Publicado em 24 de agosto de 2019 às 21:29
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse nesta sexta-feira (16) que a aprovação da reforma da Previdência, por si só, não garante o desbloqueio do orçamento da área, mas, para ele, há sinais que indicam uma possível retomada de gastos.>
Weintraub tem insistido na possibilidade de revisão dos contingenciamentos, mas assumiu que o remanejamento recente de R$ 926 milhões do orçamento da Educação para outras áreas representa, sim, um corte.>
Esse valor equivale a 16% do total bloqueado no MEC (Ministério da Educação) neste ano, que soma cerca de R$ 6 bilhões. Conforme o jornal Folha de S.Paulo revelou, o MEC perdeu quase um terço dos R$ 3 bilhões que a área econômica do governo Bolsonaro quer remanejar no orçamento federal para facilitar o pagamento de emendas parlamentares, negociadas para a aprovação da reforma da Previdência.>
"Isso não foi feito aqui. É um corte, esse que você descreveu é sim um corte", disse o ministro, após questionamento da reportagem. O ministro disse que os valores se referem a emendas parlamentares e que não tem relação com gastos de custeio. "São emendas parlamentes, para projetos específicos, aí foi um corte. Não foi um corte da minha caneta".>
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Um projeto de lei foi encaminhado pelo Executivo na semana passada para garantir recursos para o pagamento de emendas (verbas para projetos e ações indicadas por parlamentares) negociadas na votação em primeiro turno da reforma da Previdência. >
Os R$ 926 milhões faziam parte dos recursos congelados do MEC mas sobre os quais havia, segundo o argumento recorrente do governo, a promessa de liberação futura, caso houvesse melhora na economia. Entretanto, esses valores passam a ter outra destinação definitiva -o projeto ainda precisa ser aprovado pelo Congresso.>
Esse remanejamento atinge, na área da Educação, ações como o apoio à manutenção da educação infantil, concessão de bolsas na educação superior e básica e apoio ao funcionamento de instituições federais de ensino. Weintraub afirmou, entretanto, que o corte não terá impacto nas ações do MEC.>
O bloqueio total de recursos do MEC atinge ações que vão da educação infantil à pesquisa. Nas universidades federais, o bloqueio foi de R$ 2,2 bilhões, o que levou preocupação a reitores com relação à capacidade de arcar com todas as contas do ano.>
De acordo com Weintraub, há sinais econômicos positivos e que devem permitir o descongelamento de despesas. "Não estou falando em nome do governo que o descontingenciamento está vindo. Todos os sinais estão corroborando que o cenário é esse [de aumento de arrecadação e liberação de dinheiro] e a gente vai conseguir atravessar este ano", diz.>
As declarações ocorreram durante entrevista coletiva, em Brasília, para tratar de novas universidades portuguesas que passaram a aceitar o Enem para seleção de alunos.>
Em encontro com a Andifes (entidade que reúnes os reitores das universidades federais) nesta semana, o ministro indicou que as condições econômicas do governo permitirão um desbloqueio de recursos para as instituições em setembro. >
A conjuntura descrita pelo presidente Bolsonaro foi mais pessimista. Também nesta sexta, o presidente afirmou que o Brasil está sem dinheiro e que seu governo faz milagre para a sobrevivência do país. >
"O Brasil inteiro está sem dinheiro", disse. "Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Os ministros estão apavorados. Estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano. Não tem dinheiro e eu já sabia disso. Estamos fazendo milagre, conversando com a equipe econômica. A gente está vendo o que a gente pode fazer para sobreviver", afirmou no Palácio do Planalto após cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Juventude. >
A declaração foi feita em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) ficar sem recursos este ano. >
Na quinta (15), o CNPq anunciou a suspensão de aproximadamente 4,5 mil bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado que seriam distribuídas às universidades.>
Como mostrou jornal Folha de S.Paulo, o governo passa por uma compressão sem precedentes no Orçamento federal, ameaçando a paralisia de programas de ministérios nos próximos meses por falta de dinheiro.>
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