O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou em Vitória, neste sábado (24), que o avanço do Brasil com a reforma da Previdência está sendo neutralizado por um "passo gigantesco para trás" nas questões ambientais. O chefe do Executivo de São Paulo participa do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que reúne os sete governadores das duas regiões no Palácio Anchieta.
Em carta, os governadores prometeram ajuda aos Estados da Região Norte, com estrutura e recursos humanos. Contudo, Doria foi o mais duro ao falar da crise para a qual o Brasil foi sugado nos últimos dias. Para ele, "não é razoável neutralizar os avanços" obtidos com a mudança na Previdência.
"O Brasil teve uma conquista extraordinária, que foi a aprovação da Reforma da Previdência. E ao mesmo tempo um passo gigantesco para trás nas questões ambientais. Não é razoável neutralizar um debate e uma conclusão tão importante do Congresso", afirmou.
Ele disse ainda que todos os Estados do Sul e Sudeste dependem de investimentos estrangeiros. Por isso, mostrou preocupação com as possíveis sanções ao Brasil por conta da crise ambiental.
"Não é hora de fazer confrontos internacionais. É hora de dar dois passos para trás, ter humildade. O Brasil não é nação que, solitária, conseguirá crescimento", afirmou.
Em clara indireta ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), Doria afirmou que "não adianta misturar partidarismo, ideologia e ecologia".
AJUDA AOS GOVERNADORES DA AMAZÔNIA
Os governadores das regiões Sul e Sudeste prometeram ajuda aos Estados da Região Norte. Na Carta de Vitória, documento de intenções e pedidos elaborada pelos sete governadores do Cosud, eles prestaram solidariedade aos Estados que têm a Amazônia.
"Os governadores do Cosud manifestam também solidariedade aos colegas da Região Norte e confirmam que auxiliarão, se necessário, com estrutura, tecnologia e recursos humanos para contribuir no controle de queimadas na Região Amazônica", diz o documento.
O grupo também pediu diálogo do governo federal para debelar a crise. "O prejuízo é real. A imagem do Brasil fica arranhada, mexida. E isso é ruim para o comercial, ameaça o acordo Mercosul-União Europeia, ameaça as exportações brasileiras. É muito bom que a gente retome o diálogo e apresenta o que temos de positivo. Não podemos destacar e incentivar a destruição da biodiversidade", afirmou Renato Casagrande (PSB), como porta-voz dos governadores.
O tom da carta, contudo, é muito mais ameno do que o tom de João Doria. Outros governadores foram menos incisivos sobre a crise ambiental, como por exemplo Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro. Ele cobrou melhoria no diálogo do governo para que o país não sofra retaliações comerciais. Contudo, minimizou a proporção das queimadas recentes.
"O Brasil tem excelentes programas de proteção ambiental, de desenvolvimento sustentável. Talvez a comunicação precise ser um pouco mais clara e menos contundente, a fim de que o mundo entenda que nada mudou no Brasil. Estamos vivendo situação de queimada, já aconteceu outras vezes. Agora precisa ser enfrentada. Essa situação, se não contornada, evidentemente que os impactos em todo o Brasil podem surgir, em razão do comércio bilateral", disse.
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