uma disputa nos gramados da Grande Vitória, e nas últimas partidas a equipe do Solvive saiu vitoriosa, gerando insatisfação da equipe rival. "Parecia algo orquestrado, como se fosse combinado. Assim que o Solvive fez o gol e teve a comemoração, o atleta do Athlos gritou 'racismo' e toda a equipe deles se reuniu para deixar o campo", finalizou.>
De acordo com a Polícia Civil, o caso segue em investigação pela unidade onde o boletim de ocorrência foi registrado, e outras informações não serão divulgadas para preservar o prosseguimento do caso. Já a Polícia Militar informou que nenhuma ocorrência com essas características foi registrada. >
A organização da Copa A Gazetinha foi procurada pela reportagem para esclarecer informações sobre o ocorrido, mas não se manifestou. Entretanto enviou nota sobre o acontecimento ao Athlos/Aert, texto em que afirmou que a partida poderia continuar normalmente. >
"A Copa A Gazetinha repudia qualquer ato antiesportivo, seja de racismo, bullying ou manifestação de discriminação. Entende que é justo cada pessoa que se sentir ofendida a buscar a reparação. Mas, no referido fato, não houve relato de testemunha no campo, tanto por parte da equipe de arbitragem, nem torcedor e policiais militares presentes, o que resultaria (caso fosse constatado pela autoridade em campo) na expulsão do atleta que supostamente teria cometido o ato, não sendo, neste caso, necessário o abandono do jogo, uma vez que a segurança da partida estava garantida, com a presença de policiais militares no campo. Com isso, declaramos que houve abandono de campo, permanecendo o resultado da partida até o momento em que ela foi interrompida." >
Vale ressaltar que a Copa A Gazetinha, criada pelo jornalista José Antônio Nunes do Couto, o JANC, carrega o nome do veículo da Rede Gazeta desde 1976, quando era realizada pelo jornal A Gazeta. Entretanto, há muitos anos, a Rede Gazeta já não possui nenhum vínculo com a competição esportiva. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta