Publicado em 15 de agosto de 2024 às 07:28
Uma das grandes potências mundiais do xadrez, a Rússia foi abalada neste mês com uma tentativa de envenenamento no campeonato do Daguestão. Câmera de segurança da sala onde os duelos seriam disputados flagrou o momento em que a jogadora Amina Abakarova, 40, natural do Daguestão, parece jogar um líquido desconhecido nas peças que seriam usadas por uma adversária, Umaiganat Osmanova, 30, de Kaspiysk.>
O caso veio à tona porque, durante a disputa, no último dia 2, Osmanova começou a passar mal, apresentando tontura e problemas respiratórios, e precisou de atendimento médico. Ao examinar a filmagem, a organização percebeu a ação de Abakarova e chamou a polícia.>
Após análise, verificou-se que o produto era formado por compostos de mercúrio, que é tóxico. Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, a presença de mercúrio no corpo humano pode provocar danos ao sistema nervoso, rins e sistema cardiovascular, além do respiratório, gastrointestinal, hematológico, imunológico e reprodutivo.>
Por conta do episódio, o campeonato foi paralisado e só foi retomado dias depois, com a autorização dos órgãos de saúde da cidade de Makhachkala, onde foi realizado. Além de Osmanova, nenhuma outra jogadora teve reações.>
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Amina Abakarova foi presa e suspensa pela Federação Russa de Xadrez e pode ser até banida do esporte, segundo o presidente da entidade, Andrei Filatov, publicou no site oficial.>
"A Federação Russa de Xadrez suspende temporariamente a jogadora de xadrez do Daguestão Amina Abakarova da participação em todas as competições realizadas sob os auspícios da Federação Russa de Xadrez, enquanto se aguarda a conclusão das agências de aplicação da lei, com base nas quais será tomada uma decisão final, até desqualificação vitalícia", diz a nota.>
Sazhid Sazhidov, ministro dos esportes do Daguestão, divulgou uma declaração no aplicativo de mensagens Telegram dizendo-se perplexo pela decisão de Abakarova, que vem de Makhachkala e já venceu o torneio antes.>
"Como muitos, estou perplexo com o ocorrido, e os motivos que nortearam uma atleta tão experiente como Amina Abakarova também são incompreensíveis para mim. As ações que ela cometeu poderiam ter levado a um resultado mais triste; elas ameaçaram a vida de todos que estavam na sala de xadrez, inclusive ela mesma. Agora ela terá que responder pelo que fez perante a lei", diz ele, também destacando que a jogadora enfrenta o banimento após as investigações.>
Em uma entrevista ao jornal russo Izvestia após o ocorrido, Osmanova disse ter percebido "algumas bolinhas" rolando para fora de seu tabuleiro e pensou que se tratavam de enchimento de brinquedos antiestresse. Então, tocou nas bolas com o dedo. Como começaram a se desmanchar depois do toque, ela disse ter percebido que se tratava de uma substância tóxica e chamou a organização.>
"Eu me senti mal. Comecei a respirar profundamente e não conseguia ar suficiente, e sentia gosto de ferro na minha boca. Não conseguia entender o que estava acontecendo", disse ao Izvestia.>
Osmanova afirma que não deu um motivo para a rival fazer isso, mas disse acreditar que foi uma decisão impulsiva de caráter pessoal.>
A imprensa russa publicou informações que teriam sido passadas pela polícia informando que Abakarova confessou ter jogado o mercúrio de um termômetro na mesa da adversária, mas que não queria fazer mal a ela, apenas amedrontá-la, para tirá-la da competição. Ela teria justificado como "hostilidade pessoal", uma vez que Osmanova a havia derrotado uma semana antes na decisão do Torneio Rápido do Daguestão.>
Abakarova permanece detida durante as investigações. Se julgada culpada, pode pegar uma pena de até três anos de prisão. Osmanova se recuperou e voltou à competição, terminando na segunda colocação.>
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